O mercado editorial brasileiro aguardava com receio e preocupação os desdobramentos da recuperação judicial da Americanas. Num país com a dimensão territorial como o Brasil, a Americanas, junto do catálogo de cosméticos da Avon, sempre foi um importante e tradicional meio de vendas de livros no Brasil e atingia municípios brasileiros que não possuíam livrarias. “A perda do canal de lojas é relevante para quem sempre apostou em edições populares”, diz Marcos Pereira, sócio do grupo Sextante e presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Nas gôndolas da Americanas, inclusive perto dos caixas, os livros figuram próximos dos chocolates — aliás, a varejista diz ser a maior na venda de ovos de Páscoa do mundo, um dos argumentos usados no pedido de recuperação judicial.
Perdeu o rumo
Além da venda física, varejistas como Amazon e Americanas são os maiores compradores de livros para revendas on-line. É rotineiro os diretores comerciais das editoras apresentarem trimestralmente os novos lançamentos para os diretores das varejistas, para encomendas de títulos. Pereira, no entanto, ressalta que houve uma mudança nos últimos tempos com o site da Americanas. “O digital já foi líder de mercado, mas eles perderam o rumo”, diz. “Imagino que as vendas sejam absorvidas por Amazon e Mercado Livre.” A Americanas ainda é o segundo maior marketplace (shopping center on-line) de venda de livros escolares, atrás apenas da Amazon. Com a recuperação judicial, esse título já é passado.
Milhões a cada revisão
A divulgação da lista de credores, com quase 8 mil nomes, na quarta-feira 25, atingindo os mais variados setores (de bancos, como Bradesco e Deutsche Bank, a gigantes de tecnologia, como Google e Apple), foi tumultuada no setor livreiro. As editoras de livros, incluindo de obras didáticas, tinham inicialmente mais de R$ 70 milhões a receber da rede. Minutos depois, o valor passou para R$ 77 milhões. Na quinta-feira, após uma revisão, o número subiu para R$ 84 milhões.
De Harry Potter a Elon Musk
Na lista de credores, as editoras mais atingidas foram a Sextante, com R$ 8 milhões, a Cia das Letras, com R$ 7,2 milhões, a Record, com R$ 6,9 milhões, a Intrínseca, com R$ 5,9 milhões, e a Rocco, com R$ 3,7 milhões. A Rocco tem os direitos do fenômeno editorial Harry Potter, e a Intrínseca já negociava a distribuição dos exemplares da biografia oficial de Elon Musk, escrita por Walter Isaacson, para 2024. Mas outros grupos editoriais, como a Ediouro, também foram impactados e se tornaram credores. É um golpe para o setor, menos de quatro anos depois das tempestades vividas por Saraiva e Cultura, duas das maiores redes de livrarias do país.
* * *
O atacarejo avança…
Controlada pelo grupo holandes SHV, a rede Makro ficará com apenas oito lojas no Brasil, depois da venda de vários ativos para o Muffato. Segundo fontes do setor varejista, ela vai seguir na tentativa de venda para encerrar de vez as operações no Brasil, depois de 50 anos de presença no país. A decisão de encerrar os negócios ocorre mais de dois anos depois da venda de 30 lojas da rede de atacado para o Carrefour, por R$ 1,9 bilhão. Com o avanço do atacarejo no país, com as marcas Assaí e Atacadão na liderança, o Makro ficou para trás.
…pelo país
Na manhã de quinta-feira 26, o grupo paranaense Muffato — sexta maior rede de supermercados do país — anunciou que comprou 16 lojas e 11 postos de combustível da Makro. O Muffato quer, assim, ampliar sua atuação no varejo alimentar em São Paulo e expandir a operação no interior do Estado.
* * *
Vendedor Bonzinho Não Fica Rico
À frente do Sales Clube, o paulista Thiago Concer, 42 anos, tem feito fortuna com palestras sobre como vender mais. Em 2022, o hoje empresário faturou R$ 24 milhões com consultorias a empresas. O título de seu livro dá uma pista de como vender mais: o exemplar se chama Vendedor Bonzinho Não Fica Rico.
Monstro e monstrão
Faixa preta de jiu-jítsu, Concer fez boxe e judô por muitos anos e chegou a ser campeão em rodadas paulistas. Concer define o bom vendedor como quem entende a necessidade dos clientes e, a partir disso, lida com o produto ofertado. Sucesso, claro, nas redes sociais, com mais de 370 mil seguidores, ele tem apelidado seus discípulos como “monstro”, “monstra”, “monstrinha”, “monstrão”.
Como ganhar dinheiro
A força de personalidades de negócios que ensinam os outros a venderem e fazerem negócios mais rápido cresce no Brasil. O faturamento polpudo de Concer é uma prova. Em 2022, a farmacêutica Cimed encheu o Ginásio do Ibirapuera com vendedores do país inteiro atrás de dicas para vender mais, apresentadas pelo dono João Adibe e outros convidados.
Queremos empreender
Nos primeiros dias do ano, o empresário Flávio Augusto — fundador da Wiser Educação, responsável por empresas como Wise Up — lotou o Vibra São Paulo, antigo Credicard Hall, para uma plateia de mais de 4 mil lugares, vindos do país inteiro para saber táticas de empreendedorismo. O ingresso custava em média R$ 700. “O brasileiro está cada vez mais interessado em empreender e em pensar em novas ideias para ganhar dinheiro”, resumiu o organizador do evento.
Leia também “Agronegócio em alta, shoppings ainda não”
Ainda vale a pena empreender num país com um futuro tão nublado ?
Que pena! Sempre fui fã da Americanas. Inclusive, um de meus livros preferidos (CONTRATO DE MATRIMÔNIO), do advogado Gabriel Lacerda, comprei lá. Não sabia que vendiam tanto livro assim.
Esses 3 (esquerdistas) pouco estão se importando com tudo isso. Americanas deve ser troco de pinga perto de Ambev, Bancos e outros “business” q eles tem/participam.
O espantoso é lesar o país e NINGUÉM ser indiciado, preso etc etc etc… Estão belos e formosos morando fora do 🇧🇷 há décadas.
É LAMENTAVEL ASSISTIRMOS A DERROCADA DAS “AMERICANAS”.
Na minha infância era o ponto de referencia na cidade onde morava – Ribeirão Preto.
Lamentavelmente ista historia foi entregue a pessoas que possuem apenas o dom do dinheiro e não da cultura – Lemann, Telles e Sicupira.
Penso que temos que buscar uma solução no bolso deles, mas o Lula em tempos idos ajudou estas pessoas com seus ideais.
Petralhas e esquerdistas em geral urrando e relinchando de prazer com a possibilidade do brasileiro médio ler ainda menos do que que já lê.