O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse no Fórum de Estratégias da Bradesco Asset Management, nesta terça-feira, 7, que o Brasil precisa fazer a “lição de casa” com a política fiscal.
Em sua declaração, Campos Neto disse que é preciso ter em vista o cenário externo com perspectivas de juros mais altos por mais tempo.
A fala aconteceu depois da divulgação da ata do Comitê de Políticas Monetárias (Copom), também nesta terça-feira. O documento destacou o crescimento da incerteza sobre a capacidade do governo de cumprir as metas fiscais estabelecidas.
“O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco”, mostra o relatório.
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Campos Neto disse a investidores que o Brasil, em comparação com outros países, tem feito um bom trabalho na parte fiscal. Entretanto, afirmou que apoia a iniciativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de cumprir com a meta estabelecida.
Campos Neto sinaliza que incerteza é “muito grande” para dar previsões mais claras sobre os juros
“A gente entende que 0,50 é um ritmo apropriado e que temos visibilidade suficiente para falar das duas próximas reuniões”, disse Campos Neto.
O presidente da autarquia, contudo, reforçou a importância da previsibilidade da meta fiscal. “Se o risco fiscal percebido do Brasil aumentar, isso afeta o prêmio de risco e pode afetar a avaliação do Copom, mas depende de muitas variáveis”, concluiu.
Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, encontro onde os integrantes discutem as alterações da Taxa Básica de Juros, a instituição disse que a diretoria prevê reduções equivalentes no futuro.
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Na ata, o primeiro e segundo artigo tratam de detalhes da conjuntura internacional, além de basear a decisão em realizar cortes pequenos e graduais.
“O ambiente externo mostra-se adverso, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas – art. 1º”, mostra a ata do Copom.
O comitê ressalta que “os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”. “O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes” – art. 2º”, conclui o texto.
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