O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 nesta quarta-feira, 22, para se manifestar acerca de um processo movido por médicos ligados à empresa. A denúncia acusa a operadora de saúde de coagir os profissionais a aplicar o tratamento precoce para atender a interesses político-partidários.
Em comunicado, a Prevent nega qualquer irregularidade e garante não ter feito “experiência científica, mas uma compilação de dados de atendimento de pacientes entre 26 de março e 4 de abril de 2020”. Segundo a companhia, não houve fraude nesse processo, tampouco “envolvimento com políticos ou gabinetes paralelos”.
Na oitiva, Batista Junior rechaçou a acusação de que a Prevent teria promovido estudo clínico para banalizar a adoção do tratamento precoce.
Ocultação de mortes
A CPI da Covid investiga se a empresa ocultou a morte de pacientes em estudo realizado para testar a hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para o tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. O grupo de médicos que acusa a empresa de irregularidades apresentou aos senadores uma lista com supostas incorreções praticadas pela operadora de saúde.
No depoimento concedido nesta tarde, Batista Junior afastou a hipótese. Segundo o executivo, os óbitos ocorreram depois da elaboração do relatório da empresa sobre o uso do medicamento. Por isso, não puderam ser computados.
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“Reitero que o dossiê entregue a esta Casa é uma peça de horror produzida a partir de dados furtados de pacientes, sem qualquer autorização expressa — o que configura crime a ser investigado”, argumentou. “Esses dados precisaram ser manipulados para deturpar a real conduta de mais de 3 mil médicos e, desta maneira, ser usados para atacar uma empresa idônea.”
Segundo Batista Junior, dois ex-funcionários da Prevent foram responsáveis por manipular os dados. Esses profissionais não fazem mais parte da empresa.
Código de diagnóstico
O diretor-executivo da operadora de saúde confirmou a orientação para que os médicos modificassem o código de diagnóstico (CID) de pacientes que deram entrada com covid-19.
“Todos os pacientes com suspeita ou confirmados com a doença, na necessidade de isolamento, quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID de covid”, explicou. “E, após 14 dias, ou 21 dias para quem estava em UTI, se esses pacientes já tinham passado da data, o CID poderia ser modificado, porque não representavam mais risco à população do hospital.”
Anthony Wong
Segundo reportagem publicada ontem, terça-feira 21, pela revista Piauí, o pediatra e toxicologista Anthony Wong, defensor do tratamento precoce, foi internado em 17 de novembro de 2020 no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, após apresentar sintomas de covid-19 havia oito dias.
“Um exame de PCR feito no hospital confirmou a presença do Sars-CoV-2”, informa um trecho do documento do prontuário médico de Wong.
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A Piauí destacou que Wong autorizou ser medicado com o chamado “kit covid” da Prevent Senior. De acordo com a publicação, o médico recebeu outros tratamentos, como a inalação de “heparina e metotrexato venoso”. O pediatra ainda fez 20 sessões de ozonioterapia retal e tomou hidroxicloroquina.
Wong morreu em 15 de janeiro deste ano, e a revista alega que a Prevent omitiu seu atestado de óbito.
Regina Hang
O prontuário de Regina Hang, mãe de Luciano Hang, dono da empresa varejista Havan, mostra que a paciente também foi medicada com o “kit covid”, com “azitromicina, hidroxicloroquina e outras medicações”. Na ocasião, o Hospital Sancta Maggiore não informara à imprensa a causa da morte de Regina.
No quinto dia de internação, a paciente teria passado por sessão de ozonioterapia, permitida apenas em pesquisas experimentais autorizadas pela Comissão Nacional de Ética do Conselho Nacional de Saúde (Conep). Segundo a Conep, não havia autorização de pesquisa para a Prevent.
Regina morreu um mês depois de dar entrada no hospital, em 2 de fevereiro.
Conforme noticiou Oeste, Luciano Hang afirmou ter “total confiança” na Prevent Senior. Em nota publicada no Instagram, o empresário garante que não tentou esconder a causa da morte da mãe. “Deixei claro a causa de seu falecimento em várias manifestações públicas e nas redes sociais. Nunca foi segredo”, explicou.
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A Prevent ocultou mortes?
Nada poderia ser pior diante do morticínio hiper mega super astronomicamente inflado pelos governadores, deveria ter seguido a cartilha.
Ninguém será perdoado por não seguir o que não pode ser nomeado.