Recentes movimentos do ministro da Economia são bem recebidos por parlamentares. Equipe econômica sinaliza que não quer ficar de fora do debate da reforma tributária, mas prazo para sugestões é curto. Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), demonstra interesse em votar a matéria em agosto
O debate sobre a reforma tributária sofreu uma aceleração substancial no meio político. Inclusive, por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes. No Congresso, a leitura é que o chefe da equipe econômica notou que, ou apresenta algo agora ou as sugestões do governo ficarão de fora.
Desde 2019, Guedes defende a necessidade de uma reforma tributária. Contudo, mesmo após a aprovação da reforma da Previdência, nada foi apresentado até o momento. Há ideias, mas sem propostas concretas encaminhadas ao Congresso. A inércia irritou o Congresso, que defende conduzir o debate à revelia.
Oeste antecipou no sábado o incômodo sentido no Parlamento. A recente participação pública da equipe econômica no debate, entretanto, muda o cenário. Na segunda-feira, a assessora especial do Ministério da Economia para a reforma tributária, Vanessa Canado, participou de um debate promovido na segunda-feira, 22, pelo Congresso em Foco.
Movimentos
Não apenas Canado se envolveu no debate. Guedes também tomou a linha de frente e debate a agenda de reformas com o presidente Jair Bolsonaro. Os dois se reuniram na segunda, no Palácio do Planalto, mesmo dia que o ministro confirmou uma reunião com a bancada do Novo para a próxima segunda-feira, 29. Os recentes movimentos adotados pelo chefe da equipe econômica foram bem recebidos no Congresso, que, agora, acena com mais um “voto de confiança”.
O presidente da Frente Parlamentar Mista da Reforma Tributária, deputado Luis Miranda (DEM-DF), faz boa avaliação das recentes movimentações de Guedes. “Se formos analisar que [Guedes e técnicos] estavam parados, quase não se escutava mais nada do assunto e, logo depois de nos manifestarmos, eles agem, é óbvio imaginar que repercutiu”, analisa.
Prazo
A participação da equipe econômica no debate é salutar, entretanto, há prazo. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mostrou a vontade de pautar a reforma tributária em agosto. “Sabendo que o prazo está rodando, Guedes vai ter que correr atrás para apresentar algo”, alerta Miranda a Oeste.
O deputado não acredita, porém, que o governo apresentará uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Para Miranda, tampouco há tempo de se debater uma proposta exclusiva do Executivo. “Pode ser uma proposta que pode ser acatada pelo relator dentro da reforma tributária, mas não tem tempo de analisar e ganhar o carisma dos setores em uma PEC”, analisa Miranda.
O diálogo entre os Poderes é a única saída para que o Brasil avance.