Um projeto-piloto que levou internet, capacitação de professores e computadores a 177 escolas no Brasil foi premiado pela WSIS 2024, Cúpula Mundial pela Sociedade da Informação, organizada pela União Internacional de Telecomunicações e outras agências da ONU. A premiação foi realizada em Genebra, na Suíça, e selecionou um vencedor por categoria.
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Numa primeira etapa, foram escolhidos 72 vencedores, em 18 categorias em áreas de promoção de tecnologia e desenvolvimento sustentável. O projeto-piloto brasileiro estava nessa lista. A Tanzânia ficou em primeiro lugar no ranking e o Brasil em segundo.
Apesar do reconhecimento, a iniciativa sofreu um desmonte pelo governo Lula no segundo semestre de 2023. Substituída por um modelo fragmentado, a nova abordagem prioriza a conexão para mais escolas, mas deixa a compra de computadores e a formação de professores a cargo de Estados e municípios.
Governo Lula muda o projeto
O projeto-piloto, financiado com R$ 32 milhões de recursos do leilão do 5G, foi implementado em dez cidades e beneficiou 30,7 mil alunos. As escolas incluídas na iniciativa vão receber manutenção dos equipamentos por três anos.
Contudo, a nova estratégia do governo Lula, lançada em setembro de 2023, visa a conectar 40 mil escolas em dois anos, mas deixa de financiar computadores e a formação de professores. A aquisição desses itens ficará a cargo das administrações estaduais e municipais.
Nova estratégia do governo
Para viabilizar a nova diretriz, o governo Lula criou a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Enec), com orçamento estimado em R$ 8,8 bilhões. Parte dos recursos seriam os R$ 3,1 bilhões destinados à conectividade das escolas públicas oriundos do leilão do 5G.
Segundo o MEC, a Enec integra “diversas iniciativas e atores” para fornecer internet de qualidade às escolas.
Fontes de recursos para compra de computadores
Durante a premiação em Genebra, Flávio Ferreira dos Santos, presidente da Entidade Administradora da Conectividade de Escolas (Eace), declarou em vídeo:
“Nosso projeto Aprender Conectado foi escolhido dentre os cinco projetos mais importantes do mundo para a inclusão digital de escolas públicas que necessitam desse apoio”.
Vicente Aquino, presidente do Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas (Gape) e conselheiro da Anatel, que patrocinou a viagem ao exterior, também comemorou: “Estou muito feliz. Queria dividir isso com todos os brasileiros e brasileiras e dedicar esse prêmio a todos os estudantes do ensino básico do Brasil”.
O UOL questionou o Ministério da Educação sobre a garantia de que as escolas terão conectividade e equipamentos simultaneamente. A pasta respondeu que está “melhorando a comunicação com as Secretarias de Educação municipais e estaduais, como forma de garantir uma melhor coordenação de ações”.
Se a coisa é boa, Brasília, a capital mundial da burrice, é contra.