É o que se pergunta o jornalista JR Guzzo

Os “garantistas” de ontem estão cobrando que se passe por cima das leis para punir suspeitos de extremismo de direita. Essa é a tônica que o jornalista JR Guzzo imprime em artigo recentemente publicado no jornal O Estado de S. Paulo. Ele, que é colunista da Revista Oeste, indica que, por outro lado, autoridades parecem não se importar com o que é feito — e defendido — por manifestantes que se dizem “a favor da democracia”.
Leia o artigo de JR Guzzo
O Brasil não é, positivamente, um país para distraídos. A verdade que vale hoje pode não estar valendo nada amanhã – e se o sujeito não presta muita atenção nas mudanças súbitas que fazem o certo virar errado e o errado virar certo vai acabar andando fora do passo. Até outro dia, quando havia por aqui algo chamado Operação Lava Jato e os corruptos viviam no medo de acordar com o camburão da Polícia Federal na sua porta, era exigida das autoridades públicas, como se exige de um muçulmano diante de Alá, uma obediência cega, surda e muda ao “direito de defesa”. Hoje, quando a grande atração em cartaz é o combate ao que se considera ameaças à democracia, e quem está aflito com a PF são os suspeitos de extremismo de direita, o que se cobra da justiça é o contrário – vale passar por cima da lei e de seus detalhes incômodos para punir tudo o que possa ser descrito como “fascismo”.
Trocaram os polos da pilha – de negativo para positivo e vice-versa. O primeiro dos Dez Mandamentos, nos tempos de Java Jato, era: é preciso combater a corrupção, sim, mas desde que as leis sejam respeitadas em suas miudezas mais extremadas. O problema do Brasil, na época, não era o saque ao erário público e a punição dos ladrões; era a possibilidade de haver o mais delicado arranhão em qualquer direito dos acusados. Muito melhor deixar um culpado sem castigo do que correr o mínimo risco de punir alguém se não for cumprido tudo o que as milhões de leis em vigor no país oferecem em sua defesa. O primeiro mandamento, hoje, é o oposto: não se pode ficar com essa história de “cumprir a lei” ao pé da letra, pois “a democracia tem de estar acima de tudo”. Os direitos dos acusados não vêm mais ao caso.
Onde foram parar os “garantistas”? Você talvez ainda se lembre deles: eram os ministros do STF, advogados de corruptos milionários e toda uma multidão de juristas amadores que acusavam a Lava Jato de desrespeitar o direito de defesa, exigiam que suas decisões fossem anuladas e pediam punição para o juiz Sergio Moro e os procuradores da operação. O ministro Gilmar Mendes chamou a Lava Jato de “operação criminosa” e acusou a PF da prática de “pistolagem”. Também disse que “a República de Curitiba é uma ditadura de gente ordinária” e que a Lava Jato foi “uma época de trevas”. O presidente do STF, Antônio Toffoli, acusou a operação de “destruir empresas”. Seu colega Maro Aurélio de Mello disse não quer ser substituído por Moro quando se aposentar.
Temos agora, o episódio dessa moça que se descreve como “ativista” de direita e foi presa por um mínimo de cinco dias sob a acusação de atentar contra a Lei de Segurança Nacional. Sara xingou a mãe do ministro Alexandre de Moraes; disso não há dúvida. Mas desde quando xingar a mãe de ministro ameaça a segurança do Brasil, ou de qualquer país? O crime, aí, se a justiça assim o decidir, é o de injúria, previsto no artigo 140 do Código Penal. Não pode ser outro – e para ele a lei não prevê prisão temporária de cinco dias, nem de mais e nem de menos. Conclusão: extremistas de direita devem ter menos direitos que extremistas de esquerda, ou que delinquentes de outros tipos.
Da mesma forma, há muito escândalo porque o grupo de Sara foi soltar rojões na frente do STF. Mas ninguém achou que a segurança nacional foi ameaçada quando picharam de vermelho o prédio da ministra Carmen Lucia, dois anos atrás, em Belo Horizonte – ou quando manifestantes “a favor da democracia” e “contra o fascismo” jogam pedra na polícia, destroem propriedade e tocam fogo em bancas de jornal. O que se condena, no Brasil de hoje, não é o que foi feito. É quem faz.
Este artigo deve ter sido escrito para o Reinaldo Azevedo…do inicio ao fim do texto, lembrei dele.
O que descreve o jornalista, de maneira mais uma vez brilhante, é tão óbvio e escancarado que chego a ter vergonha alheia. Por isso tenho perguntado: o que temem suas Excelências?
Parabéns JR Guzzo. Imprensa conivente com Atos Autoritários, não quer ser IMPRENSA LIVRE..
A hipocrisia dos membros do STF é gritante!
Como conseguem encarar seus filhos e esposas? Ou suas consciências, se é que as tem.
Triste final de carreira para idosos que se deixaram arrastar pela vaidade e interesses de seus amos.
Vergonha mesmo!
Artigo muito bom. Verdade nua e crua.
Guzzo sempre brilhante, principalmente em mostrar em poucas palavras a alternância de “leis e princípios” conforme o assunto. cada vez mais triste ver a situação que estamos passando.
Certamente são dois pesos e duas medidas. Mas ao menos, as manifestações de ontem e o crescimento nas redes sociais fizeram cair por terra a falsa narrativa da queda de popularidade do presidente.
Acho que o Guzzo não demora ser “despedido” pela Folha de São Paulo, face à clara posição contrária aos interesses daquele jornal
Corrigindo, cometi um erro, não é a Folha, mas o Estadão. Retiro o comentário.
Retiro o comentário. Não é a Folha, mas o Estadão.
Guzzo não parece dever nada a ninguém Corre o risco de todo brasileiro atualmente:dizer o que vê. Isso é proibido Vc tem que dizer o que delinquentes totalitários dizem que há. É a piada,sempre lembrada pelo Olavão, do Groucho Marx: Vc vai acreditar em mim ou no que seus olhos vêem?
Terra de tupiniquim quem sabe o direito é rei, o resto é falácia e sofismo. Sem base esse inquérito, agora começa a investigar do jeito q quer, inaceitável!
E sinceramente, não deixaria pra políticos indicarem ministros de tribunais, pois não tem legitimidade já no ato de nomeação. Vejam a péssima atuação desses ministros do STF . Ruim de serviço.
Se é extremismo xingar ministrozinho do tribunal que não pode ser nomeado, o Brasil quase tudo é extremista