O número de candidatos indígenas é o maior nas eleições do Brasil desde 2014, quando teve início a autodeclaração racial das candidaturas. Em 2022 vão ser 178 representantes concorrendo no pleito de outubro, sendo 58 para a Câmara dos Deputados.
Em 2014, no começo da autodeclaração, foram 84 indígenas registrados como candidatos. Quatro anos mais tarde, o número subiu para 134.
Um dos mais ilustres representantes indígenas nas eleições deste ano é o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), candidato ao Senado no Rio Grande do Sul.
O crescimento da participação de candidaturas indígenas já havia se verificado nas eleições municipais. Em 2016, o número de autodeclarados foi de 1.798. Adiante, em 2020, esse número subiu para 2.210.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 49% dos candidatos da eleição deste ano se autodeclararam brancos. Cerca de 36% disseram ser pardos e 14% pretos. Os indígenas são apenas 0,6% e os amarelos, 0,4%.
Obstáculos para a inclusão indígena
Na opinião do coordenador da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kléber Karipuna, o aumento de candidaturas indígenas deve ser comemorado. No entanto, o ativista diz entender que a autodeclaração pode abrir espaço para uma espécie de oportunismo racial.
“A gente tem conhecimento de cenários, de situações, de pessoas que se declaram, mas não têm esse pertencimento, essa atuação mais próxima, mais positiva. Não estou discutindo o mérito de ela ser ou não ser indígena, ter vínculo com o povo ou não ter, isso quem tem que dizer é o povo pelo qual esses candidatos se declaram, mas é o alerta que a gente traz”, afirmou Karipuna ao site da Câmara.
Primeira deputada indígena eleita, Joênia Wapichana (Rede-RR) diz que o aumento do interesse dos indígenas em se lançar nas eleições aprimora a defesa dos interesses desses povos. A parlamentar destaca que o número de candidatos poderia ser até maior, mas vê a falta de informação às comunidades sobre o processo político como um problema.
“Muitos indígenas na Amazônia vivem em meios rurais e muito longínquos que dependem de transporte fluvial, muitas vezes aéreo, muitas vezes não têm ainda sequer documentos, não têm um sistema de internet para informá-los sobre questões eleitorais, não têm urnas em suas comunidades, que muitas vezes se deslocam para sede de municípios, isso faz com que haja dificuldade em acesso à informação e até mesmo à participação nos direitos políticos”, disse a deputada.
…do espelho ao parasitismo…500 anos de História…