Durante uma coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 15, o secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia, disse que os procedimentos de segurança na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, “não foram empregados como deveriam ser”.
A cadeia é um dos cinco presídios federais de segurança máxima do Brasil e registrou a fuga de dois criminosos na madrugada da quarta-feira 14. Como mostrou Oeste, trata-se da primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, inaugurado em 2006. Até a publicação desta reportagem, nenhum dos fugitivos havia sido recapturado.
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“Nenhuma das possibilidades estão descartadas: relaxamento, facilitação, seja lá o que a investigação indique”, disse o secretário. “Não posso adiantar nada porque seria uma mera ilação da minha parte na conjectura. Nestes momentos em que atuamos em uma situação dessa, que a podemos considerar como uma crise no sistema prisional, porque o fato é inusitado, é preciso ter muita prudência, muita capacidade de avaliação de informações e agir da forma correta e com energia. Eu posso adiantar apenas isso, é muito provável que os procedimentos de segurança não foram empregados da forma como deveriam ser.”
Conforme Garcia, as equipes policiais estão empenhadas “24 horas nas buscas” dos fugitivos. Além disso, segundo ele, uma investigação foi aberta para apurar como aconteceu fuga, inclusive se houve colaboração de agentes que trabalham no presídio.
Após lamentar a fuga no presídio em Mossoró, o secretário garantiu que o fato “não” iria se repetir novamente. Garcia viajou a Mossoró na quarta-feira a pedido do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
O Ministério da Justiça acionou a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para ajudar na recaptura dos dois detentos. “Estamos totalmente voltados e determinados para a recaptura”, continuou o secretário.
“Do ponto de vista da recaptura, as ações já estão sendo feitas”, destacou. “É óbvio que tem um perímetro, várias equipes e vários recursos que estão sendo empenhados 24 horas por dia neste recurso. Tecnologias, serviços de inteligência integrados, drones com equipamentos termais, helicópteros da PF, PRF, da Polícia Militar do RN.”
No entanto, Garcia evitou a detalhar como aconteceu a fuga dos criminosos, alegando que as gravações das câmeras de segurança ainda estão sendo periciadas. Ele explicou ainda que os agentes de segurança já adotaram uma “série de medidas” que ele “não pode” e “nem deve” divulgar.
Quem são os detentos que fugiram do presídio federal em Mossoró
Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, de 36 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 34 anos, também conhecido como “Tatu” ou “Deisinho”. Conforme o portal G1, ambos são do Acre e têm conexões com o Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na unidade.
Eles estavam no presídio federal de Mossoró desde 27 de setembro de 2023. Autoridades transferiram a dupla para o local depois de ela participar de uma rebelião no presídio Antônio Amaro Alves, no Acre. A rebelião aconteceu em julho de 2023.
A série de medidas tomadas pelo MJ no caso do presídio federal de Mossoró
Desde a fuga da dupla, o MJ tomou uma série de medidas para a recaptura, como: a determinação da abertura de inquérito na PF, auxílio da PF e da PRF nas buscas, revisão de protocolos de segurança nos cinco presídios federais e outras. A PF ainda usará drones para capturar os criminosos.
Além disso, Lewandowski determinou o afastamento da atual direção da penitenciária e nomeou o policial penal federal Carlos Luis Vieira Pires como diretor interino do presídio. O secretário, contudo, não quis confirmar o nome de Pires.