O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, criticou nesta quinta-feira, 11, a medida provisória (MP) que obriga o órgão a autorizar vacinas contra a covid-19 em cinco dias. Segundo ele, a MP tira da Anvisa a capacidade de análise. Na quarta-feira 4, o Congresso Nacional aprovou um mecanismo que pressiona a autarquia. “Se está decidido que vamos conceder a autorização, então, não precisa de análise. Se é obrigatório o uso da concessão emergencial, por que tem de ter cinco dias? Não há coerência no cerne dessa medida. Ela amputa completamente a atividade de exame da Anvisa”, observou Barra Torres, em entrevista ao programa Opinião no Ar, da Rede TV!.
Segundo ele, o texto prevê que caberá à agência apenas chancelar os imunizantes com base no que decidiram órgãos estrangeiros. “Seríamos obrigados a dizer ‘sim’ para um produto que não conhecemos e não analisamos”, acrescentou Barra Torres. Além disso, a MP não tira da Anvisa a responsabilidade por quaisquer problemas futuros relacionados às vacinas. “Não é razoável. Não se sustenta”, disse, ao mencionar que espera um veto do presidente Jair Bolsonaro. “Os riscos passarão a pertencer ao campo da sorte e do azar. Nessa hipótese, deixaremos de lado a análise científica, jogando no lixo 22 anos de credibilidade que esta agência conquistou ao Brasil […] É um dano irreparável”, concluiu o diretor da Anvisa.
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