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Ilustração: Pedro Vila/Shutterstock|Foto: Travis Wolfe/Shutterstock
Edição 157

Dinheiro fácil, chope quente e salgados frios

As economias dos EUA, da Europa e da China tornaram-se exageradamente dependentes de taxas de juros ultrabaixas e dinheiro abundante e fácil, ou seja, se fragilizaram

Ubiratan Jorge Iorio

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Começaram a chegar os boletos dos graves erros cometidos nos últimos anos pelos formuladores das políticas econômicas de muitos países. Mais dia, menos dia, a festa teria mesmo que terminar, mostrando — para quem ainda tinha alguma dúvida — que poucas coisas custam tão caro como dinheiro grátis. A era da grana boca-livre, da impressão desenfreada e das taxas de juros reais negativas acabou e as avarias não serão poucas.

Desde os anos 1980, os bancos centrais mundiais, na ocorrência de turbulências, vêm adotando a receita de reduzir as taxas de juros e expandir a base monetária e, portanto, entupir os bancos com moeda recém-criada, na crença de que a emprestarão e a usarão para comprar ativos, mantendo-os, assim, valorizados. Uma espécie de socorro automático ou licença para gastar, incentivando a compra de ativos financeiros sem riscos. Isso começou no Japão, em 1987, e desde então foi copiado por praticamente todos os países, notadamente em 1991, em 2001, de 2008 a 2015 e em 2020, com a pandemia. Essa verdadeira folha corrida de “proteção” oficial condicionou os agentes dos mercados financeiros a pressuporem que sempre que acontece alguma crise, os bancos centrais, com certeza, dão proteção às bolsas, aos bancos e a todos, para felicidade das nações.

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