O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), foi afastado do comando do Estado. por suspeita de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. Ele e outras 12 pessoas são alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que encaminhou a denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Cameli recebeu a notícia nesta quinta-feira, 30, em Dubai. Ele participa da Conferência da ONU sobre clima, a COP 28, junto à comitiva do governo.
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De acordo com o Ministério Público, o esquema de corrupção encabeçado pelo governador começou em 2019. Desde então, ações ilícitas do grupo já causaram um rombo de quase R$ 11,7 milhões aos cofres públicos.
Cameli é o principal investigado da Operação Ptolomeu, da Polícia Federal. Segundo a PF, sua mulher e seus dois irmãos também integram o esquema fraudulento. Em nota, o político negou as acusações e disse “manter a confiança na Justiça”.
Processo penal
Na acusação de quase 200 páginas, a Procuradoria pede que o governador responda a processo por dispensa indevida de licitação, por 31 episódios de peculato, corrupção passiva, 46 ocorrências de lavagem, além de organização criminosa.
O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, pediu o afastamento do chefe do Executivo até o fim da instrução criminal. Esta fase do processo penal decide se o inquérito será arquivado ou submetido a julgamento.
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Santos também solicitou ao Tribunal de Justiça a condenação de forma proporcional à participação de cada um no esquema criminoso. Somadas, as penas dos envolvidos podem ultrapassar 40 anos de prisão.
A PGR solicitou ainda a perda da função pública de todos eles, além do pagamento de indenização proporcional ao prejuízo financeiro que causaram, conforme prevê o Código de Processo Penal. A decisão final caberá à ministra Nancy Andrighi, relatora do caso no STJ.
De acordo com as investigações, o grupo contratou de forma fraudulenta a empresa Murano Construções Ltda., que teria recebido R$ 18 milhões para tocar obras públicas de engenharia viária e edificação.
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A Murano e outras empresas subcontratadas teriam pago a Camele propina de R$ 6,1 milhões, por meio do pagamento de parcelas de um apartamento em São Paulo e de um carro de luxo. Um dos empreendimentos do esquema tem como sócio Gledson Cameli, irmão do governador.
Ao todo, a investigação encontrou oito contratos com ilegalidades, e a estimativa é que os prejuízos aos cofres públicos cheguem a R$ 150 milhões.