O primeiro lote de imagens lavou a alma dos donos do poder. Bastaram alguns minutos de transmissão ao vivo para que os comandantes do Executivo e do Judiciário enxergassem nas cenas exibidas pela TV muito mais que um surto de vandalismo, muito mais que um crime contra o patrimônio público. Os ataques às sedes dos Três Poderes em curso naquele 8 de janeiro anunciavam o início do golpe de Estado urdido por bolsonaristas derrotados na eleição presidencial. Era hora de mostrar quem é que manda aos extremistas entrincheirados havia semanas nos arredores dos quartéis de Brasília.
O presidente Lula, acampado em Araraquara, e o onipresente ministro Alexandre de Moraes esbanjaram sintonia na imediata contraofensiva. A leva inaugural de decretos e decisões monocráticas rebaixou o Distrito Federal a puxadinho do Palácio do Planalto. Por não ter mantido a ordem no cenário do crime, o governador Ibaneis Rocha foi substituído por um interventor indicado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. Acusado de tirar férias na data errada, o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, voltou dos Estados Unidos diretamente para a cadeia.
Empunhando o tresoitão que defende a democracia com tiros na testa do Estado de Direito, o ministro Alexandre de Moraes abriu outros seis inquéritos secretos, aumentou o valor das multas, lotou duas cadeias com a captura de mais de 1,5 mil adoradores de fake news e celebrou a façanha com a exibição da face generosa. Com a institucionalização do julgamento por atacado e a universalização da tornozeleira eletrônica, inventou a meia liberdade.
As coisas pareciam sob controle, até que a comissão parlamentar de inquérito quis saber como fora o 8 de janeiro no Ministério da Justiça e Segurança Pública
O segundo lote de imagens tirou o sossego dos donos do poder. Divulgadas pela CNN, gravações feitas pelo sistema de segurança do Palácio do Planalto teriam apenas ampliado os registros visuais do 8 de janeiro se não incluíssem a desconcertante performance do general Gonçalves Dias. Instalado pelo amigo Lula na chefia do Gabinete de Segurança Institucional, era lá mesmo que GDias deveria estar. Mas para impedir ataques do gênero, não para caprichar no papel de guia turístico.
Entre uma paulada na janela e um pontapé na relíquia histórica, os invasores ouvem do general instruções que os ajudarão a afastar-se em sossego da área conflagrada. Ele não estava só, informa a aparição de outro oficial que oferece água aos cansados de guerra. Os dois militares perderam o emprego. E as coisas pareciam sob controle, até que a comissão parlamentar de inquérito quis saber como fora o 8 de janeiro no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Primeiro, o ministro negou-se a entregar o material gravado pelas câmeras de vigilância. Diante da insistência do presidente da CPMI, deputado Arthur Maia, Flávio Dino recomendou-lhe que encaminhasse a solicitação à Polícia Federal. Maia lembrou-lhe de que a PF é subordinada ao Ministério da Justiça e exigiu a entrega das imagens no prazo de 48 horas. Dino alegou que não poderia liberar gravação nenhuma sem a autorização do Supremo Tribunal Federal. O que há nesse terceiro lote de imagens para tirar o sono e o juízo do seu guardião?
Dino já admitiu que chegou ao seu gabinete antes que os ataques terminassem, mas tarde demais para agir. Avisos não faltaram: entre os dias 2 e 8 de janeiro, a Abin encaminhou 33 alertas ao GSI e a outros 12 órgãos vinculados ao sistema de segurança. No dia 7, dois alertas nível máximo ressaltaram o risco de ataques violentos. Em casos assim, deve ser acionado o Plano Escudo, que estabelece os procedimentos que devem ser adotados pelo GSI quando o Palácio do Planalto está sob ameaça. Uma das medidas é a atuação conjunta das tropas de choque do Batalhão da Guarda Presidencial, do Batalhão de Polícia do Exército e do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas do Exército. No dia 8, apenas o Batalhão da Guarda Presidencial estava de prontidão.
O presidente viajou para Araraquara. As tropas permaneceram nos quartéis. Alguns ministros ficaram em casa. Outros se instalaram no gabinete para ver, encostados na janela, a passagem dos manifestantes rumo à armadilha montada por provocadores especializados na atração de radicais. As imagens que atormentam Flávio Dino também mostram a hora exata. Talvez ensinem como se monta um golpe que melhora a vida dos possíveis golpeados.
Leia também “A Abolição dos Sem-Teto”
Achei mestre! Desculpe minha ignorância tecinologica! Excelente texto , como sempre. Aprendo muito! Obrigado!
Devorando seus textos aqui Augusto! Top demais….
Excelente, como sempre. Esperamos que a CPMI evolua.
Ainda tem a figura chamada Andrei Rodrigues, diretor da PF. Que quer colocar no guiness book o maior número de presos em lotes. Picareta fino.
Enquanto comentamos aqui, eles roubam lá.
Quando nos daremos conta de que estamos sozinhos nesta luta ?
Estamos sem judiciário e sem legislativo. Destes dois não podemos esperar nada.
Se a salvação não vem das instituições, só resta a reação de nós, povo. Porém, não reagiremos, pois somos um povo medíocre.
Só resta aguardar o desfecho do desastre, logo ali adiante.
foi armação sem sombra de dúvidas !! ir pra Araraquara disfarçando estar sem saber de nada, safado !!!
O javali comunista está com os seus dias contados.
Segundo Sergio Moro, a CPMI tem autoridade para exigir as imagens sem passar pelo STF.
Onde esta o meu cometário?
Eles estão implantando hoje no Brasil uma Cuba dos anos 80, uma repressão delineada, cabe a todos nós exigir juntos com as autoridades competentes reverter esse absurdo, essa esculhambação com o povo brasileiro, conclamamos por liberdade. Para fazermos imediatamente uma reforma geral nesse sistema satânico
Acontecimentos desta natureza em qualquer país minimamente respeitoso às leis e aos pagadores de impostos este senhor que se declara comunista “graças a Deus” não estaria mais no cargo e responderia processos por sua omissão.
Lula era muito bom como administrador de carroceria de caminhão com caixas de som nos tempos de discursos inflamados nos portões das fábricas do ABC nos anos 1970/1980.
Como administrador público demonstrou não apenas ser o maior desastre para o país como também acumula o troféu de maior corrupto da nossa história.
Nunca antes na história deste país tivemos ocupantes de ministérios tão ruins que sequer conseguem conceder uma entrevista que se possa extrair alguma coisa útil.
Contra fatos (imagens), não há argumento.
As ilustrações do belo artigo estão um primor. Tão devastadoras quanto devem ser as “ilustrações” das câmeras de segurança do 8 de janeiro.
As coisas estão tão fora de lugar “nessepaiz” que é capaz do Lex Luthor do STF, contra qualquer legalidade, negar a entrega das imagens exigidas pela CPMI. Nada mais é previsível em Bananil. Aguardando… Dino cairá cedo ou tarde.
Putz, Augusto ! Olha chega a ser hilário o comportamento do Sr. Ministro da Justiça. Parece com aquele menino, peralta, que fez algo errado e agora esta com medindo de descobrirem a sua travessura…..
Augusto, você como sempre, CRAQUE nas observações !
Tudo foi arquitetado pela cúpula do Judiciário e governo federal, não resta dúvida. Dino recorreu ao STF porque não liberarão as imagens que podem colocá-lo na mira do furacão.
Sapo Boi e Xandão do PCC não se deixaram abater. Essas imagens serão apagadas
Ele tentou ser o Goering, mas a semelhança entre os dois facínoras se resume na maldade e no porte físico, não na inteligência.
O ministro da Justiça ao não fornecer as imagens do dia 8 de janeiro faz um grande mal à nação em geral mas principalmente aos que estão presos até hoje por esses atos pois essas imagens poderiam inocentar muitas pessoas.
Apenas para constar aqui uma vez que não há na Revista Oeste uma edição individual sobre o assunto saída do Marcola da prisão para consulta médica, acompanhado por um aparato de 100 policiais segundo consta por ordem do senhor ministro Flávio Dino. Incoerente porque uma noticia veiculada em outro jornal cita dentre os presos do dia 8 de Janeiro, o cacique Serere Xavante com problemas sérios de saúde há oito meses e não se consegue uma permissão para a saída e tratamento. Impressionante, poucos tem a sorte do Marcola.
O Presidente e seus ministros parecem ter muito a esconder especialmente com o “vazamento” para a CNN de cenas que comprometiam G Dias e seus subordinados quando deixaram de defender o Planalto para “ciceronear” os invasores durante sua estadia no palácio. De outra sorte o Ministro e pretensamente todo poderoso Flávio Dino pelo visto e em consonância com sua reiterada resistência em atender a requisição da CPMI quanto ás imagens de 8 de janeiro no Ministério da Justiça dão o tom de um solene “rabo preso.”
Dino ficou olhando tudo que ocorria em uma janela, bem próxima ao local, mas nada pode fazer pois “os fascistas “o ameaçaram. Devido ao sobrepôs não pode se deslocar.
Errata: é sobrepeso mesmo,ficou imóvel.
Quem sempre gostou de poder sem questionamentos são os partidários de esquerda, portanto as imagens dizem tudo por si só. O problema no país do faz de contas é que o legislativo não assume o papel de protagonista para os senadores e deputados foram eleitos. Assim, tudo se transforma numa grande farsa!