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Foto: Shutterstock
Edição 116

Carta ao Leitor — Edição 116

A saga da Operação Lava Jato e a árvore envenenada do STF estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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Em março de 2014, ninguém se deu conta de que nascia naquele dia, num posto de gasolina de Brasília, a operação da Polícia Federal que, nos sete anos e nove meses seguintes, induziria milhões de brasileiros a imaginar que a lei valeria para todos. Quase diariamente, o país amanhecia com a notícia de que mais um político ou empreiteiro foram acordados às 6 horas da manhã com as temidas pancadas na porta de entrada.

Dezenas de empresários devolveram fortunas surrupiadas dos pagadores de impostos para escapar da prisão com acordos de delação premiada. Em novembro de 2015, um funcionário do segundo escalão da Petrobras, Pedro Barusco, entregou espontaneamente quase US$ 90 milhões. O balanço da Lava Jato é um cortejo de números assombroso: R$ 15 bilhões recuperados, 278 condenações e cerca de 1,5 mil mandados de busca e apreensão, fora o resto.

A ascensão e o desmanche da Lava Jato estão detalhados na reportagem escrita em parceria por Augusto Nunes e Silvio Navarro. O ocaso da operação foi acelerado com a libertação de Lula, em 8 de novembro de 2019, por decisão do Supremo Tribunal Federal. Amparados em malabarismos jurídicos, os ministros decidiram que criminosos só podem ser presos depois de julgado o último recurso encaminhado ao STF. 

A Suprema Corte também protagoniza a reportagem de capa desta edição, escrita por J.R. Guzzo. O texto constata que a grande árvore envenenada do STF foi plantada em março de 2019, quando Dias Toffoli abriu um inquérito para “investigar a existência de notícias falsas”. Corretamente, o então ministro Marco Aurélio Mello preferiu batizar o aleijão jurídico conduzido por Alexandre de Moraes de inquérito do fim do mundo. “Depois desse pecado original, nada do que sair dele é legal, nem tem qualquer valor jurídico”, observa Guzzo. “Não poderia haver inquérito nenhum; a partir dessa insensatez, o STF foi criando a prisão de um deputado federal no desfrute das suas imunidades como homem público eleito pelo povo; o ‘flagrante perpétuo’; as agressões à liberdade de expressão; a criação de presos políticos e de pelo menos um exilado.” As ilegalidades não param por aí.  

“Qualquer pessoa minimamente atenta e com um pingo de imparcialidade já se deu conta, a esta altura, do ativismo político do STF”, acrescenta Rodrigo Constantino, num artigo sobre o mesmo tema. “Alguns ministros nem tentam esconder seu desprezo ou seu ódio pelo atual presidente, e mobilizam uma escancarada perseguição aos seus apoiadores.” 

Em 13 de dezembro de 1968, no editorial com o título de “Instituições em frangalhos”, Julio de Mesquita Filho, diretor do Estadão, denunciou o sumiço de qualquer normalidade democrática num sistema de governo que naquele dia se transformaria em ditadura escancarada. Neste outono de 2022, é a Constituição que está em frangalhos.

 

Boa leitura.

 

Branca Nunes

Diretora de Redação

Alexandre de Moraes | Foto: STF/SCO

 

 

 

 

 

 

8 comentários
  1. FLAMARION LABA DA COSTA
    FLAMARION LABA DA COSTA

    Sou assinante novo da revista, Oeste. Parabéns a equipe que age com independÊncia e profissionalismo. Acompanho atentamente os programas da Jovem Pam, isto me motivou assinar a revista. Parabéns

  2. Marcio Bambirra Santos
    Marcio Bambirra Santos

    Cara Diretora de Redação! Como assinante de primeira hora dessa revista, sempre parabenizei os artigos de JR Guzzo, Augusto Nunes e demais membros jornalistas dessa equipe. Mas, de que adianta tamanha efusividade se não há resultado? De duas uma, ou vocês estão loucos pregando no deserto com uma turba de “fanáticos” que os seguem, ou as mensagens e a turba são tão insignificantes que não incomodam ninguém! Vou partir da segunda hipótese e, mais precisamente, carregando humildemente o fardo de eu estar na “turba insignificante”. Por que vocês não constroem estratégias de levar tais informações para a mídia mundial? Ou aos Canais diplomáticos de instituições similares? Ou ainda, às pessoas, brasileiros ou não, que tenham o interesse na geopolítica mundial cultural? Será que não vale a pena, como projeto de vida, ter uma visão em participar desse ponto de inflexão que vivemos, de forma mais incisiva?

    1. L. C. Baldu
      L. C. Baldu

      Concordo com a 2a. hipótese, mas alguém está falando, porém, nosso Congresso omisso, na pessoa de Pacheco, cujo sr deveria, ao menos tomar conhecimento não desse iluministro, mas de mais alguns, com vários pedidos de impeachment, em suas mãos, e nada faz…porque?

  3. Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacetda Nunes Da Silva

    Parabéns, Branca, pela Carta e pela revista a cada semana mais consolidada como a melhor do país.

  4. Eric Kuhne
    Eric Kuhne

    Pra tirar um 10, a Revista Oeste só precisa habilitar “likes” e “dislikes” para cada comentário de seus leitores. Eles merecem isso, pela qualidade dos comentários (à exceção dos 2 ou 3 esquerdopatas infiltrados aqui)

    1. JHONATAN PAIVA SURDINI VIEIRA NOGUEIRA
      JHONATAN PAIVA SURDINI VIEIRA NOGUEIRA

      boa, concordo totalmente! iria meu LIKE agora mesmo.

  5. Osmar Lanz Filho
    Osmar Lanz Filho

    A Oeste,a cada semana me faz lembrar do tempos áureos da Veja,trazendo a verdade dos fatos,de maneira dessasombrada e dando aos brasileiros éticos a esperança de,em algum momento,sairmos das trevas impostas por um tribunal que dia a dia se apequena e vai de maneira inexorável para o lixo da história.

  6. Paulo
    Paulo

    O STF ainda vai levar o Brasil a um rompimento, sem volta, da paz e da liberdade dos brasileiros, pois os que estão sendo desprezados e perseguidos, diuturnamente, vão acabar reagindo a essa injustiça implacável!

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