A Cobasi vai abrir o capital no Brasil. A pioneira do ramo de pet shops no país, presente em 16 Estados, está preparada para lançar suas ações no mercado. “Estamos prontos para o IPO”, revela à coluna o fundador e CEO da Cobasi, Paulo Nassar. “Mas…” Como todo empresário, ele analisa o cenário interno e externo antes de tocar o sino na bolsa brasileira. “Depende quando o mercado de capitais estiver melhor. Esperamos que seja em 2023. Se não for em 2023, vai ser em 2024”. Controlada pela família Nassar e dirigida por três irmãos, a Cobasi emprega mais de 6 mil funcionários no país e projeta faturar R$ 2,7 bilhões em 2022, alta de 30%, na comparação com o ano anterior. Para Nassar, o setor é um dos business fortes do século.
Da ração aos biscoitos
O relevante crescimento é explicado pela forte expansão da rede no ano: a empresa vai abrir 40 novas lojas físicas em diferentes Estados e fechar dezembro com 188 unidades pelo país. “A loja física jamais será substituída”, diz Nassar. “A Cobasi foi desenhada e desenvolvida como um ambiente completamente propício à integração dos nossos clientes”. A proposta da Cobasi é variada mesmo: as lojas são temáticas que extrapolam a venda de rações e biscoitos para cachorros e incluem também produtos de decoração, jardinagem e até piscina.
Compra e retira
A multiplicação das lojas é acompanhada pela expansão digital: hoje, as vendas pelo site e pelo aplicativo correspondem a 33% da receita da companhia. Uma das sacadas que impulsionaram as lojas e o digital da Cobasi foi abrir a possibilidade de comprar produtos no site ou aplicativo e retirar numa loja próxima. O benefício: 5% de desconto. “A gente acoplou as vendas digitais e fez essa venda acontecer dentro da loja. Cada loja é responsável por vendas físicas e digitais.” Esse movimento ajuda, de certa forma, a manter as lojas sempre movimentadas. E quem comprou digital tem ainda a possibilidade de passar pelos corredores e adquirir mais snacks para seus animais.
Dos porcos aos cachorros
Fundada em 1985, como uma pequena casa agrícola que vendia de porcos a galinhas, a Cobasi nasceu da mente de Paulo Nassar, filho de um biólogo. Ele acabara de chegar dos estudos em Berkeley, na Califórnia. Baseado no modelo de negócios da Petsmart — maior empresa do setor nos Estados Unidos —, decidiu apostar as fichas em uma loja similar no Brasil. Durante décadas, a empresa surfou no mercado e solidificou um dos segmentos mais aquecidos do varejo brasileiro — o de pets. Liderou o mercado o tempo todo. Até chegar a rival Petz, que abriu o capital em 2020, num movimento que fez várias companhias a lançarem o IPO na B3. A Petz roubou o pódio do mercado da Cobasi, embora ambas estejam próximas nas receitas atualmente. O plano do IPO da Cobasi é uma maneira de recuperar a liderança rapidamente.
O sócio
Em 2021, o fundo de private equity Kinea aportou R$ 300 milhões na Cobasi, em troca de uma participação minoritária na empresa. O tamanho da fatia que a Kinea levou nunca foi divulgado. O plano envolve um aumento de lojas físicas — o que ocorre neste ano — e investimento em tecnologia e no digital. A compra pelo fundo, que pertence ao banco Itaú, ocorreu meses depois de a família Nassar se convencer que um sócio era necessário para acelerar a expansão.
Nação dos bichinhos
O Brasil se destaca na quantidade e no gasto despendido aos pets. O país tem 54 milhões de cães e 24 milhões de gatos, segundo dados da Abinpet, a associação nacional do setor. “O Brasil tem tradição de longa data de amar seus cachorros, gatos e pássaros”, define Nassar. “Mas o setor passou a ofertar produtos e serviços de forma bastante intensa ultimamente. Essa oferta em qualidade puxou o mercado todo para cima.”
O business do século
A pandemia ajudou o setor. Houve uma explosão na adoção de animais de estimação. “Com a adoção, vem o enxoval do pet, o consumo de produtos, serviços e saúde animal”, diz Nassar. “O mercado segue uma tendência de crescimento de um a dois dígitos, mundialmente. E a gente está nesse mercado para consolidá-lo no Brasil. O setor é um dos business fortes do século.”
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Sócios do agro
Os Fiagros, fundos de investimentos em Cadeias Agroindustriais, bateram 116 mil investidores no Brasil. A B3 informa que 91% do saldo em custódia está nas mãos das pessoas físicas. É gente que vira sócia de empresas do agronegócio brasileiro e, como num fundo imobiliário, recebe dividendos mensais.
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Pé no chão
Do presidente de um importante grupo de luxo no país, com hotéis e restaurantes, sobre as perspectivas para 2023, num retrato do atual cenário de negócios do país: “Não vamos reduzir investimentos, mas agora só vamos ter pé no chão”.
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Case de Sucesso!
Amo qq bicho. Mas, frente aos números, me pergunto quem são os animais racionais e os irracionais. E dentre os tidos como racionais, quem são os humanos e os desumanos.