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Foto: Shutterstock
Edição 106

Os 200 mil do iFood e a ausência de Rodrigo Garcia

Com 5 mil funcionários, o plano da empresa, que detém 80% do mercado, é aumentar as entregas em domicílio em três frentes: supermercados, farmácias e pets

Bruno Meyer
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A comunicação entre as maiores empresas de aplicativos de mobilidade e delivery no Brasil com associações que representam os entregadores e motoristas, além dos próprios — chamados de “parceiros” —, aumentou vertiginosamente desde o anúncio da alta dos combustíveis, em 10 de março. O iFood passou a monitorar a reação de entregadores e uma possível debandada em certas regiões. O diálogo foi constante. Maior aplicativo de entrega de restaurantes e bares do Brasil, com cerca de 80% do mercado, o iFood foi uma das empresas que mais aplicaram reajustes. Os 200 mil entregadores espalhados por todos os Estados brasileiros terão um aumento no valor mínimo das rotas — de R$ 5,31 para R$ 6 — e de 50% no preço mínimo por quilometragem. Com os novos valores, a companhia diz que o salário de um entregador pode passar a valer R$ 3.500 bruto, se trabalhar oito horas por dia, cinco vezes por semana. “É claro que o valor de remuneração varia”, diz Claudia Storch, diretora de operações do iFood. “Depende muito da flexibilidade do entregador, da região, quanto ele está logado na plataforma e da demanda dos pedidos”. Além da remuneração, a companhia oferece um seguro para acidentes leves. O entregador que se machucar em serviço pode ficar em casa, e é remunerado. O seguro de vida existe desde 2009.  

Autonomia e flexibilidade 

O iFood mapeou recentemente o perfil dos seus 200 mil entregadores no Brasil. São, em grande parte, jovens de 25 a 35 anos, 90% homens. Mas eis o dado que mais chamou a atenção dos executivos da empresa brasileira: metade dos entregadores usa a plataforma como complemento de renda, uma atividade secundária. “É um trabalho diferente, faz parte da nova economia digital, que não segue os padrões de trabalho da CLT, criado há muitos anos”, diz Claudia. “O grande benefício que a maior parte dos entregadores valoriza são a flexibilidade e a autonomia. É poder fazer várias atividades, ter horários e dias flexíveis”. Mas há, sim, muitos que trabalham como atividade principal, com mais de oito horas diárias. 

Mercado, medicamentos e pets

Com 5 mil funcionários, com sede em Osasco (boa parte ainda em home office), o iFood ainda recruta e centra em profissionais ligados à área de tecnologia, para aprimorar o aplicativo — deixá-lo mais fluido e intuitivo. O plano da companhia, criada em 2011, é aumentar as entregas em domicílio em três frentes: supermercados, farmácias e pets

Velocidade dos apps

Não foi só o iFood. A velocidade com que os maiores aplicativos divulgaram medidas logo após a disparada dos combustíveis surpreendeu. A norte-americana Uber foi a primeira a reagir, dias depois do aumento de 18,7% da gasolina feito pela Petrobras. Anunciou um pacote de R$ 100 milhões com a promessa de benefício direto na ponta — o motorista. O passageiro da Uber foi atingido imediatamente: o reajuste foi de 6,5% nas viagens. A empresa norte-americana enfatizou a palavra “temporário” na alta das corridas. A brasileira 99, primeira startup nacional a se tornar unicórnio, quando passou a valer mais de US$ 1 bilhão, em janeiro de 2018, anunciou um pacote de bondades aos motoristas, sem — até o momento — atingir o cliente. A correria para a decisão de reajustes é uma só: evitar uma potencial bomba-relógio para essas empresas com a fuga de motoristas e entregadores para outras atividades mais atrativas. 

Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura | Foto: Alan Santos/PR

Quase lá

A ministra Tereza Cristina realmente foi um nome ventilado em Brasília para assumir o cargo de vice-presidente na reeleição de Jair Bolsonaro: é respeitada pelos pares, fez um bom trabalho no Ministério da Agricultura e… é mulher. Questionada sobre o assunto no programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan News, a ministra negou qualquer convite formal. “Seria uma honra”, disse. “Eu sou ministra do presidente Bolsonaro há três anos e meio. Se fosse uma coisa boa para ele e o Brasil, é claro que eu teria o maior prazer (em aceitar)“. A falta de convite se deve à percepção geral no Planalto de ela ainda ser pouco conhecida pelas massas. Um nome, enfim, muito sério e competente por quem entende do riscado, mas que não renderia votos para uma eleição presidencial.  

Ginásio dos empreendedores (1)

No sábado 2 de abril, João Adibe, dono da Cimed, reservou o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, para um evento que pode ser o maior de negócios, vendas e empreendedorismo do país. Ele projeta ocupar 7 mil lugares do espaço para um show de aulas sobre liderança, a partir do modelo de gestão que fez sua empresa saltar do 36º lugar para o terceiro no ranking de volume de vendas do segmento farmacêutico no país. Com duração de quase nove horas, o evento contará com um elenco de empreendedores e influenciadores, que falarão sobre táticas de vendas e gestão financeira, entre outros temas. À base interna, Adibe já garantiu: a Cimed tem 3 mil vendedores de várias regiões, e boa parte confirmou presença no evento. O resto dos ingressos foi posto à venda.

Thiago Nigro, influenciador digital | Foto: Divulgação

Ginásio dos empreendedores (2)

O último que usou o Ginásio do Ibirapuera para um evento similar foi o influenciador digital paulistano Thiago Nigro, também conhecido como O Primo Rico. Desde então, ele também se tornou uma máquina de fazer dinheiro. Em 2021, estima-se que ele tenha faturado R$ 180 milhões. Com livros, cursos e publicidade, amparado por 6,1 milhões de seguidores no Instagram e 5,6 milhões no YouTube, Nigro projeta faturar R$ 250 milhões em 2022.

Sem sinal

A movimentação em torno de uma provável desistência de João Doria de concorrer à Presidência da República, assunto que agitou a manhã de quinta-feira (31), pegou de surpresa os 180 convidados do jantar oferecido na noite anterior na casa do empresário Marcos Arbaitman, em São Paulo. “Ele não deu nenhum sinal de que iria desistir. Muito pelo contrário”, disse uma das figuras mais próximas do governador de São Paulo, presente ao jantar. Num discurso quase ininterrupto, e ao lado da anfitriã, Bete Arbaitman, Doria enalteceu a própria gestão à frente do governo de São Paulo. Uma das ausências que chamaram a atenção foi a de Rodrigo Garcia. Convidado para o evento, ele não apareceu.

A difícil arte de governar

“É importante que a gente desnude como é difícil governar, não é fácil governar”, disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em um vídeo exclusivo para quem esteve na pré-estreia do documentário O Presidente Improvável, de Belisário Franca, sobre os anos de FHC na Presidência. “É uma tarefa difícil, que exige dedicação, e que exige compreensão de como as pessoas são. Exige muita conversa, muito diálogo.” Os maiores patrocinadores da produção foram os bancos Safra, Itaú e BTG Pactual. Convidado para o evento, Rodrigo Garcia apareceu.

Meme que circulou no mercado financeiro | Foto: Reprodução

O morro tá tranquilo

Um meme circulou na mão do mercado financeiro, especialmente dos traders, há poucos dias:

“Ibovespa voltando pra 120 mil; dólar abaixo de R$ 4,90; DI caindo.

Investidor brasileiro: 

Tem parada errada aí, irmão.

O morro tá muito tranquilo”

É uma clara piada com a discrepância entre brasileiros e estrangeiros na B3: nos dois primeiros meses de 2022, foram resgatados mais de R$ 20 bilhões em fundos de ações, grande parte de investidores locais. Ao mesmo tempo, os estrangeiros colocaram quase R$ 90 bilhões até a terça-feira (29), sendo cerca de R$ 21 bilhões só em março. 

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Leia também “Agroadvogados, o incêndio da cerveja e Euphoria à brasileira”

1 comentário
  1. Fabio Augusto Boemer Barile
    Fabio Augusto Boemer Barile

    O que “está errado no morro” são os faria limers estarem dispostos a se ajoelharem para um eventual governo de uma quadrilha criminosa e acharem que suas vidas não serão afetadas, que tudo ficará bem.

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