(J. R. Guzzo, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 24 de julho de 2024)
O programa econômico do presidente Lula, desde que começou seu terceiro período no cargo, consiste em três pontos-chave, e nenhum outro — é uma questão de “foco”, como se diz nas palestras de motivação. O primeiro é falar mal do presidente do Banco Central. O segundo é fazer discurso sobre a Petrobras e fabricar miragens contando que ela, e outros mausoléus do “investimento público”, vão acabar com os pobres no Brasil. O terceiro é ameaçar a população com mais imposto. Lula já disse que o país paga “pouco” imposto; até a manhã desta quarta-feira, 24 de julho de 2024, o Fisco já tinha arrancado mais de R$ 2 trilhões do bolso dos brasileiros, mas o presidente acha que ainda não está bom. Também perguntou se não seria o caso de trocar o debate sobre o corte dos gastos públicos por um debate sobre aumento de imposto. Voltou, agora, à sua ideia fixa. Declarou que o imposto sobre a herança é “uma mixaria” e por isso as pessoas não fazem as “doações” que, segundo ele, teriam a obrigação social de fazer – depois de pagarem imposto durante a vida inteira, terminando com o que pagam com o próprio caixão.
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Lula e a militância econômica do seu governo repetem o que vêm dizendo há 40 anos: que só querem cobrar mais imposto dos “ricos”, de maneira que todo mundo pode ficar sossegado. Na verdade, pelo catecismo do presidente e do PT-Psol, o povo deveria até se sentir feliz, pois o dinheiro que dizem tirar desses ricos vai para os “pobres”. É um conto do vigário em duas fases. Nunca existiu neste país um governo tão subalterno, subserviente e serviçal em relação às grandes fortunas do que os de Lula; ele é o herói nacional dos banqueiros que cobram juros de mais de 400% por ano no cartão de crédito, dos irmãos Batista, da Odebrecht e por aí afora. Por outro lado, os pobres nunca veem a cor dessa montanha de dinheiro que está rolando dia e noite para o cofre do governo. É simples: se imposto no Brasil fosse empregado para eliminar a pobreza, não haveria mais um único pobre do Oiapoque ao Chuí. O que há é o contrário — um país que está entre os maiores taxadores da produção e do trabalho no mundo, e onde a imensa maioria da população é pobre.
O que o governo Lula não entende sobre impostos
Imposto, no Brasil, só tem uma função efetiva: enriquecer o Estado. Serve para pagar salários mensais de R$ 100 mil, ou mais que isso, a juízes, desembargadores, procuradores e mais do mesmo. Paga o bem-estar de um Congresso Nacional que custa cerca de R$ 15 bilhões por ano. É flambado na construção e manutenção de palácios incompreensíveis para os gatos gordos da máquina pública em Brasília e pelo resto do país. Some nas viagens de paxá que o presidente faz com sua mulher ao redor do mundo. Some nas emendas parlamentares. Some nos labirintos de um orçamento federal de R$ 5,5 trilhões. Some no pagamento dos juros da dívida pública — o paraíso dos “rentistas”, como dizem os economistas de esquerda. É o que se pode esperar de um país onde o ministro da Fazenda é o “Taxadd” — e onde, segundo Lula, “gasto é vida”.