Conservador, formado em Direito pela PUC-MG e coordenador do Movimento Direita Minas. É assim que Nikolas Ferreira, de 26 anos, se apresenta para os seus seguidores. Criado no bairro Cabana do Pai Tomás, periferia de Belo Horizonte, Nikolas defende o capitalismo como o único jeito de ascender socialmente. Durante sua trajetória acadêmica, enfrentou militantes de esquerda na sala de aula e na disputa pelo grêmio estudantil, a qual perdeu depois de ser vítima de uma fraude. “Os meus votos ‘sumiam’”, disse.
Defensor de uma política de segurança sólida, do livre mercado e contrário à agenda identitária de esquerda, Nikolas foi o segundo vereador mais votado da história da capital do Estado em 2020, com cerca de 30 mil votos. O empenho na militância de direita, contudo, vem de longa data. Em 2016, Ferreira participou de atos a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) e é simpático ao presidente Jair Bolsonaro desde que o chefe do Executivo ainda era um deputado federal.
Em entrevista à Revista Oeste, Nikolas criticou o uso de banheiros femininos por pessoas trans, discorreu sobre os desafios dos conservadores no Brasil e defendeu a ocupação de espaços pela direita, como universidades, para fazer frente à esquerda. “A direita quer tudo para ontem, mas se esquece que seus adversários obtiveram as hegemonias cultural e intelectual após anos de trabalho”, observou.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
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O senhor foi eleito vereador aos 24 anos, em 2020. Como é ser um político tão jovem?
Todos os dias são um desafio, porque estou em meio a lobos muito experientes. Uma das coisas que me dá força é o feedback que tenho da população. Os brasileiros de Belo Horizonte se sentem bem representados comigo na Câmara Municipal. Decidi ser vereador para mudar a política e o pensamento que se tem sobre ela. Nem todos os parlamentares são corruptos, por exemplo. Essa impressão se dá porque, durante muito tempo, nossa gente foi machucada por representantes mal-intencionados. Temos de mudar isso. Entrei para mostrar que é possível não se corromper em meio à matilha. Tenho certeza de que esse sentimento vai me acompanhar no futuro, visto que tenho pretensões de ocupar um assento no Congresso Nacional.
O senhor é adepto do conservadorismo. Quem são suas inspirações?
Diferentemente das ideologias extremistas de esquerda, o conservadorismo é um estilo de vida que conduz ao caminho da prudência, da sensatez e da paz. Sem dúvidas, os meus pais são a minha primeira inspiração. Já a base da minha vida intelectual sustenta-se nos filósofos Jordan Peterson, Roger Scruton, Russel Kirk e Olavo de Carvalho. Esse último, diferentemente do que as pessoas falam, não é um lunático. Quando alguém se dedica a compreender o pensamento de Olavo, passa a viver de um modo totalmente diferente, mais pacífico e ordeiro. Meus livros de cabeceira são dois: o Cristianismo Puro e Simples e Abolição do Homem, ambos do escritor C.S. Lewis.
Quais são as suas principais bandeiras e o que o senhor já fez por Belo Horizonte em dois anos de mandato?
A primeira delas é a defesa da família, isso inclui o enfrentamento das pautas “progressistas”, como a agenda radical LGBT+ e a ideologia de gênero nas escolas. Também luto por uma política sólida de segurança pública e defendo uma economia de livre mercado. O Brasil cansou de ter o Estado fungando no cangote das pessoas. Precisamos de mais competitividade, sem prejuízos para a iniciativa privada. Desde que assumi o cargo de vereador, apresentei 12 projetos de lei (PL) e me manifestei contra várias arbitrariedades do governo Alexandre Kalil (PSD) durante a pandemia de covid-19, como os isolamentos sociais radicais. Recentemente, a Câmara Municipal aprovou em primeiro turno o meu PL da proibição da linguagem neutra em Belo Horizonte. O dialeto não binário é uma aberração e não tem de fazer parte das nossas vidas.
Durante um discurso na Câmara Municipal, o senhor criticou o uso de banheiros femininos por “mulheres trans” (pessoas que nasceram do sexo masculino, mas que se sentem mulheres). Qual a sua avaliação sobre isso?
As pessoas têm o direito de se sentir como elas quiserem. Contudo, se o indivíduo possui um pênis, tem de usar o banheiro masculino, e vice-versa com as mulheres, porque também não faz sentido um homem trans (mulher biológica) usar o toalete onde há mictórios. Não diz respeito a uma questão de gênero, mas, sim, de anatomia. As pessoas precisam ficar atentas a esse problema e se levantar contra isso. Daqui a pouco, o Estado vai impor essa medida em igrejas e na iniciativa privada, algo que seria muito preocupante. Não é razoável um pai deixar a sua filha sozinha no banheiro na companhia de uma “mulher trans”. A loucura é tamanha que não duvido que, daqui a algum tempo, vão fazer banheiros para pessoas que se sentem um cachorro, pássaro, leão ou outro animal. Trata-se de uma imposição esdrúxula à sociedade.
O Ministério Público de Minas Gerais abriu uma investigação contra o senhor por supostamente “expor uma aluna trans” em um vídeo. Como essa história começou?
Estudante do Colégio Santa Maria, em BH, a minha irmã de 16 anos gravou um vídeo de um aluno travesti da mesma idade usando o banheiro das meninas. Segundo ela, o “trans” disse que poderia usar o toalete à vontade e, quem tentasse impedi-lo, responderia por “transfobia”. Ao me mostrar as imagens, contatei a escola, que disse haver “embasamento jurídico” para permitir que o “trans” usasse o banheiro. Decidi, então, ir às redes sociais, porém, em nenhum momento mostrei o rosto do aluno, tampouco a identidade dele. Depois disso, a vereadora Bella Gonçalves (Psol) acionou o Ministério Público de Minas Gerais contra mim. O interessante é que, em nenhum momento, a esquerda se importou com a segurança da minha irmã e das outras meninas que usam o banheiro. A questão é ampla e tem a ver com a segurança das mulheres nesses espaços.
Volta e meia o senhor é alvo de campanhas negativas da esquerda nas redes sociais. O que é a cultura do cancelamento?
Em síntese, a cultura do cancelamento é um linchamento virtual, desproporcional e covarde que pode descambar para a violência física. Começa nas redes sociais, mas pode parar na vida real. Militantes de esquerda já queimaram uma foto minha durante um protesto supostamente contra o racismo e a morte do congolês Moïse Kabamgabe. A esquerda faz o que ensina a Escola de Frankfurt: a crítica de tudo quanto existe. A tolerância, contudo, vale apenas para os que concordam com eles e pertencem a seu grupo. Por causa disso, hoje em dia, discordar do uso de banheiros femininos por trans torna você um “transfóbico”, bater de frente com o movimento negro faz de você um “racista” ou discordar das ideologias de esquerda, um “fascista”. A cultura do cancelamento é uma ameaça à liberdade de expressão.
Como o senhor vê a juventude brasileira?
A maioria dos jovens hoje é bombardeada diariamente com ideias de esquerda nas universidades, nas novelas, nos jornais e na cultura cinematográfica. Por todos os lados há propaganda “progressista”, como a agenda feminista, LGBT+ e ideologia de gênero. Felizmente, está crescendo uma resistência de jovens a esse movimento. Para que consigamos arrebanhar mais pessoas, temos de ter paciência. A direita quer tudo para ontem, no entanto, se esquece que seus adversários obtiveram as hegemonias cultural e intelectual após anos de trabalho árduo que envolveu a ocupação de espaços. Entre outras pessoas que lutam nessa trincheira está a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PL-SC), cuja atuação contra o feminismo tem sido espetacular. No campo da cultura, a produtora Brasil Paralelo fez filmes maravilhosos que desmentem muitas mentiras da esquerda. Precisamos fazer essas mudanças, entretanto, ter em mente que serão graduais.
Já é sabido que as universidades se tornaram redutos da esquerda para cooptar jovens. O que você fazer para mudar essa dinâmica?
O primeiro passo é buscar o conhecimento em livros que tratam sobre o conservadorismo e ir atrás de cursos e vídeos de pessoas alinhadas a ele, além de nos esforçarmos por uma classe intelectual diferente da que está aí. Depois, manifestar-se em sala de aula contra mentiras empacotadas como verdades. Outra coisa importante é conquistar um grêmio estudantil, como eu tentei fazer na PUC-MG. Posso constatar que é mais difícil que vencer uma eleição para vereador. Para se ter ideia, os militantes fraudaram a minha chapa para o grêmio retirando as cédulas em meu favor. As universidades se tornaram ambientes tóxicos. A direita tem de começar pela base. Não tem de pensar apenas nas eleições para vereador, prefeito, deputado, senador e presidente. Temos de nos posicionar nesses meios, ganhar conhecimento e, depois, quem quiser ingressar na vida política, se apresente e tenho certeza que estará preparado.
O senhor vem de uma família cristã. Como os cristãos são tratados no Brasil?
Estão sendo rotulados de tudo quanto é coisa negativa: genocida, fascista, homofóbico e machista. Ser tudo isso é bastante negativo. Não vai demorar para que isso se traduza em violência. Se as coisas continuarem desse jeito, os cristãos vão sumir, porque ninguém quer um fascista, um genocida e um racista na sociedade. Acredito que está ocorrendo uma despersonificação do cristianismo. Já ouvi muito a frase “cristão que vota em Bolsonaro nem gente é”. Sobre a religião, concordo que há muitas coisas para se aprimorar. Uma delas é alimentar o povo cristão no campo intelectual. Às vezes, não conseguimos nos conectar com outras pessoas da sociedade por falta de preparo. Precisamos de referências intelectuais que nos tornem capazes de dialogar com todos e ampliar a comunicação.
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Este jovem se continuar assim sera um grande Presidente da Republica Federativa do Brasil.
Este menino tem futuro, será Presidente da Republica!
A solução será que o(a) cidadão(ã) deverá sair de casa já cagado(a) e mijado(a), para não terem que usar esses banheiros públicos. Passem bem.
Ele tá certíssimo em tudo. A coisa hoje tá muito difícil. O pêndulo balança para os dois lados, não um só, como eles querem.
Ainda há esperança. Esse “menino” já demonstrou ser um político competente e sério. Certamente será eleito deputado federal por Minas Gerais com expressiva votação. Boa sorte e que Deus te abençoe, Nikolas.
Se a esquerda voltar ao poder, a direita estará mais distante de fazer parte da sociedade dita conservadora, fomos marginalizados, tudo que eles implantaram levará gerações para erradica-los, só com enfrentamento poderá por fim a essas aberrações que nos enfiaram goela a dentro.
Mantenha-se à DIREITA, não avance o SINAL VERMELHO. ÁLCOOL E ELEIÇÃO NÃO COMBINAM.
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