Com a entrada da Nvidia no clube do trilhão (leia sobre o assunto na matéria de Dagomir Marquezi desta edição), a fabricante de chips para videogames e tecnologia de inteligência artificial passou a valer mais do que a Meta, de Mark Zuckerberg. E está agora no time das empresas mais valiosas do planeta, ao lado de Microsoft e Apple. A Nvidia se transformou, assim, em um exemplo das mudanças que podem ocorrer no setor de tecnologia e no ambiente das empresas a partir da expansão do uso da inteligência artificial.
Tudo muito bem, mas…
O avanço da empresa até então desconhecida do grande público, no entanto, não esconde uma preocupação das gigantes de tecnologia: a falta de gente capacitada para trabalhar nas novas funções que estão surgindo e nas muitas que ainda vão surgir pelo caminho.
Tem vagas, mas não tem gente
A Amazon é uma das empresas que mais estão empenhadas em preencher essas lacunas, especialmente no Brasil. A gigante de tecnologia de Jeff Bezos criou uma área específica para desenvolver e treinar novos profissionais de tecnologia. O Brasil é um dos únicos no mundo que receberam atenção especial da Amazon, com gerentes exclusivos que trabalham em parceria com grandes empresas e startups.
A hora de agir
A iniciativa faz parte de um programa global da Amazon com o objetivo de treinar em tecnologia 29 milhões de pessoas em todo o mundo. “Tudo isso porque existe um gap gigante de talentos”, diz uma executiva da unidade brasileira da Amazon. “A demanda por profissionais dessa área só cresce, e as empresas não vão conseguir preencher determinadas vagas. É hora de agir.” A Amazon emprega um exército de 1,5 milhão de profissionais e conta com a ajuda de 370 mil robôs nos centros de distribuição.
O treinamento da nuvem
A AWS, unidade de computação em nuvem da Amazon, uniu-se com a holding brasileira de venture capital ACE Ventures para oferecer cursos sobre os fundamentos da nuvem para aplicação nos negócios. Os anúncios começaram a ser distribuídos nos últimos dias: “Um programa de capacitação com aulas ao vivo e trilha exclusiva aberto a profissionais de qualquer área da empresa”. As inscrições duram até 12 de junho no site da ACE, e o treinamento é gratuito.
O déficit
O Brasil vai sofrer um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025. “Esse número vai se expandir rapidamente com a aceleração da inteligência artificial”, diz um executivo da Amazon. E mais: o instituto IDC, em parceria com a AWS, estima que o impacto econômico da lacuna de habilidades em TI no mundo pode chegar a US$ 1 trilhão até 2025. Na América Latina, pode chegar a US$ 50 bilhões pelo atraso no lançamento de produtos e serviços, pela perda de receitas e por uma economia digital pouco desenvolvida.
***
***
Troca de comando
O mercado de vinhos, um dos setores que mais se beneficiaram do confinamento da pandemia, está sofrendo. A saída do executivo Alexandre Bratt do comando do Víssimo Group, um dos maiores importadores da bebida no Brasil, só expôs o adeus à bonança. A holding, criada depois da empresa de comércio eletrônico de vinhos Evino comprar a importadora Grand Cru, vai voltar às mãos dos fundadores. “Ari Gorenstein e Marcos Leal, fundadores da Evino, assumem o palco como co-CEOs em meio a um cenário bastante desafiador”, escreveu Bratt em mensagem.
Menos vinhos…
O Víssimo Group fechou 2022 com faturamento 15% menor do que havia previsto. Bratt culpa a economia pela mudança de comportamento dos compradores. O brasileiro passou, enfim, a consumir vinhos de menor qualidade — diferentemente do boom de vendas de garrafas entre 2020 e 2021 —, por causa da alta do dólar e da inflação, além dos juros mais elevados.
…mais cachaças
Antes de sair, o executivo tinha como meta para este ano conquistar os jovens com inovações nas lojas físicas. Para para fisgar os mais jovens, criou um espaço para destilados e uma prateleira de cachaças artesanais brasileiras. Em 2023, o Víssimo Group projeta faturar R$ 860 milhões.
***
Pense como um milionário
O canadense T. Harv Eker desembarcou no Brasil na última semana para ser o anfitrião de um evento em São Paulo que promete formar novos milionários. T. Harv Eker é autor do best-seller Os Segredos da Mente Milionária, título lançado em 1992 e sucesso de vendas ainda hoje no Brasil, onde já ultrapassou 2 milhões de exemplares comercializados pela Editora Sextante. O autor conversou com Oeste antes do evento:
Seus números de vendas são impressionantes para os padrões de leitura dos brasileiros. Essa é uma prova de que as pessoas têm o desejo permanente de ficar ricas?
Sim. O livro vendeu cerca de 5 milhões de cópias, e eu criei um programa presencial que já teve mais de 1 milhão de participantes de mais de 100 países diferentes no mundo. A coisa mais importante que ensino é que você é a raiz do seu sucesso, mediocridade ou fracasso. Consciente ou inconscientemente, ainda é você. Mas que parte de você? Suas atitudes, suas crenças, seu caráter, seus hábitos. Enfim, a forma como você pensa. Sua mente trabalhará para você ou o destruirá em termos de felicidade e sucesso.
Qual é a pergunta mais comum que o senhor costuma receber?
Essa é uma pergunta interessante. Muitos me perguntam se eu tive um episódio de virada na minha vida. E, sim, aconteceu quando um amigo do meu pai me chamou de vagabundo. Na verdade, não foi um amigo do meu pai. Foi o meu próprio pai, o que é muito pior. Num intervalo de dez anos, eu tentei e fechei dez negócios diferentes e fiquei sem dinheiro o tempo todo. Na maioria das noites, eu tinha que escolher entre colocar US$ 5 de gasolina no meu carro ou jantar, e muitas vezes minha escolha era a gasolina para poder tentar fazer alguns negócios. Aos 30 anos, tive que voltar a morar com meus pais. Eu morava em um quarto no porão. Meu pai jogava cartas semanalmente com seus amigos mais antigos. Uma noite, subi para pegar algo para comer na geladeira e, no corredor, encontrei o único amigo dele que eu sabia que era muito, muito, muito rico. Ele não disse “oi”, nem nada. Ele apenas olhou para mim e falou: “Seu pai me disse que você é um vagabundo”. Fiquei surpreso, mas respondi: “Isso não é muito bom”. E ele disse: “Você é um vagabundo?”. Lembro-me de tomar um grande gole e responder: “Não sei. Acho que depende da sua definição”. Ele viu que eu não estava orgulhoso de mim, então me perguntou: “O que você quer fazer?”. Eu disse: “Tudo que eu quero é ficar rico”. Ele perguntou como, e eu respondi: “Em negócios. Eu quero me tornar um empresário rico”. Então ele disse algo que eu realmente acredito que mudou a trajetória da minha vida: “Harv, uma coisa que muitas pessoas não entendem é que a maioria das pessoas ricas faz coisas muito semelhantes para ficar rica. Então você tem que fazer o que os ricos fazem. Primeiro você precisa aprender, e depois tem que modelar as pessoas ricas, no sentido do que elas fazem e como elas pensam”. Como eu não estava trabalhando, passei seis meses estudando pessoas ricas, e o que ele disse provou ser verdade.
O que saiu desse estudo das pessoas ricas?
Havia coisas muito específicas que os empresários ricos faziam de maneira diferente daqueles que tinham resultados ruins ou medíocres. Acabei resumindo e criei sete princípios [um deles fala em como dividir o salário: 50% em necessidades básicas; 10% em liberdade financeira; 10% em despesas de longo prazo; 10% em educação e instrução financeira; 10 % em diversão e entretenimento; e 10% em doações]. Eu coloquei esses princípios à prova e, começando com um empréstimo de cartão de crédito de US$ 2 mil, abri meu próximo negócio e dessa vez me tornei um milionário em apenas dois anos e meio. Hoje pode não parecer muito, mas, com dez negócios malsucedidos antes disso, fiquei muito grato. Agora tenho minha própria experiência de como isso funciona e estou convencido de que tudo começa com o pensamento, porque é isso que determina suas ações. Somos capazes de realmente mudar as formas programadas de pensar, de modo a impulsioná-las para o sucesso financeiro em vez de bloqueá-las.
Leia também “O Woodstock do capitalismo e o país da cerveja”
Será que Guilherme Boulos vai elaborar uma cisterna IA pra ajudar o povo do semiárido nordestino?