Antigo comandante do Exército Brasileiro, o General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas estreia nesta semana como o mais novo colunista de Oeste. Conhecido estudioso da cultura e da geopolítica da Amazônia, especializou-se nos assuntos da região que conheceu a fundo como comandante do 1º Batalhão de Infantaria de Selva, chefe do Estado-Maior e comandante militar da Amazônia. Diagnosticado em 2016 com esclerose lateral amiotrófica (ELA), permaneceu no comando do Exército, com apoio total da tropa, até passar para a reserva, em 2019. É fundador do Instituto General Villas Bôas, cujos pilares incluem a preocupação com grandes temas brasileiros, a soberania e o desenvolvimento nacionais e a qualidade de vida dos portadores de deficiência e doenças raras
O Brasil com e sem a Amazônia
Convidado a dissertar aqui sobre o Brasil, tenho o prazer de dar início a esta coluna, em que quero promover um rápido passeio pela Amazônia, em torno de seus problemas e das possíveis soluções, no qual se verifica uma realidade complexa, que, contudo, exige soluções simples, mas não simplistas, com visão multidisciplinar, concebidas com pragmatismo e aplicadas com forte dose de vontade política. Este “O Brasil com e sem a Amazônia” é o primeiro de uma série de textos sobre a temática: “Qual será o destino da Amazônia?”.
O objetivo é aumentarmos, assim, as possibilidades de que as páginas da história do Brasil, no capítulo referente à Amazônia, ao serem lidas pelas gerações futuras, despertem nelas os sentimentos de respeito e orgulho. Que as façam sentirem-se descendentes de quem soube ocupar, desenvolver e garantir-lhe a segurança, mantendo-a preservada e íntegra, fonte de riquezas, combustível permanente e inesgotável do desenvolvimento nacional, ao mesmo tempo capaz de assegurar-nos a condição de potência ecológica, exemplo para todo o mundo e que, sobretudo, seja capaz de proporcionar a seus habitantes condições para a realização de seus sonhos e aspirações.
“…se não te apercebes para integrar a Amazônia na tua civilização, ela,
mais cedo ou mais tarde, se distanciará, naturalmente, como
se desprega um mundo de uma nebulosa
— pela expansão centrífuga de seu próprio movimento.”
(Euclides da Cunha)
Euclides da Cunha, dez anos depois de voluntariamente dar baixa do Exército, foi nomeado pelo Barão do Rio Branco para chefiar a Comissão Brasileira de Limites com o Peru, que de abril a novembro de 1905 percorreu o Rio Purus. Essa atividade era ainda parte dos trabalhos por meio dos quais o Brasil buscava consolidar as fronteiras onde mais tarde seria criado o Estado do Acre.
Em meio às vicissitudes inerentes a um trabalho dessa natureza, mormente se considerarmos os recursos disponíveis à época, Euclides fez largo uso de seus apurados conhecimentos de ciências naturais, próprios da formação de cunho positivista que a Escola Militar da Praia Vermelha lhe havia proporcionado. Registrou com impressionante riqueza de detalhes o que encontrou, produzindo uma radiografia detalhada da região, no que se refere às características zoobotânicas, mineralógicas, topográficas, hidrográficas e humanas.
Todo esse material foi reunido e apresentado no livro Amazônia Paraíso Perdido (1), em que Euclides antecipou uma preocupação hoje ainda pertinente, a respeito de um possível desmembramento da Amazônia, caso ela não fosse articulada ao restante do país. Sugeria ele, dentre outras medidas, a construção de uma ferrovia que ligasse as cidades de Rio Branco a Cruzeiro de Sul, para romper o isolamento e conectar as Bacias do Purus e do Juruá, antecipando em quase um século o asfaltamento da BR-364.
As impressões de Euclides colhidas em sua jornada amazônica foram expressas também no prefácio do livro Amazônia Inferno Verde, escrito por seu companheiro de Escola Militar Alberto Rangel. Da compreensão de que aquele era um mundo ainda em formação, disse ele: “Realmente, a Amazônia é a última página ainda a escrever-se, do Gênesis”.
Parafraseando Euclides da Cunha, diríamos que, para o Brasil, a ocupação, a integração e a incorporação da Amazônia à dinâmica de desenvolvimento nacional constituem-se também numa página de nossa história ainda por ser escrita. Trata-se territorialmente da grande tarefa que a nação brasileira tem ainda por empreender, cabendo ao seu povo definir os parâmetros sob os quais essa empreitada será levada a cabo.
O momento em que vivemos é crucial, pois algumas das escolhas que necessitamos fazer acarretarão consequências possivelmente irreversíveis, legando às gerações futuras os benefícios ou os prejuízos delas decorrentes. Que modelo a sociedade brasileira pretende adotar para balizar o enfrentamento dessa jornada histórica?
É essencial que a nação brasileira se conscientize da grandeza desse desafio, tornando-se necessário que se busque visualizar o que, concretamente, a Amazônia representa para o Brasil e que papel no futuro lhe está destinado cumprir.
Identidade nacional
Geograficamente, a Amazônia corresponde a mais da metade do território brasileiro, e basta contemplarmos um mapa para entendermos que, sem ela, perderíamos as dimensões continentais, podendo até mesmo modificar traços importantes da identidade nacional e da autoestima dos brasileiros.
É essencial que a nação brasileira busque visualizar o que a Amazônia representa para o Brasil e que papel no futuro lhe está destinado cumprir
A consciência cívica nacional já atribui à Amazônia o caráter de um dos mais indiscutíveis símbolos da nossa soberania. Contudo, em pleno século 21, nosso país não completou sua expansão interna, tendo ainda metade de seu território aguardando por ser ocupado e integrado à dinâmica nacional brasileira. Não logramos consolidar a base física de nossa nacionalidade, tarefa essencial para a qual o Brasil permanentemente canaliza parcela considerável de suas energias. Provavelmente isso explique parte de nossas dificuldades para darmos um sentido de projeto unificador às aspirações nacionais e para a formulação e a integração de nossas concepções relativas à defesa, à ciência e tecnologia, ao desenvolvimento econômico e às relações exteriores, por exemplo.
Daí decorre também a indefinição de parâmetros para orientar a sociedade brasileira em como escrever o capítulo referente à Amazônia na história do Brasil. A ocupação seguirá sendo extensiva e empreendida livremente como consequência natural de fluxos migratórios ou será conduzida? Privilegiaremos a preservação do meio ambiente ou colocaremos o ser humano como centro e razão de ser dos processos? Seria possível obter o equilíbrio entre ambas as condutas? Os brasileiros de origem indígena serão protagonistas ou permanecerão à margem dos processos? Que prioridade terá a exploração dos recursos naturais? Prevalecerão os interesses nacionais ou permitiremos que posturas internacionalistas a eles se sobreponham?
Leia também “Uma primavera de girassóis”
Excelente abordagem da questão sobre a Amazônia brasileira feita pelo ilustre Gen Villas Bôas. Parabenizo sua inclusão ao time de colunistas da Revista Oeste. Ganham os leitores e os brasileiros preocupados com os destinos da nação.
Parabéns querido General. Continue a dividir conosco seus vastos conhecimentos. Gratidão 🙏🏻
Se vocês soubessem que tudo é por causa da nossa floresta…
Claro que o tema “Amazônia” é importante, mas um integrante tão destacado/respeitado das Forças Armadas, instituição responsável pela manutenção da lei e da ordem, em um momento tão delicado da história brasileira, seria bem mais proveitoso se estivesse orientando seus companheiros na intervenção do Poder Judiciário (STF/TSE), que escancaradamente vem agindo à margem da lei e efetivamente submetendo o país a um regime ditatorial em benefício de uma tomada de poder explícita fora das regras constitucionais, com a consequente destruição do arcabouço legal, da organização econômica e da estrutura moral da nação. General, vamos proteger a Amazônia, mas precisamos antes salvar o Brasil (restam poucos dias para impedir o desmantelamento do país!).
Alberto, onde que eu subscrevo?
Obs.: eu já nem diria mais “dias”, é questão de horas para não cairmos da desgraça total.
Sr Gel Villas Boas, espero que o exército de Caxias não decepcione o povo Brasileiro. Se realmente Lula assumir a presidência do nosso querido Brasil, será o fim da esperança do povo de ter um país melhor para o futuro de nossos filhos e netos. E com isso as forças armadas entrarão num total descrédito perante a população, será tarde demais depois tentar corrigir. Não dará e será tarde demais.
General Villas Bôas, meus cumprimentos pelo artigo! Mesmo não sendo nenhum especialista em Amazônia, concordo em gênero, número e grau, com seu pensamento a respeito. Mas não se esqueça que a Amazônia é a maior fornecedora de água para o Centro-Oeste e o Sudeste, os famosos rios voadores, e sem ela, uma economia de bilhões de reais não existira. Nem agricultura, nem indústria nem cidades poderiam existir. A exploração cautelosa e cuidadosa dela é possível e desejável. A Amazônia é nossa! A Amazônia é nossa vida!
A política nacional pegando fogo, cidadãos pedindo socorro em frente aos quartéis e um dos generais mais graduados da história do Brasil, contando historinhas sobre a Amazônia. Que baita aquisição de colunista (SQN).
Mt bom termos alguém por aqui que represente a Amazônia.
PARABENS MESTRE, QUE DEUS O ABENÇOE RICAMENTE!!!!
Parabéns General por fazer parte desse time de peso da Revista Oeste.
BEM-VINDO GENERAL
Seja muito bem vindo General!
Seus artigos e análises vão abrilhantar a Revista Oeste.
Caríssimo General Villas Boas, a História reserva ao senhor, as honras aos verdadeiros heróis brasileiros. Saúde, Paz e muitas alegrias ao senhor e sua familia.
Bem vindo General Villas Bôas!
Como assinante celebro sua chegada. Que seu conhecimento sobre a Amazônia traga luz aos que decidirão o futuro da área.
Excelente inciativa do OESTE de trazer o Gal Vilas Boas! É muito bom ouvir as suas experiências sobre a Amazônia diria de experiência vivida do que representa essa metade da nossa Nação.
O que notei sobre o trabalho do Euclides da Cunha para estabelecer os limites do, hoje, estado do Acre é naquelas condições de disponibilidade de ferramentas muito limitadas conseguiu realizar o trabalho em 8 meses (abril a novembro de 1905).
Estes e outros conhecimentos que, estavam apagadas em nossa memória, será a minha grande expectativa com o Gal Villas Boas sobre a Amazônia.
Muito obrigado Gal.
Parabéns! Mais cultura e mais esclarecimentos.
Caríssimo General Villas Boas, a História reserva ao senhor, as honras akos verdadeiros heróis brasileiros. Saúde, Paz e muitas alegrias ao senhor e sua familia.
SOU ADMIRADOR DO GENERAL VILLAS BOAS ! LIDER, FIRME, AO MESMO TEMPO SERENO, COMPETENTE E UM INTELECTURAL DE PRIMEIRA LINHA DO NOSSO EXÉCITO BRASILEIRO ! SOU JORNALISTA, ( AYRTON ROCHA ) E ACHEI MUITO COMPETENTE O SEU ARTIGO ! VOU ACOMPANHAR COM MUITO INTERRESSE ESSA SÉRIE SOBRE A AMAZONIA, PREOCUPAÇÃO DE TODOS PATRIOTAS BRASILEIRO ! O MEU ABRAÇO E MEUS RESPEITOS GENERAL.
A integração da AMAZÔNIA no contexto nacional, seria através de uma grande EQUIPE MULTIDISCIPLINAR, através de um projeto que permita sua ocupação e desenvolvimento, preservando o MEIO AMBIENTE, suas ETNIAS INDÍGENAS e os interesses nacionais e isto só será possível com o conhecimento e a disciplina de nossas Forças Armadas sobre a região.
Excelente artigo!!! 👏🏻👏🏻👏🏻
Assunto de extrema importância… Ansiosa pelos próximos!🙂
Parabéns pra Oeste! É uma privilégio ter o General Villas Boas como novo colunista!
Artigo repetitivo e vazio… falou muito para não dizer nada. Mas como esperar algo diferente de quem saiu da cambada de traidores da pátria que adora cuspir na espada de Caxias?
Epa! Infiltrado no pedaço. Está no lugar errado, meu irmão! Vai procurar sua turma.
Somente quem possui um juramento de defesa e proteção à Pátria, pode ver relevância em nos assegurar a consolidação da preservação de área tão importante. Ainda que nos afete, é necessário preservar a Amazônia e garantir a nossa soberania. Parabéns à “Oeste” pelo espaço ofertado ao General! Maria Aparecida Santana/ Brasília -DF.
Excelente. Alias o presidente retirante falou diversas vezes sobre isso. Nos instituições estão prontas para vender a Amazônia, e embolsar os lucros.
Existem tantos interesses conflitantes na Amazônia que somente um governo com liderança forte poderá, com muita luta, modelar seu desenvolvimento priorizando o que é bom para o povo brasileiro. Administrações corruptas, como as que tivemos e corremos o risco de ter novamente, nos farão ficar cada vez mais reféns dos interesses internacionais.
Parabéns à revista Oeste por mais um colunista com a força moral do General Villas Boas
Cara não dá pra ocupar a Amazônia se ocupar estraga todo amputada da terra ! Tem que deixar os indígenas e as terras como estão
Excelente artigo. Parabéns general, que bom te-lo neste espaço democrático da Revista Oeste. Seja muito bem vindo.
Obrigado e parabéns pelo texto General. Continue nos ajudando a enxergar as riquezas do nosso país e como abordar temas culturais e de soberania nacional.
A falta histórica de um projeto nacional e abrangente de ocupação da Amazônia fomenta o crescimento da visão intervencionista de internacionalização de sua exploração. Essa visão é camuflada por argumentos de preservação dos recursos naturais e de populações indígenas. É bem possível que as ações do próximo governo venham a fomentar essa visão, até um ponto de ruptura em que tenhamos a perda de autonomia brasileira sobre essa região. Não acho improvável que isso venha a ocorrer num futuro não muito distante.
Bom texto. Cinco anos atrás apareceu aqui em casa um antigo amigo que não via uns 20 anos. Ele tinha dado baixa do exército. Faltou bastante do senhor e do Mourão. Ele contou muita coisa pois viveu uns 10 anos na selva. Ele disse que o brasileiro de modo geral não tem noção do que é a Amazônia. Uns meses depois apareceu outro amigo antigo que ficou gerenciando hotéis em Belém e em Manaus e também faltou sobre a magnitude da Amazônia. Eu, particularmente visitei a obra de Tucuruí quando do seu início, num trabalho que estava fazendo de pós-graduação. Quando alguém que viveu lá e tem bastante experiência fico prestando atenção máxima. O tema é envolvente. Mas, na verdade, muita gente não tem consciência do tamanho do Brasil.
Creio que o general Villas Boas ainda participara se necessário, da legitima manutenção da Lei e da Ordem, conferida às FFAA na Constituição. Como entender que o TSE e o STF não tivessem a sensibilidade de entender os graves conflitos com a não transparência que a população exigiu com o voto impresso que já deveria ter sido implantado em 2018? Afinal, hoje Bolsonaro e os cidadãos de centro direita estariam contestando o resultado das eleições se elas fossem transparentes e elegendo Lula?. Bolsonaro disse varias vezes que passaria a faixa para o vencedor das eleições desde que limpas e auditáveis.
Excelente artigo General!!!! Excelentes reflexões!! Precisamos conhecer mais da nossa história e do nosso País!!!
Parabéns general, excelente e elucidativo artigo. Suas provocações também nos fazem refletir muito.
Meu profundo respeito ao sr. General. Um brilhante representante do exército de Caxias. Entretanto o momento atual quando a maioria dos cidadãos de bem se sente ludibriado com as leis simplesmente jogadas no lixo, atitudes contemplativas não ajudam.
Fico contente de ter a possibilidade de ler as reflexões do General Villas Bôas aqui na Oeste, Benvindo, General. Li com interesse este artigo que me trouxe informações adicionais sobre a Amazonia (não sabia da contribuição de Euclides da Cunha). Conheci um pouco da Amazônia, e estive lá, quando fiz o curso da ESG/2001. Desejo ao General sucesso neste espaço e aproveito para pedir, como cidadã brasileira, que as FFAA ouçam o clamor do povo nas ruas preocupado, dentre outras ameaças, com a ameaça à soberania nacional. Saúde e bom trabalho, General Villas Bôas!
Grande Comandante. Muito bem vindo.
Grandes questões o aguardam. Que seja iluminado e nos ilumine por muito tempo.
Selva!!! CIGS 1983.
Bravo, patriota e erudito general Vilas Boas.
Os generais de hoje, frouxos, desfrutando dos seus privilégios, nem sujam mais seus coturnos ou defendem, de fato, a pátria a democracia, a lei e a ordem.
Enquanto isso nossa nação agoniza à mercê do desgoverno e do comunismo.
General, o senhor nos representa.
Por favor, escreva seu nome na história e lute pela liberdade do Brasil.
LERO LERO. Enquanto isso, o BRASIL e os brasileiros são entregues aos comunistas e corruptos. O BRASIL é entregue a um LADRÃO E EX PRESIDIÁRIO. E tudo que fazemos é falar, falar e discursar, numa verborragia típica dos covardes. O BRASILEIRO PRECISA SEGUIR O EXEMPLO DE OUTROS POVOS E FAZER SUAS PRÓPRIAS LUTAS. O brasileiro precisa pagar o preço pela LIBERDADE. E o preço pela liberdade é um só: SANGUE E LUTA.
Concordo
Seja muito bem vindo General Villas Boas as páginas da Oeste, é de grande relevância ter um especialista em Amazônia na Oeste. Nos dias atuais em que os catedráticos em Amazônia são europeus que não sabem onde fica a nossa floresta é um alento tê-lo conosco.
Parabéns a Oeste.
PREFERIA O GENERAL COMO GENERAL, DEFENDENDO O BRASIL E OS BRASILEIROS. JÁ TEMOS ESCRITÓRES E FALSOS INTELECTUAIS DEMAIS. TUDO FAJUTO.