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Edição 11

Carta ao Leitor — Edição 11

A violência dos antifas, o sonho americano e a inépcia das autoridades

Redação Oeste
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Há que ter respeito pelas palavras. Palavras têm poder. “No princípio era o verbo” — é assim que se inicia o mais belo dos Evangelhos, o Livro de João. “Logos”, em grego, significa “palavra“ mas também a “força harmônica que conduz o universo”. Quando termos como “holocausto” ou “genocídio” são utilizados de modo impreciso, populações que enfrentaram essas ignomínias protestam. Com razão. Palavras têm de ser usadas com reverência ao seu significado. Assim, é grave qualificar de “fascistas” os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. “Tudo no Estado, nada fora do Estado e nada contra o Estado”, lema fundador do fascismo, é um postulado até mais próximo do ideário da esquerda do que da direita hoje no poder.

Ao lançar o rótulo de fascistas sobre aqueles contra quem alega lutar, a versão brasileira da mais recente reedição do movimento Antifa ainda reivindica para si a condição de agente da virtude. Convém recorrer novamente à precisão do logos e assinalar que “aretê”, o termo a partir do qual se originou a palavra virtude, refere-se à condição conquistada a partir do esforço de ser justo, lúcido, racional e generoso — um conjunto de valores capaz de conferir harmonia à pólis grega. Em oposição a esses valores, os antifas cultivam o vírus da violência, como relata a editora Branca Nunes na reportagem de capa desta Edição 11 da Revista Oeste. O próprio punho cerrado em riste, símbolo de enfrentamento celebrizado nos anos 1960 pelo movimento guerrilheiro Panteras Negras, anuncia as intenções dos manifestantes. Numa análise macro, o colunista Augusto Nunes aponta como grandes manifestações são às vezes enganosas e frequentemente dão em nada. E o escritor Guilherme Fiuza expõe as contradições nos discursos dos que se autointitulam “defensores da democracia”.

As tensões relacionadas à pauta do preconceito racial nos Estados Unidos são o tema dos articulistas Bruno Garschagen e Selma Santa Cruz. Selma chama atenção para motivações não tão evidentes para a participação de uma quantidade expressiva de jovens brancos nos protestos. Para ela, trata-se de um sinal de desencanto de uma geração com o que vê como ruptura da promessa embutida no pacto americano, o compromisso social que sustentou até hoje o sistema: Work hard, play by the rules and you will be fine (“trabalhe duro, siga as regras e você ficará bem”).

Como se não fossem suficientes tantas inquietações, as autoridades contribuem para elevar o nível de ansiedade ao atuar com notável inépcia na gestão da pandemia de coronavírus. Sempre preciso, J. R. Guzzo escreve sobre as medidas atrapalhadas e sem fundamentos técnicos às quais os cidadãos têm sido obrigados a se submeter. E o economista americano Jeffrey Tucker deixa claro que a incompetência não se faz presente apenas no Brasil.

Boa leitura.

Os Editores.

 

4 comentários
  1. Nara Rosangela Rodrigues
    Nara Rosangela Rodrigues

    Excelente!

  2. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Gostei da edição da revista deste final de semana; nota 8,9. Tenho observado que as pessoas não sabem nem criticar, o que é muito prejudicial para quem deseja ter uma visão mais realista e profunda sobre o que está acontecendo no Brasil. Está difícil falar e conversar, pois estamos todos patrulhados de todas as maneiras. Muita coisa está sendo deixada de lado (comentários, ideias) porque pessoas de bem, honestas e patriotas estão ficando com medo de não serem entendidas e compreendidas. Desde o mês passado alguns amigos do facebook perguntam que nunca viram a imprensa, dita inteligente e que defende a transparência e a liberdade, não mostra a seus seguidores a ficha ou planilha que chega no Ministério da Saúde com os dados da Covid19. Como ela é preenchida e que dados são tabulados? Será que não está na hora de caprichar um pouco mais no preenchimento desse material para ter dados mais confiáveis e que poderão dar suporte para ações mais eficientes? Até que ponto a imprensa tipo Oeste poderia esclarecer o assunto? Vejam como foi importante o trabalho no RS em mapear as regiões do estado com dados mais substantivos, inteligíveis e transparentes, com bandeiras coloridas indicado a situação real para que sejam tomadas medidas de controle do vírus e ao mesmo tempo de abertura das empresas…

  3. Iramar Benigno Albert Júnior
    Iramar Benigno Albert Júnior

    A edição mais uma vez promete. Leitura excelente e me agrada muito ser assinante.

    1. Flávio José Cardozo Júnior
      Flávio José Cardozo Júnior

      Disse tudo, Iramar. Quando cheguei ao final do texto, estava exatamente com essa impressão.

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