Pular para o conteúdo
publicidade
Foto: Zamurovic Brothers/Shutterstock
Edição 104

Carta ao Leitor — Edição 104

O fim da pandemia está entre os destaques desta edição

Redação Oeste
-

Entre 8 e 17 de março, quando o governador de São Paulo dispensou o uso de máscaras ao ar livre, a paisagem da maior metrópole do país ficou ainda mais intrigante. Nas ruas, a maioria dos moradores circulava sem a proteção facial. Mas todos eram obrigados a colocá-la ao entrar em locais fechados. Na manhã do dia 12, um sábado, os frequentadores da feira de antiguidades da Praça Benedito Calixto não sabiam se aquele era um lugar aberto ou fechado. A confusão foi provocada pelos toldos que cobrem parcialmente as barracas. Na dúvida, metade dos vendedores e clientes usava máscaras. A outra metade, não.

Nas escolas, as crianças podiam ficar de cara limpa no recreio e na aula de educação física, mas tinham de cobrir o rosto na sala de aula. Sem saber quais eram as normas em vigor nos refeitórios, a direção de muitos colégios optou por servir as refeições nas próprias carteiras. Por mais desesperador que pareça, muitas cidades ainda não retomaram as aulas presenciais. Milhões de crianças e adolescentes estão privados de estudo há dois anos.

Neste período, um ser humano governado por Doria que decidiu jantar fora “cobriu o rosto no interior do elevador e buscou de cara limpa algum táxi”, descreve a reportagem de capa desta edição, produzida em parceria por Augusto Nunes e Paula Leal.

“Recolocou a máscara ao alojar-se no banco traseiro. Tirou-a de novo ao caminhar entre o táxi e a porta do restaurante. Tornou a cobrir a face entre a porta e a mesa. Voltou a descobri-la depois de sentado. Repôs a máscara na ida ao banheiro.”

Nos bares, as coisas ficaram ainda mais esquisitas. Os clientes podiam circular sem máscaras, empunhando copos de bebida e fazendo escalas em rodas de conversa. Na ida ao banheiro, o acessório voltava a ser indispensável.

Mas nada beira tanto o ridículo quanto os aeroportos. Normas da Anvisa adotadas pela Anac desde o início da pandemia fazem com que os passageiros, depois de ser obrigados a respeitar a distância de 1 metro e meio na sala de espera e na fila de embarque, sentem-se colados dentro da aeronave.

Passou da hora de os governantes brasileiros reconhecerem que o pior acabou. Como Oeste repete desde outubro do ano passado, ou o Brasil aprende a conviver com o coronavírus — sem máscaras, sem isolamento, sem restrições e sem medo — ou a covid-19 acaba com o Brasil.

Nesta quinta-feira, 17, o governador João Doria afinal ouviu a voz da sensatez — depois de ter passado anos escutando apenas um certo “Centro de Contingência do Coronavírus”. Uma semana depois do frustrado show de marketing na cerimônia de liberação dos ambientes abertos, optou pela discrição no segundo ato. “Finalmente sem máscaras!”, avisou pelo Twitter. “Acabo de assinar decreto que libera imediatamente o uso de máscaras em locais fechados em SP.”

A notícia, embora tardia, é animadora. Lamentavelmente, vários Estados e dezenas de municípios continuam na contramão do caminho da liberdade. Chega! É urgente enxergar o fim da pandemia.

 

Boa leitura.

Branca Nunes
Diretora de Redação

Capa Edição 104 | Foto: Shutterstock
4 comentários
  1. Marcio Bambirra Santos
    Marcio Bambirra Santos

    Como sempre eu elogio a revista e parabenizo os autores, mas sempre me valho desse expediente dos comentários do Editorial, para expressar a admiração que tenho pela arte de escrever do JR Guzzo. Suas palavras compõem uma arte ora musical, ora visual, da expressão da sensatez, inteligência e coragem.

  2. Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva

    É sabido e surprendente constatar que o ridículo não tem limites. Que a passividade diante de arbitrariedades e prepotências também não. E que a ignorância é o pior dos males.
    VIVA À OESTE! sempre sinalizando o caminho.

  3. Roberto Fakir
    Roberto Fakir

    Ontem fui ao mercado(SP) e somente eu estava sem máscara no mercado inteiro, pois li que tinha sido liberado seu uso sem precisar pagar multa. Hoje fui novamente e eu e mais meia dúzia estavam sem máscaras. Uns 20% de máscaras olhavam para os sem mascaras com raiva e desprezo. Uns 30% de máscaras olhavam com cara de seriam os próximos a deixar as máscaras, mas metade das pessoas com máscaras mostravam MEDO de tira-las. Os inventores das máscaras foram piores do que o vírus. Talvez tenham matado muito mais gente que o próprio vírus.

  4. OSWALDO PEREIRA DE BRITO
    OSWALDO PEREIRA DE BRITO

    Atentem bem. Essa medida de usar ou não máscara em recinto aberto ou fechado, é pura balela. No dia 11 pp, fui ao estabelecimento comercial Mané aqui em Brasília, lotado no horário de 21.00h. Ninguém usava máscara. Distanciamento nenhum. Em São Paulo acredito, seja a mesma coisa. Aí, vem o TWITTER bloquear a conta do G Fiuza, por dizer a verdade. Demagogia pura e simples.

Anterior:
Jovem Guarda e um copo de Choco Milk
Próximo:
Os brasileiros que não existem
Newsletter

Seja o primeiro a saber sobre notícias, acontecimentos e eventos semanais no seu e-mail.