Governo liberou o voto e o Centrão votou em peso a favor do adiamento das eleições municipais. Além do PL, só o PSC, que se reuniu na última semana com Bolsonaro, votou majoritariamente contra a proposta
Sem a orientação favorável ou contrária do governo, o Centrão mostra pouco alinhamento ao pensamento de parlamentares governistas. Na votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/20, que adia as eleições municipais, só o PL orientou voto contrário à matéria entre os partidos que compõem o Blocão.
O Centrão é composto por alguns dos maiores e mais influentes partidos de centro. São os casos do PL, PP, PSD, MDB, Republicanos, DEM, Solidariedade, PTB, PROS e Avante. Em votações na Câmara, os partidos e o governo orientam seus votos. O Executivo liberou o voto, de modo que cada um pudesse votar conforme sua consciência.
Mesmo com o voto liberado, o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), votou contrário ao adiamento das eleições. O mesmo voto dele foi seguido por outros 69 parlamentares. Desses, 35 do PL, o equivalente a 85,4% da bancada do partido na Câmara.
Alinhamento
Dos 41 deputados do PL, só dois votaram a favor do adiamento. Outros quatro não marcaram presença na sessão. O mesmo alinhamento da legenda ao voto pessoal de Vitor Hugo não foi acompanhado por lideranças e parlamentares de outros partidos.
Chama a atenção, sobretudo, os votos do Republicanos. Os 32 deputados do partido votaram a favor da PEC 18. O presidente nacional do partido, deputado Marcos Pereira (SP), vice-presidente da Câmara, comentou sobre o assunto em sessão de promulgação da matéria nesta quinta-feira, 2. “Nós estamos certos, agora, que fizemos a coisa certa”, disse.
Recursos
O que poucos admitem, entretanto, é que o Centrão votou em peso a favor do adiamento das eleições após um acordo costurado com o governo para a destinação de R$ 5 bilhões já aprovados a estados e municípios. Pereira, por sinal, conforme Oeste antecipou, tem um acordo fechado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ser seu candidato para as eleições da presidência da Casa, em 2021.
O PP, partido do líder do Blocão, Arthur Lira (AL), votou a favor da PEC 18. Do partido, entretanto, quatro deputados votaram contra o adiamento. Um deputado do PSD, partido do ministro das Comunicações, Fabio Faria, também votou pela rejeição da matéria. Do MDB e DEM, cinco acompanharam o voto contrário. Dois do PROS e um do PTB seguiram o voto.
Independentes
Fora do Centrão, o PSC foi o único partido a orientar voto contrário. Da bancada, composta por nove deputados, sete votaram contra o adiamento das eleições. O partido se reuniu na última semana com o presidente Jair Bolsonaro e se posiciona como mais um a integrar a base governista.