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Elon Musk | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Wikimedia Commons
Edição 164

A cruzada contra Elon Musk

O segundo homem mais rico do mundo é espancado todos os dias pelo consórcio (internacional) de imprensa. Por quê?

Dagomir Marquezi
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Quando Elon Musk passou a ser o Judas do mundo? Aquele cara que não pode nunca ser elogiado, admirado, reconhecido? O segundo homem mais rico do mundo é tratado como um idiota excêntrico, um cretino de “extrema direita” que não merece respirar o ar sagrado cuja pureza os “progressistas” salvam participando de congressos chiques na Suíça.

Musk é a bola da vez da grande imprensa internacional, cada vez mais parecida com nosso consórcio. Todos os dias algum jornalista desce a lenha no sul-africano. Seu grande pecado foi ter comprado o Twitter e feito alguns ajustes para brecar o aparelhamento e o controle da rede social por funcionários de esquerda. Essa perda de controle é considerada imperdoável para os que se julgam do lado certo da História. É preciso destruir quem ousa resistir.

Bombardeio de ofensas

Aqui vão alguns exemplos de como a imprensa tem tratado Elon Musk:

  1. “Jimmy Wales: ‘Twitter está deixando Elon Musk estúpido’”
    The Times, 29/abril/2023

Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, brigou com Musk porque ele acusou o site de ser “tendencioso para a esquerda”. Wales respondeu a Musk (segundo o jornal britânico The Times): “Ler Twitter demais está deixando você estúpido”. Detalhe: o cofundador da Wikipedia, Larry Sanger, fez a mesma acusação, afastou-se da organização e denunciou que “os voluntários (da Wikipedia) são dominados por um ponto de vista esquerdista”.

Jimmy Wales | Foto: Wikimedia Commons
  1. “O Twitter de Elon Musk está ajudando governos a calarem seus cidadãos”
    Washington Post, 2/maio/2023

Em editorial, o jornal (tão militante que tem uma editoria chamada “Aborto”) diz que Elon Musk recebeu 970 ordens de restrição de governos desde que comprou o Twitter e obedeceu a 808 delas. O Post não se importa que parte dessas restrições aconteça no Brasil. Seu problema é a forma como o novo dono do Twitter reage. Musk declarou à BBC: “Nós não vamos além das leis de um país. Se nós temos uma escolha de ter nossos funcionários presos ou cumprir as leis, nós cumpriremos a lei”. O Washington Post aparentemente acha mais correto que os funcionários sejam presos. Como o jornal vai reagir se a censura contra redes sociais for implantada no Brasil? Vai escrever outro editorial denunciando Musk?

  1. “O Twitter quebrou. Obrigado, Elon”
    The New York Times, 14/4/2023

O colunista Farhad Manjoo pede ao leitor que compare o Twitter ao “seu bar favorito” e imagine que o novo proprietário do estabelecimento, Elon Musk, “demitiu seguranças e garçons veteranos, tentou deixar de pagar o aluguel e pelo menos um fornecedor, e exigiu que os frequentadores pagassem uma taxa de entrada”. Termina com sua confissão de que deseja que a rede do passarinho azul desabe sob a nova orientação: “Como eu já argumentei antes, o Twitter tem sido uma fonte de desinformação, um acelerador da polarização e contribui para o pensamento de grupo cultural. Pouco antes da aquisição de Musk, minha colega Michelle Goldberg, preocupada com problemas semelhantes, esperava por um fracasso rápido e espetacular: ‘Se Musk tornar o Twitter terrível o suficiente’, ela escreveu, ‘os usuários fugirão e ele se tornará menos relevante’.” 

Farhad Manjoo | Foto: Wikimedia Commons
  1. “O apetite de Elon Musk por destruição”
    The New York Times, 24/2/2023

A reportagem começa falando sobre o “hábito” dos carros experimentais da Tesla em atingir viaturas de polícia “pelo menos dez vezes em apenas três anos”, segundo o autor do texto, Christopher Cox. “Cada colisão gerou dados, e, com dados suficientes, a empresa poderia acelerar o desenvolvimento do primeiro carro verdadeiramente autônomo do mundo.” Em qualquer empresa, esse processo de “tentativa e erro” visa ao aperfeiçoamento de um produto. Mas, para o jornalista do NYT, o empresário, que está em fase de “colapso de reputação”, é “simplesmente um narcisista em busca de atenção mundial” e tem “apetite por destruição”.

  1. “Elon Musk apoia Scott Adams, o cartunista de Dilbert, após comentário racista”
    The Guardian, 27/2/2023

“O chefe do Twitter e da Tesla respondeu com seu próprio fluxo de pensamento controverso durante o fim de semana após o cancelamento em massa da tira de quadrinhos Dilbert em jornais dos EUA”, anunciou o repórter do Guardian, Ed Pilkington. “Seu criador, Scott Adams, recentemente menosprezou as pessoas negras como um ‘grupo de ódio’, aconselhando as pessoas brancas a ‘simplesmente saírem de perto’ delas!”. Mas o foco da reportagem é outro: “’A mídia é racista’, foi a resposta de Musk à decisão generalizada de encerrar a tirinha Dilbert. ‘Por muito tempo, a mídia dos EUA foi racista contra pessoas não brancas, agora eles são racistas contra brancos e asiáticos’.” Segundo o Guardian, “várias contas suspensas ou banidas de supremacistas brancos e neonazistas foram restauradas, e tuítes racistas e antissemitas têm se proliferado”. O quadro foi pintado, agora é só espalhar.

Scott Adams | Foto: Wikimedia Commons
  1. “Selo azul do Twitter foi ‘corrompido’ por Musk e passou a ser rejeitado”
    O Estado de S. Paulo, 28/4/2023

O consórcio da imprensa brasileiro entrou com gosto no linchamento. Um exemplo: a repórter Bruna Arimathea reafirma que tudo o que Elon Musk faz é errado. Antes o selo azul era dado a personalidades, agora passou a ser cobrado e acessível a qualquer um. Segundo um professor entrevistado pela jornalista, o selo “agora é uma nota fiscal, que comprova só que alguém comprou algo”. Como prova definitiva desse erro terrível, “o influencer Felipe Neto, por exemplo, chamou o novo símbolo de ‘enganação’. Já o comediante Gregório Duvivier xingou Musk por ter o retorno da marca”.

O décimo país

A surra que Musk leva de parte da imprensa é apenas mais um sinal dos tempos. Não há lugar para meios-termos, para análises aprofundadas, para ponderações. Nada. Ou você cumpre uma agenda rígida de princípios ideológicos deles ou entra na mira. Um adversário poderoso, como Elon Musk, se torna um alvo ainda maior. Ideologias totalitárias precisam permanentemente de inimigos para justificar seu fanatismo e obediência a regras não escritas. 

Musk é o cara que privatizou e acelerou a exploração do espaço. É o empresário que popularizou o carro elétrico. É o inventor que está investindo numa interface entre computadores e cérebros, que poderá fazer paraplégicos adquirirem movimentos e sentidos

Musk seria espancado diariamente por jornalistas se estivesse falando sobre economia de carbono, cotas raciais, ideologia de gênero, povos originários e toda a lista de clichês da agenda “progressista”? Você sabe a resposta. Está sendo castigado por ser diferente? Nós falamos sobre essa incômoda originalidade aqui em Oeste em 2020. Gente que não se encaixa em padrões pré-fabricados incomoda. Se tiver US$ 178 bilhões, incomoda muito mais. 

Elon Musk, em visita ao Brasil, 21/5/2022 | Foto: Ministério Das Comunicações

Não que Elon Musk precise da imprensa. Um cara com 139 milhões de seguidores na sua própria rede social fala diretamente com uma população que seria o décimo país do mundo — logo abaixo da Rússia, que tem 144,5 milhões de habitantes. É esse poder de alcançar muita gente sem nenhum controle que assusta os liberticidas. E é por isso que eles querem “regular” as mídias sociais como prioridade absoluta em suas agendas políticas. 

Elon Musk é, sim, um empresário excêntrico, meio errático, e faz besteiras que, na sua escala de poder, podem custar milhões de dólares. Às vezes diz coisas meio incompreensíveis. Com uma frase infeliz, faz desabar o preço das ações de sua própria empresa. Isso significa que deva ser apedrejado como um leproso dos tempos bíblicos? Ele é tão idiota e maligno como estão pintando?

Musk é o cara que privatizou e acelerou a exploração do espaço. É o empresário que popularizou o carro elétrico. É o explorador que está levando a sério a possibilidade de colonizar Marte. É o inventor que está investindo numa interface entre computadores e cérebros, que poderá fazer paraplégicos adquirirem movimentos e sentidos. É o cara que está criando uma rede de satélites chamada Starlink, que garante o acesso à internet em rincões abandonados da África e na Ucrânia sob ocupação russa.

Um lote de 60 satélites de teste Starlink empilhados no topo de um foguete Falcon 9, prestes a serem colocados em órbita, em 24/5/2019 | Foto: Wikimedia Commons

Isso tudo não o transforma num santo. Mas deveria servir como um parâmetro para que fosse julgado com mais equilíbrio por jornalistas que se julgam proprietários da verdade. Uma avaliação sem filtro de Elon Musk pode ser feita através dos seus próprios posts na empresa que comanda. São opiniões e reflexões em forma de memes:

Leia também “O lítio é o novo petróleo”

6 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Grande Elon Musk, um gênio de nosso tempo.

  2. Fernando B. Monte-Serrat
    Fernando B. Monte-Serrat

    Parabéns Dagomir pelo excelente artigo.

  3. Paulo César de Castro Silveira
    Paulo César de Castro Silveira

    é o verdadeiro afro americano

  4. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Elon Musk está contrariando toda “filosofia” progressista protagonizada pela Nova Ordem Mundial, que troca ideologia pelos egos

  5. Paulo Ferreira
    Paulo Ferreira

    O cara é um gênio. A compra do Twitter é um perrengue desgraçado que ele assumiu para mostrar as entranhas do wokeismo global. Disse a eles, como dizia meu avô em face de bobagens: “Vão pentear macaco”.

  6. Davidson
    Davidson

    Muito bom, Dagomir. Reforçando o que escreveu ainda em 2020, excelente artigo.
    Agradeço, invlusive os tweets 😀

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