Fausto Pinato critica Eduardo Bolsonaro e cobra posicionamento do presidente

O deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) está incomodado com seu colega Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Aliado do governo, o congressista é presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e da Comissão de Agricultura da Câmara. Para ele, a polêmica levantada pelo filho do presidente Bolsonaro é inconveniente e pode trazer riscos ao país.

A Frente Parlamentar Brasil-China divulgou uma nota em que repudia o comentário feito por Eduardo no Twitter. Mas, à revista Oeste, Pinato elevou o tom. “Agora, é hora de a gente ver quem é o presidente da República. Se é o pai, ou o filho”, declarou. Para ele, é preciso que Bolsonaro vá a público desmentir ou desaprovar a declaração do filho. “Se não fizer isso, ou emitir posicionamento ao menos por nota, é porque ele concorda”, acrescentou.

Pelo Twitter, Eduardo endossou uma análise feita por Rodrigo da Silva, sócio-fundador do site Spotniks, que aponta o governo chinês como o causador e disseminador do coronavírus. Pinato classifica o posicionamento de inaceitável. “Barbeiragens diplomáticas podem fazer o governo perder um aliado importante”, criticou.

O presidente da bancada Brasil-China acompanhou Bolsonaro em viagem à China, em outubro passado. Na condição de aliado, espera que o presidente da República adote alguma postura. “Eu torço para o governo. Pessoalmente, vejo em Bolsonaro uma pessoa bem-intencionada, honesta, mas, infelizmente, algumas pessoas em sua volta, inclusive familiares, tomam atitudes que de certa forma prejudicam a política interna e a política externa”, ponderou.

Relação

A polêmica, analisa Pinato, compromete a relação comercial do país. “Sendo aliado e gostando do presidente, tenho obrigação como parlamentar de orientar, defender e fazer críticas construtivas, porque a gente quer que o governo dê certo, mas preciso da colaboração e da consciência do presidente da República”, avaliou.

O parlamentar prega sobriedade no momento e não acredita que a China possa aplicar sanções comerciais ao Brasil. “Os chineses são muito cautelosos. Mas a China se sentiu ofendida”, reconhece. Caso Pequim anuncie uma sanção, o impacto seria negativo em setores do agronegócio. “Nós podemos prejudicar setores de frigoríficos e grãos”, justificou.

Coronavírus

Caso os chineses se irritem verdadeiramente, Pinato antevê prejuízos para os investimentos, inclusive no combate ao coronavírus. “A China tem investimentos diversificados em diversos lugares do Brasil. Ela pode frear isso e, como o país está muito próximo de uma vacina para o coronavírus, podemos ficar para trás”, alertou.

O potencial prejuízo ao agronegócio também preocupa a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Em nota, o presidente da bancada ruralista, Alceu Moreira (MDB-RS), defende a manutenção das relações bilaterais entre Brasil e China no “mais alto nível”. Mas faz um apelo ao governo chinês. “Lembro que declarações isoladas não representam o sentimento da nação ou de qualquer setor”, destacou.