O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, subordinado à ministra Marina Silva, se recusou a responder se acha imoral ONGs financiadas com capital estrangeiro interferirem nas políticas públicas do Brasil.
“Essa pergunta foge do nosso trabalho, do ICMBio”, disse Pires, ao senador Hiran Gonçalves (PP-RR), que interpelou o funcionário, sobre a questão. “O servidor público tem suas convicções pessoais, mas que ficam de fora, quando ele assume um posto.”
Pires prestou depoimento, nesta terça-feira, 31, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs da Amazônia, no Senado.
ONGs interferem no ministério de Marina Silva
Ainda durante a oitiva, Pires admitiu a interferência de ONGs em decisões da pasta de Marina.
A nomeação do próprio Pires ao comando do ICMBio tem a digital do terceiro setor. Isso porque o Comitê de Buscas da pasta, responsável por indicá-lo ao cargo, é composto de pessoas ligadas a ONGs, entre elas, organizações que captam recursos do Fundo Amazônia, abastecido majoritariamente com dinheiro da Noruega e Alemanha.
Marina Silva é conselheira honorária do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e, ao mesmo tempo, titular do Comitê Orientador do Fundo, cuja atribuição é estabelecer as diretrizes e os critérios para a aplicação dos recursos do próprio Fundo.
O presidente do ICMBio confirmou uma fala do relator da CPI, Marcio Bittar (União Brasil-AC), que lembrou da forma como Pires chegou ao posto mais alto do órgão.
Comitê é composto de pessoas ligadas ao terceiro setor
Entre os nomes do Comitê do ministério estão Adriana Ramos, assessora política e de Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental, uma das ONGs na mira da CPI por supostamente explorar indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM). Os demais integrantes são:
- Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas da ONG Observatório do Clima;
- José Pedro Oliveira Costa, ex-secretário nacional de Biodiversidade e Florestas;
- José Carlos Carvalho, ex-ministro do Meio Ambiente;
- Maristela Bernardo, jornalista, socióloga e ambientalista;
- Claudio Maretti, ex-presidente do ICMBio.
Leia também: “A CPI que abriu a caixa-preta das ONGs da Amazônia”, reportagem publicada na Edição 188 da Revista Oeste