Alagoas, o penúltimo estado brasileiro em tamanho (só ganha do vizinho e ainda mais minúsculo Sergipe), conquistou faz tempo merecida fama turística por suas deslumbrantes praias. Mas, de costas para o mar, seu pequeno território sempre foi ocupado por disputas políticas tão quentes quanto o sol do litoral, parte simbólica do que se convencionou chamar nacionalmente de coronelismo.
Basta lembrar os dois primeiros presidentes do Brasil, os alagoanos marechais (antigo posto máximo no Exército) Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que levaram para a distante capital do país, Rio de Janeiro (mais de 2 mil quilômetros ao sul), uma rivalidade que não se esgotou nos quartéis. O primeiro proclamou a República e expulsou para a Europa Dom Pedro Segundo, governante imperial por cinco décadas. O segundo assumiu o cargo no meio de uma crise, palavra que acompanha a vida nacional desde as batalhas pelo controle das capitanias.
Pois agora Alagoas se defronta com um xadrez político. O governador Renan Filho (MDB) renunciou neste sábado, 2, último dia permitido pela legislação para a chamada desincompatibilização, que em termos práticos significa se livrar do que seria incompatível, ou seja, permanecer no cargo nos seis meses anteriores à eleição e se beneficiar das vantagens óbvias diante dos concorrentes. Ele vai se candidatar ao Senado em outubro. Se estivesse atrás de mais uma reeleição (legalmente inviável), poderia permanecer no conforto do palácio sede do governo, uma contradição da emenda constitucional aprovada sob encomenda para facilitar a permanência de Fernando Henrique Cardoso no Planalto em 1998.
As peças se movimentam no xadrez político alagoano. Normalmente, quando um governador (ou prefeito ou presidente da República, todos chefes do Poder Executivo) deixa seu lugar, por vontade própria ou por algum outro motivo — desde questão de saúde até impeachment –, quem assume é o vice, eleito na mesma chapa (já foi diferente; até 1960, última eleição presidencial direta antes da deposição de João Goulart, candidatos a presidente e a vice podiam se lançar isoladamente, tanto que Jango – apelido do presidente na época – se elegeu sucessivamente vice de Juscelino Kubitschek e de Jânio Quadros por legenda diferente).
O vice de Alagoas foi embora
Mas quem se elegeu vice-governador de Alagoas em 2018, junto com Renan Filho, foi Luciano Barbosa (MDB). E, em 2020, ele preferiu disputar, e ganhar, a Prefeitura de Arapiraca, a maior cidade do interior. Houve um atrito forte, Renan Filho e seu pai Renan Calheiros (MDB), senador, ex-governador, ex-ministro e ex-amigo de Fernando Collor de Mello, queriam que Luciano Barbosa continuasse como vice e ajudasse a manter o controle do estado na sucessão. Brigaram, mas se entenderam. Agora, a Assembleia Legislativa enfrentará a difícil missão de escolher, sozinha e sem povo, o novo comandante da administração pública.
Alagoas deveria ficar temporariamente com o presidente da Assembleia, Marcelo Victor, que trocou o Solidariedade pelo MDB. Mas ele achou melhor repetir a opção de 2018 e continuar deputado estadual. Então, o xadrez político alagoano destaca uma outra peça, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Klever Loureiro. Um juiz vai governar Alagoas por até 30 dias, sem ter passado pela urna eletrônica, sem ter feito campanha, sem ter conquistado um só voto. É a lei.
Se tudo der certo para o atual esquema de poder no estado, o roteiro já está traçado. O deputado Paulo Dantas (mais um MDB) se elege na Assembleia para esse mandato tampão até o fim do ano, concorre à reeleição, e sai consagrado das urnas para quatro anos completos de uma nova gestão. E Renan Filho conta com esse apoio em sua caminhada para o Senado.
Lula x Bolsonaro
Acontece que só há lugar para um nome de senador este ano. E aí o xadrez político alagoano se complica um pouco mais. Quem pretende continuar senador é Fernando Collor (Pros), ex-prefeito de Maceió no fim dos anos 1970, governador de Alagoas nos anos 1980, eleito presidente da República contra Lula em 1989, e defenestrado do poder entre o Natal e o Ano Novo de 1992, quando já se tinha convertido em símbolo do mal da corrupção, lugar que cedeu aos patrocinadores do mensalão e, depois, do petrolão.
O alagoano Renan pai ocupou lugar de honra à mesa de Collor desde a surpreendente ascensão ao Planalto. Sua esperança é voltar a presidir o Senado. Renan Filho foi aliado de Collor até a campanha de 2014, quando se elegeu governador pela primeira vez. Depois romperam. As peças se aproximam do xeque mate. A família Calheiros vai provavelmente com Lula, deixando de lado a pré-candidata do MDB, senadora Simone Tebet. E Collor vai provavelmente com o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Desse lado do tabuleiro, também joga Arthur Lira (PP), de olho em mais um mandato não apenas como deputado federal, mas também como presidente da Câmara.
Para completar, mais um detalhe. Em sua primeira eleição como governador de Alagoas, em 2014, Renan Filho derrotou no primeiro turno um senador, Benedito Lira, pai de Arthur Lira.
Não tem uma terceira via???
Minha nossa ! Que dilema de Alagoas. Será que não existem outros nomes para que sejam votados ? Esses cara precisam ser extirpados da Vida pública
O que realmente inacreditável é que Alagoas tenha 3 senadores, mesmo número de São Paulo
TRÊS DESGRAÇAS DE ESTADOS LESA-PÁTRIA NO BRASIL, QUE PRECISAM CRIAR VERGONHA NA CARA:
ALAGOAS, MARANHÃO E AMAPÁ.
ESSE ÚLTIMO TINHA QUE ESTAR SOB INTERVENÇÃO FEDERAL PERMANENTE.
Quem me dera se fossem apenas estes estado que precisassem aprender a votar !!!
Rio só elege lixo !!! São Paulo quase elegeu Boulos pra prefeito! Portos Alegre quase elegeu Manoela ! Belém elegeu um prefeito do PSOL, e o congresso tem 56 petistas ……
Todos desgovernadores e sonhadores devem sair, não valem a própria M
Pobre província. Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega, se cair para um lado, dá Canalheiros, se cair para outro lado dá Collor. Fosse eu, votaria nulo, não resolveria nada, porém pelo menos ficaria em paz com minha consciência.
Só falta combinar com os russos (no caso, os eleitores alagoanos) !!! Espero que a família Calhorda, ops, Calheiros seja derrotada. Já basta o Renan pai, comparsa do ex-presidiário petista, no Senado prejudicando o País.
Não amigo. Nulo não. Votar no Collor. Com a mão no nariz. Mas, no Collor. Calheiros não!!!. Facínora no DNA.