Um clima de euforia tomava conta do eleitorado brasileiro em 1989, na primeira eleição direta para presidente em quase três décadas. Naquele ano, o país contou com o recorde de 22 candidatos ao posto político mais cobiçado do país — hoje, em 2022, são 12 postulantes.
Depois da sequência dos presidentes do regime militar e da vitória de Tancredo Neves em eleição indireta em 1985, o brasileiro enfim estava liberado a votar, ainda em meio ao clamor do movimento “Diretas Já”, que agitou o país durante a década de 1980.
O principal desafio brasileiro naquele momento era a administração da economia, em tempos de inflação fora de controle e moeda desvalorizada. Alçado à Presidência depois da morte de Tancredo em 1985, antes mesmo da posse, José Sarney passaria ao sucessor um país repleto de problemas a resolver.
Rostos conhecidos da política brasileira então se perfilaram como alternativas para o eleitor. Entre os mais ilustres estavam o deputado federal Ulysses Guimarães (PMDB), responsável por conduzir os trabalhos da Assembleia Constituinte no ano anterior, e o ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola (PDT).
Também o ex-prefeito de São Paulo Mário Covas, do então recém-criado PSDB, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), egresso da luta sindical, despontavam entre os personagens mais conhecidos do eleitor. Nessa relação também estavam o ex-governador paulista Paulo Maluf (PDS) e Fernando Gabeira (PV), ex-integrante de movimento revolucionário durante o regime militar.
No entanto, o Brasil se habituou com uma série de novos nomes. Um deles virou folclórico graças ao ritmo enérgico com que se apresentava na propaganda eleitoral da TV, em apenas 15 segundos diários. Era o candidato do Prona, o cardiologista Enéas Carneiro, marcado pelo bordão “Meu nome é Enéas”.
Outro nome então pouco conhecido nos Estados de Sul e Sudeste acabou despontando para a liderança das pesquisas de intenção de voto logo no início da campanha. Ex-governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello (PRN) conseguiu chamar atenção de boa parte do eleitorado, principalmente usando a reputação de “Caçador de Marajás”, em referência ao combate a mordomias exageradas dentro do funcionalismo público alagoano.
Collor foi ao segundo turno como o mais bem votado na primeira etapa, realizada em 15 de novembro, com 30% dos votos. Lula venceu uma disputa acirrada com Brizola no flanco dos partidos de esquerda (17% a 16%) e passou para a fase decisiva. Semanas adiante, os candidatos finalistas de PRN e PT travaram um famoso duelo em debate da TV Globo, em que o petista acusou a emissora nos anos seguintes de favorecer o adversário da edição levada aos noticiários da casa.
Contando com o então senador mineiro Itamar Franco como vice, Collor venceu o segundo turno em 17 de dezembro, com pouco mais de 35 milhões de votos, ou 53%, e se tornou o 32º presidente brasileiro. Lula obteve 31 milhões de votos, com 47%.
Collor assumiu o poder em março de 1990, mas permaneceu no comando do país somente até dezembro de 1992, quando foi removido da Presidência por meio de um processo de impeachment, motivado por episódios de corrupção. Itamar Franco concluiu o mandato.
Silvio Santos tentou entrar no meio da disputa
O apresentador Silvio Santos chacoalhou o cenário político em 1989, ao entrar na disputa com a campanha já em andamento. Na oportunidade, o dono do SBT conseguiu um acordo para substituir Armando Corrêa como candidato do Partido Municipalista Brasileiro (PMB).
O impacto foi imediato, com Silvio Santos arrastando sua popularidade midiática para a disputa. O apresentador logo apareceu na frente de Collor nas pesquisas de intenção de voto. Mas a incursão política da estrela da TV acabou durando pouco.
Logo começaram a surgir pedidos de impugnação da candidatura de Silvio Santos, bem como demandas de cassação do partido do apresentador.
O responsável por tirar Silvio Santos do páreo foi Eduardo Cunha, futuro presidente da Câmara. O então jovem político carioca, ligado à campanha de Collor, descobriu uma falha burocrática que derrubou a candidatura, notando que o partido precisava ter feito convenções regionais em pelo menos nove Estados, enquanto o PMB havia feito em apenas quatro.
Silvio Santos, que naquele momento já vinha se comunicando com os eleitores por meio do horário gratuito de rádio e TV, então foi obrigado a deixar a disputa. O apresentador nunca voltou a tentar se candidatar a um cargo público.
Lista de candidatos na eleição de 1989
Affonso Camargo (PTB)
Afif Domingos (PL)
Antonio dos Santos Pedreira (PPB)
Armando Corrêa (PMB)
Aureliano Chaves (PFL)
Celso Brant (PMN)
Enéas Carneiro (Prona)
Eudes Mattar (PLP)
Fernando Collor (PRN)
Fernando Gabeira (PV)
Leonel Brizola (PDT)
Livia Maria Pio (PN)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Manoel de Oliveira Horta (PC do B)
Mário Covas (PSDB)
Marronzinho (PSP)
Paulo Gontijo (PP)
Paulo Maluf (PDS)
Roberto Freire (PCB)
Ronaldo Caiado (PSD)
Ulysses Guimarães (PMDB)
Zamir José Teixeira (PCN)
Leia também: Série Desafios do Brasil apresenta os dilemas e oportunidades do próximo governo nas áreas de Educação, Economia, Agro e Meio Ambiente, Justiça e Segurança Pública e Saúde.
Sarney fodeu e fode a parada até hoje.
Collor conseguiu livrar o país dos comunas que estavam como hienas a nos devorar, e abriu o Brasil para o mundo.
Itamar resgatou nossa credibilidade após Collor destruir
FHC o presidente que tem 80% de culpa por tudo de ruim implantado durante 2 décadas de esquerda radical.
Luladrão incompetente e corrupto, aparelhou todas as instituições com elementos de alta periculosidade .
Espaço pro nada, reservado a dilmanta. Estou sendo injusto: nos acordou do sono profundo.
Temer: enganador e corrupto.
Jair Messias Bolsonaro, o único pós JK que tem visão de mundo, competência, AUSTERIDADE com mal feitos.
O único que com competência, formou o seu EXÉRCITO particular, ao se unir ao seu povo.
Muito bom! Uma verdadeira volta no passado.