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Greta Thunberg
Greta Thunberg foi presa após uma manifestação pelo clima em Malmo, na Suécia | Foto: Reprodução/Redes Sociais
Edição 172

Greta e a guerra ecológica contra a classe trabalhadora

Todos os atos de ativismo verde parecem ter sido criados para dificultar a vida dos trabalhadores

Brendan O'Neill, da Spiked
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Imagine a filha de um cantor de ópera impedindo homens da classe operária de fazer seu trabalho. Uma jovem — tão bem conectada que talvez tenha o telefone de presidentes em seu celular — impedindo fisicamente os caminhoneiros de exercer suas atividades. Uma filha do privilégio se juntando a seus amigos de condição igualmente confortável para atrapalhar o trabalho de homens de classe baixa. 

Bem, desprovida de toda a retórica vazia e desprovida de fato sobre “salvar o planeta”, é exatamente isso que o recente protesto ecológico de Greta Thunberg significa. A profetiza do apocalipse de tamanho mirim está de volta às manchetes. Desta vez ela foi presa no Porto de Malmo, na Suécia, onde ela e outros membros do culto “arrependa-se, o fim está próximo” têm feito um protesto para impedir os petroleiros de se deslocar e de entregar sua carga vital para a população da Suécia e de outras partes. 

As fotos desse chilique disfarçado de manifestação política contam uma história fascinante de elitismo e narcisismo na política ambiental. No meio da estrada estão os jovens com expressão arrogante. Um deles tem cabelo verde. Outros usam gorros. Mas claramente nenhum deles já dirigiu um caminhão. Seus cartazes falam de defender a Terra dos males da queima de óleo causados pela humanidade. E em segundo plano estão os supostos agentes desse mal — os caminhoneiros, trabalhadores parados ao lado de seus caminhões enquanto a imprensa do mundo todo tira fotos de Greta, que está triste pela Gaia. 

Greta Thunberg e outros manifestantes em Malmo, uma cidade litorânea na Suécia | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Que retrato adequado da hierarquia da virtude no que se faz passar por uma política radical hoje em dia. Trabalhadores reduzidos a figurantes, personagens sem ação, em um drama fervorosamente focado na fúria arrivista dos privilegiados. Trabalhadores como uma mera paisagem das econeuroses de quem está bem de vida. No universo moral criado pelos ecoinfluenciadores e suas legiões de seguidores nas elites da mídia e da política, os medos irracionais da classe média-alta têm mais peso que o padrão de vida das classes baixas. 

As regulações ambientais na Holanda ameaçam deixar milhares de agricultores sem trabalho. Agricultores irlandeses temem que 56 mil empregos sejam perdidos em decorrência das demandas irracionais do culto ao Net Zero

É a história que vemos se repetir em todas as manifestações pelo clima da atualidade. No Reino Unido, os ativistas refinados do grupo Just Stop Oil, todos chamados Poppy ou Edred, bloqueiam estradas e impedem que pedreiros, montadores de estruturas metálicas, entregadores, mães e outros façam seu trabalho essencial. O contra-ataque dos trabalhadores ante essa imposição esnobe ao seu direito de ganhar a vida — como os montadores de andaime expulsando os ecochatos da estrada — tem sido reconfortante. Como um empregado do mercado de carnes de Smithfield, em Londres, afirmou alguns anos atrás, quando figuras da Extinction Rebellion invadiram o local para falar sobre os direitos dos animais ou algo assim: “Por que eu deveria permitir que essa multidão de fanáticos me impeça de poder pagar minhas contas?”.

Manifestantes do grupo Just Stop Oil, em Londres | Foto: Shutterstock

Os ativistas do clima fazem campanha para privar as comunidades proletárias de trabalhos bem remunerados. Eles estão tentando impedir a construção de uma mina de carvão no condado de Cúmbria, no noroeste da Inglaterra, que vai gerar 500 bons empregos e produzir 2,8 milhões de toneladas de carvão por ano. Bem, o que os direitos dos mineradores de carvão importam diante das convicções religiosas desse grupo de universitários de que o “Fim” está próximo? Essas pessoas fazem Thatcher parecer uma amadora em se tratando de mandar os mineradores para as filas das agências de empregos. “Carvão em vez de auxílio [desemprego]!”, gritavam os esquerdistas nos anos 1980. “Deixem o carvão lá!”, gritam os ativistas do clima hoje. 

As regulações ambientais na Holanda ameaçam deixar milhares de agricultores sem trabalho. Agricultores irlandeses temem que 56 mil empregos sejam perdidos em decorrência das demandas irracionais do culto ao Net Zero. Caminhoneiros dinamarqueses estão espumando de raiva por causa de um novo imposto de combustível verde que poderá fazer seus salários encolher. A guerra incessante do clero ambiental contra os carros está tornando o ato de dirigir cada vez mais caro. Como afirma o escritor Michael Lind, “a cidade de 15 minutos, onde os conselhos locais impõem novas regras e infraestrutura para desestimular o uso de carros, é um pesadelo da classe trabalhadora”. 

Agricultores irlandeses temem que 56 mil empregos sejam perdidos em decorrência das demandas irracionais do culto ao Net Zero | Foto: Shutterstock

Quando não estão interferindo no direito das classes baixas ao trabalho, estão atacando suas formas de lazer. Qualquer pessoa que considere uma coincidência que os ambientalistas ricos tenham o hábito de atacar eventos esportivos amados pela classe trabalhadora — sinuca, corridas de cavalos, partidas de futebol — não anda prestando atenção. Até mesmo viagens de duas semanas estão ameaçadas: os menos afortunados estão sendo impedidos financeiramente de voar por, sim, ações de Net Zero que ameaçam tornar os voos baratos uma coisa do passado. 

E temos Greta, “com um sorriso tendencioso”, de acordo com relato, impedindo os suecos de fazer seu trabalho. Talvez na semana que vem ela esteja bloqueando os aeroportos de onde as pessoas viajam para seus merecidos descansos. Se existe um lado bom na crise do custo de vida, é que ela escancarou algo de que nós suspeitávamos há tempos: que o ambientalismo é um antagonismo de classe fantasiado. Aquela choradeira dos ativistas por causa da pegada “tóxica” da humanidade no planeta é uma repetição do velho desdém aristocrático pela Revolução Industrial. São a sociedade de massa e as massas que fazem parte dela — trabalhadores, consumidores, turistas — que despertam o desprezo dos vigários e dos egressos das escolas mais caras que bloqueiam as estradas em nome da Mãe Terra. Naquela luva de veludo para “salvar o planeta” se esconde o punho de ferro que “força os plebeus a viver com menos”. De que outra forma podemos explicar o fato de que, durante uma crise energética, eles estejam fazendo exigências que tornariam a eletricidade ainda mais cara? 

Essa imagem de Greta Thunberg e seus amigos exalando virtude ambiental enquanto os trabalhadores esperam frustrados no segundo plano mostra o quanto as prioridades da sociedade se tornaram deturpadas. A verdade é que esses homens — sem nome, ignorados, vistos com desprezo pelos ecologicamente corretos — dão uma contribuição muito mais importante para a sociedade que Greta e os demais. A única commodity dela é o medo — afirmações descabidas de que temos apenas alguns anos para salvar o planeta do inferno criado pelo homem. Isso não acrescenta nada ao bem social. Em contraste, esses caminhoneiros entregam o maravilhoso petróleo líquido para pessoas e empresas de todo canto que engenhosamente liberam a luz do sol contida nele e o usam para mover veículos, aquecer casas e produzir energia. Um desses trabalhadores vale mil ecochatos. 


Brendan O’Neill é reporter-chefe de política da Spiked e apresentador do podcast da Spiked, The Brendan O’Neill Show. Seu novo livro, A Heretic’s Manifesto: Essays on the Unsayable, está à venda na Amazon.
Brendan está no Instagram: @burntoakboy

Leia também “Como as escolas estão escondendo a educação sexual dos pais”

6 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Essa menina deve ser manipulada por gente grande.

  2. Paulo Antonio Neder
    Paulo Antonio Neder

    Sem nenhum desaire ao conteúdo do artigo e ao escritor, julgo que deveríamos parar de trazer à lume essa “iluminada”, que enxerga de forma vesga a realidade das coisas. Por certo que as pessoas de bem são contra a degradação do meio ambiente, mas é necessário conciliar as coisas reais. A única coisa que resta em relação a ela seria aconselhá-la a viver numa caverna.

  3. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Essa Greta é uma demente. Ela deveria trabalhar como atriz. Não se admite uma pessoa ficar se arriscando e arriscando a vida dos outros por uma causa que desconhece

  4. Gilson Herz
    Gilson Herz

    Eu sugiro uma surra de cinta todo dia nesses eco chatos. Um bando de inúteis que nunca produziram nada, enchendo o saco de quem precisa trabalhar pra garantir comida na mesa.

  5. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    Essas crianças idiotizadas nunca tiveram que pagar um boleto para atender as suas necessidades e das suas famílias.

  6. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Essa menina Greta, fugiu da escola é uma figura patética na luta do ambientalismo. É um fantoche publicitário nas mãos de seus pais e.de pessoas que não tem mais nada a fazer na vida do que atrapalhar o trabalho de quem realmente precisa.

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