Vem perdendo força a narrativa defendida pelo establishment de que o isolamento radical é a melhor solução para conter o avanço da covid-19
Imagine uma guerra na qual todos as nações do mundo se unem para derrotar um inimigo comum, um adversário poderoso que está dominando o campo de batalha. Pense, agora, num grupo de soldados acuados que, depois de muitas baixas nas tropas e nos mantimentos, decide sair da trincheira em busca de recursos para os seus colegas feridos. Pois bem, isso acontece mais ou menos na chamada quarentena vertical (a população de risco se isola; os demais voltam a trabalhar), uma estratégia de guerra que vem sendo adotada por vários países do mundo no combate ao coronavírus.
Na terça-feira 24, o presidente da República, Jair Bolsonaro, fez um pronunciamento em que pediu o fim do isolamento radical. A fala, claro, tem a ver com a tática mencionada anteriormente. Segundo ele, a economia não pode parar em razão do avanço da covid-19. “O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem de continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias precisa ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade”, afirmou o presidente em rede nacional de televisão e rádio.
Imediatamente, o discurso deixou em polvorosa as redes sociais, que reagiram negativamente à fala do presidente, conforme noticiou Oeste. Autoridades, entre elas governadores, rechaçaram a possibilidade de reverter, por ora, a chamada quarentena horizontal (quando todos, inclusive a população fora de risco, ficam em casa). Entre os defensores dessa ideia está o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que aderiu fielmente à tese segundo a qual a covid-19 pode ser contida com um duro isolamento. As divergências provocaram um bate-boca entre Doria e Bolsonaro na quarta-feira 25.
Reação digital
Tudo parecia conspirar contra o presidente. Porém, levantamento feito por Oeste nas redes sociais mostrou que, alguns dias depois do pronunciamento de Bolsonaro, os ventos sopraram em favor dele. Na semana passada, entre as hashtags levantadas no Twitter por apoiadores do Planalto, uma com bastante engajamento foi “ImpeachmentDoDoria”, que ocupou os trending topics daquela rede social durante a quinta-feira 26 (um dia depois da discussão) e, também, na sexta-feira 27. Os engajamentos chegaram a 250 mil. No Facebook, as interações movimentaram as páginas de direita (uma delas colecionou 10 mil reações). No Google, o termo João Doria foi o oitavo mais pesquisado no Brasil.
No sábado 28, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pediu aos brasileiros que parem de assistir à televisão. A fala foi uma crítica a veículos de mídia que estariam criando um clima de pânico acerca do coronavírus. “Desliguem a televisão. Às vezes ela é tóxica demais. Há quantidade de informações e, às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque eles só vendem se a matéria for ruim”, afirmou o ministro numa entrevista coletiva, ao mencionar que o presidente Jair Bolsonaro está “100% certo” quando manifesta preocupação com a economia do país.
Monitoramento feito por Oeste detectou na noite de sábado uma tendência positiva à fala de Mandetta nas redes sociais. A temperatura esquentou na manhã de domingo, quando internautas lançaram a campanha “#DesligueATV”. A hashtag chegou aos trending topics do Twitter e lá permaneceu por 11 horas, com 84 mil interações — ocupou o primeiro lugar no período da tarde por cerca de 3 horas. No Instagram, as interações passaram de 1.000, com a predominância de vídeos da fala do ministro da Saúde e do presidente Jair Bolsonaro visitando localidades de Brasília.
O Facebook foi a rede social com menos movimento, apresentando interações apenas numa rede bolsonarista. Já no Google, nos últimos sete dias, a busca por “quarenta vertical” foi 3,2 vezes maior do que “quarentena horizontal”. Os estados que buscaram por essa informação são os menos afetados pela covid-19 até o momento, como Piauí, Alagoas e Sergipe. Ou seja, a mensagem do presidente Jair Bolsonaro está chegando não apenas no Sul ou no Sudeste, mas também no Norte e no Nordeste, regiões onde a esquerda brasileira, como o PT e seus satélites, dominam.
Oeste monitorou que, enquanto isso, nos veículos de comunicação da mídia tradicional prevaleceram informações acerca da quarenta horizontal e, claro, críticas a Bolsonaro.
Confira as reações
👏👏👏👏😎 @minsaude @lhmandetta sábias palavras 😊 #principalmenteredeesgoto#GloboLixo #FiqueEmCasa #curtaafamilia#desligueatv#JuntosSomosMaisFortes pic.twitter.com/6ExTiZYgsL
— Thays (@Thays79098846) March 29, 2020
É isso.#DesligueATv https://t.co/KtY9ZQUHia
— Eduardo (@Eduardo57970309) March 29, 2020
Guerra de narrativas
As reações descritas anteriormente, portanto, são um sinal de que, nas redes sociais, vem perdendo força a narrativa defendida pelo establishment: a quarentena horizontal é a melhor solução para conter o avanço da covid-19. Enquanto isso, a narrativa do presidente Bolsonaro em defesa da quarentena vertical ganha musculatura na internet e, também, a ação de políticos, como o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL). A revista noticiou na quinta-feira 26 que um plano estratégico será colocado em prática por ele para retomar a atividade produtiva do Estado.
Em sua primeira edição, Oeste informa que alguns países adotaram medidas menos restritivas para combater o avanço da covid-19 no mundo. A Coreia do Sul, por exemplo, já voltou a produzir. Taiwan tornou-se referência de manutenção da atividade econômica durante a pandemia. A Suécia testa um modelo que permite a reabertura de restaurantes e bares, desde que observadas certas regras. Mesmo a China, epicentro da pandemia de coronavírus, retomou vigorosamente a atividade fabril, sobretudo no setor automotivo. Há, portanto, exemplos que merecem atenção.
#revoltadosconfinados Menos Estado no nosso corpo,rs
Muito boa a matéria, clara e objetiva!
Agentes de Saúde e Caminhoneiros – HERÓIS NACIONAIS.
Excelente artigo. Preciso, claro, equilibrado e, na minha opinião, cientificamente orientado.
Boa matéria
Perfeito!! Só os encostados que não percebem, um dia perceberão, alguns raciocinam rápido ja outros o raciocínio é lento só no tranco a tal massa de manobra??♀️!
A sua interpretação da fala do ministro Mandetta está equivocada. Ele não apoia 100% a quarentena vertical, muito menos as atitudes do presidente. Entendo que solicita que desliguemos as TVs com o objetivo de nos pouparmos das notícias trágicas divulgadas pela mídia, preservando dessa maneira a nossa saúde mental.
Que hora ele falou que o jornalista falou que o Mandeta defendeu algum tipo de isolamento?
Vc é que está equivocado ao interpretar um texto claro e correto como esse da forma que lhe convém. Na dúvida, assista a entrevista completa do Mandeta, pois eu assisti.
Sou à favor da quarentena vertical. Temos que ir nos imunizando naturalmente já que ainda não existe vacina – ou vamos ficar em quarentena total Ad Aeternum?