A seleção brasileira feminina de futebol foi eliminada na manhã de 2 de agosto na Copa do Mundo Feminina. Com um empate em 0 a 0 com a Jamaica, o Brasil amargou um terceiro lugar no grupo F da competição, com apenas quatro pontos em três partidas, e deu adeus ao campeonato. O Brasil não era eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo desde 1995, quando teve um saldo de uma vitória contra a Suécia pelo placar mínimo, uma derrota para o Japão e uma goleada sofrida diante da Alemanha.
Outra grande decepção da Copa, talvez até bem maior que a nossa, foi a seleção norte-americana. Uma das favoritas ao título, a equipe foi derrotada no último domingo, 6 de agosto, nos pênaltis pela Suécia nas oitavas de final do torneio. Dadas as expectativas de excelência que a seleção norte-americana estabeleceu desde que o esporte começou a florescer no cenário internacional — quatro títulos em Copas do Mundo e quatro ouros em Jogos Olímpicos —, o resultado foi, sem dúvida, catastrófico. No entanto, a desilusão com a equipe está além da histórica saída antecipada e deixa muitas lições.
Como atleta profissional que teve a imensa honra de defender seu país durante anos, eu jamais comemoraria a derrota de qualquer seleção do Brasil ou dos Estados Unidos, onde resido e tenho grandes amigos também envolvidos no esporte. Infelizmente, os últimos Mundiais e Jogos Olímpicos mostraram que há muita coisa envolvida no esporte além das espetaculares batalhas físicas e psicológicas. O exagero no discurso político tomou campos e quadras, e o que está sendo entregue por algumas equipes e atletas vem afetando nossa percepção e até a nossa torcida. Em alguns esportes, temos testemunhado um ativismo político cego que passou dos limites há tempos. Não foi diferente dessa vez, com as seleções femininas de futebol do Brasil e dos Estados Unidos e suas principais estrelas.
Antes de prosseguir, é preciso deixar claro que faço uma distinção óbvia entre a liberdade de qualquer esportista de se manifestar politicamente e a invasão de agendas político-partidárias em competições esportivas, dividindo um espaço reservado para a união de atletas, torcedores, culturas, povos e nações. Depois de quatro Olimpíadas e mais de duas décadas dedicadas ao voleibol brasileiro, posso tranquilamente afirmar que o esporte é o campo mais inclusivo, tolerante e diverso que alguém possa imaginar. Crenças ou religiões, opções sexuais, políticas, ideológicas… nada disso importa. E muito menos a cor da pele ou sua origem.
Tem lá sua ironia uma ex-atleta olímpica que agora é jornalista e estuda ciência política ser contra a politização do esporte, mas acreditem: separar esporte e política é tão importante quanto separar governo e economia ou Estado e Igreja. Para quem ama a real aura do esporte, é inaceitável que o espírito esportivo seja sequestrado por políticos oportunistas, dirigentes corruptos e atletas desmiolados — muitas vezes podres de ricos — induzidos ou mal informados, que usam competições, território pacificador, como arma puramente política e segregacionista.
A politização radical do esporte, que já combati em artigos, palestras e entrevistas no questionamento da injustificável incorporação de atletas transexuais no esporte feminino, homens com genética e estrutura física de homens, segue sua agenda de absoluta desfiguração do que deveria ser o terreno do congraçamento, da paz e da união dos povos — e da proteção inviolável das mulheres. Até o radical grupo marxista Black Lives Matter entendeu a força do esporte e conseguiu sequestrar atletas que, acima de qualquer entendimento sobre o que o grupo verdadeiramente defende, insistem em ajoelhar durante o hino dos Estados Unidos, em um grotesco pagamento de pedágio ideológico para o aplauso fácil e comum de uma plateia entorpecida pelo ativismo político e pela falta de informação.
Ironicamente, a eliminação e o colapso da seleção feminina de futebol dos Estados Unidos nesta semana se deram pelos pés de uma militante do Black Lives Matter — e de toda a agenda da esquerda radical na América —, Megan Rapinoe, a jogadora mais famosa da equipe. A atleta apoia, inclusive, a bizarra normalização de homens competindo com mulheres no esporte feminino. Em 2016, Rapinoe se juntou à turba ignorante de atletas que ganham milhões de dólares nos Estados Unidos e que alegam que a nação é opressora e racista. Atletas, alguns abertamente gays e tantos outros negros, endeusados por milhões de fãs em ligas esportivas milionárias, com salários e patrocínios milionários, e que decidiram se ajoelhar durante o hino americano por ser “um símbolo de um país preconceituoso e racista”.
A seleção norte-americana estava no topo do ranking como a número 1 do mundo desde junho de 2017 e nunca foi classificada abaixo da segunda posição. Nas oitavas de domingo passado, a Suécia derrubou uma dinastia. Há altos e baixos no esporte, fato. Potências perdem reinados e “underdogs” derrubam gigantes. Essa é uma das belezas do esporte. No entanto, não há nada mais marcante para quem pratica ou quem acompanha esse mundo esportivo maravilhoso do que declínios que poderiam ser evitados.
Confesso que foi triste ver Marta, uma das melhores jogadoras do mundo, despedir-se da Copa e dos campos sem os holofotes que imaginou para o futebol feminino no Brasil, que mal começou seu caminho e já se tornou um esporte chato de acompanhar exatamente pela agenda ativista que virou prioridade
O que vem acontecendo com atletas da NFL, NBA e agora da seleção feminina de futebol nos Estados Unidos, assim como com alguns atletas no Brasil, não é surpresa para os observadores mais atentos. Desde 2020, ano de eleição presidencial na América, a seleção feminina norte-americana entrou em absoluta decadência mental quando a imprensa ativista coroou Rapinoe, de cabelos roxos e atitudes antiamericanas, como o rosto inquestionável do futebol feminino no país. Nos últimos três anos, a estrela de um esporte para o qual nem os americanos ligam muito usou os holofotes do time para fazer crescer sua própria marca e propagar seu discurso ativista. O jogo, a competição e a representação da honra nacional ficaram em segundo plano para a autopromoção, a sinalização de virtude e o ativismo social radical centrado na máfia Black Lives Matter/turba LGBTQUXTZNGTRKLM+.
Para nenhuma surpresa, a estratégia de priorizar as páginas políticas e ideológicas saiu pela culatra. E será sempre assim. Confesso que foi triste ver Marta, uma das melhores jogadoras do mundo, despedir-se da Copa e dos campos sem os holofotes que imaginou para o futebol feminino no Brasil, que mal começou seu caminho e já se tornou um esporte chato de acompanhar exatamente pela agenda ativista que virou prioridade. Rapinoe foi como uma praga para as americanas, diminuindo a importância da competição e a relevância que poderiam ter recebido de milhões de torcedores. Ao longo da Copa do Mundo, o time não jogou com paixão e precisão, e em quatro jogos marcou apenas quatro gols e venceu somente uma partida. O ex-jogador de futebol da seleção americana Alexi Lalas alertou repetidamente ao longo dos últimos anos que o time dos Estados Unidos perderia o trono se continuasse a priorizar a agenda narcisista de Rapinoe. No último domingo, ele tuitou: “Não mate o mensageiro. Este #USWNT [time americano] está polarizando. Política, causas, posturas e comportamento tornaram essa equipe antipática para uma parte da América. Essa equipe construiu sua marca e derivou seu poder de ser a melhor/vencedora. Se isso acabar, elas correm o risco de se tornar irrelevantes”.
Em um campo sustentado em épicas batalhas esportivas para os participantes, e trégua política para os espectadores, tomar um lado político já é um risco, mas tomar o lado antipatriótico é muito pior — é desligar milhões de torcedores de qualquer evento no presente, amaldiçoando o futuro de atletas e do próprio esporte.
Fica o exemplo para as meninas do nosso futebol no Brasil. As americanas tiveram uma oportunidade incrível de avançar, não apenas para si, mas para o futuro do esporte. Se os americanos conhecessem essas jogadoras somente por sua garra em campo e seu amor pela nação, elas teriam o apoio de todo o país, como as seleções esportivas nacionais devem fazer. Em vez disso, escolheram o ativismo. Trocaram a garra patriótica pela guerra contra a pátria. Escolheram a notoriedade dos “likes” da turba em vez da unidade nacional.
Recentemente, li uma matéria em um site esportivo importante no Brasil e que considero perigosíssima para o futebol feminino no país. Eu diria até uma armadilha letal. A manchete estampava: “Futebol feminino é uma causa política. E quem não enxerga perde o bonde da história”. O primeiro parágrafo já lançava a baboseira de que a “luta das mulheres por valorização e visibilidade do futebol feminino se trata, em essência, de um movimento político”. O texto, depois disso, falava apenas sobre Lula/Bolsonaro/Lula e de como Lula era um ser abençoado para o esporte nacional, enquanto Jair Bolsonaro foi o demônio na Terra contra o esporte feminino. Em outro artigo, um comentarista esportivo afirmava que o foco das jogadoras deveria ser o “legado político que deixarão”, a concentração de seus esforços na agenda contra a misoginia, razão pela qual seus salários são inferiores, blá-blá-blá…
Cuidado, meninas. Muito cuidado. Não entrem nessa.
Esportistas, hoje, no mundo, fazem parte de um panteão de ídolos que servem de modelo e exemplo para as crianças que veem neles, ou deveriam ver, o resultado positivo de anos de esforço, dedicação, persistência, resiliência, superação — e honestidade. Atletas profissionais podem se tornar protagonistas dos sonhos das próximas gerações, não apenas de esportistas, mas também de civis e militares que defenderão o país com a própria vida nos cantos mais remotos e perigosos do mundo, assim como policiais que colocam sua vida em risco todos os dias por todos nós.
Megan é o mais recente exemplo de que, quando o esporte se embriaga com o ativismo, o resultado é sempre uma dor de cabeça inesquecível e uma ressaca histórica. Depois de anos demonizando seu próprio país, Rapinoe se aposenta representando a definição do dicionário de “justiça poética” — batendo um pênalti para fora que ajudou a selar o cruel destino do time de futebol feminino dos Estados Unidos. O fã-clube da atleta, que inclui a imprensa militante, tem apontado o dedo para os conservadores que não estão arrasados com a derrota americana e criticam a postura dessa seleção. A questão é tão simples: esporte é união. Se você não reivindicar lealdade à América ou ao Brasil quando vencer e estiver no topo, não espere que americanos e brasileiros deem a mínima quando você perder.
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Como fã de esporte tenho que concordar: lacração em campo, quadra ou pista é muito chato. A expectativa pela batalha, o clima na torcida e o amor pelo time, ou pela Nação ali representada, tomam uma ducha de água fria. O atleta se transforma naquele penetra que estraga a festa e esmurra o bolo.
Como diria aquele filósofo: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa “.
EXCELENTE!
Colheram o que plantaram. Militantes de esquerda querendo impor sua agenda se aproveitando do esporte. Não tinha como da certo.
não vou ver Rogers Waters, que em seu show coloca suas posições políticas. A mim interessa a música e não o que ele pensa ideologicamente. Simples assim. Quero apreciar a arte, como o esporte, somente pela essência.
Parabéns!
Ótimo texto. Parabéns!
Todos aqueles que saem de seu foco de especialização para levantar a bandeira ideológica, tende a se perder e nunca mais ser achado.
O Esporte é uma modalidade que requer foco na camisa que está vestindo, dando o seu melhor, pois é um trabalho, como outro qualquer, mas que tem potencial de visualização mundial. Se estiver representando o país, vista a camisa e de o seu melhor, como um patriota e não como um ativista ou ideológico político.
Alguns núcleos religiosos adentraram o campo ideológico e político, fazendo com que seguidores religiosos abandonassem estes núcleos. O cidadão vai ao núcleo religioso a procura de consolação, de força espiritual, de esperança, de fortalecimento da Fé e, de repente, encontra encontra ali alguém falando de política, sem ser político profissional, e tendendo para um lado da política, abandonando a palavra de vida eterna, para se apegar a palavra tempestiva.
No jornalismo, idem, falam e escrevem uma versão parcial dos fatos, fazendo com que o cidadão se frustre.
E vai por aí.
Precisamos voltar e rever o que deixamos de valor, procurarmos nos curar das doenças, que os vícios do materialismo nos trouxe e os abraçamos, sem perceber em que campo estávamos adentrando, esquecendo-nos dos ensinamentos de nossos pais, em especial, das mães que ensinavam seus filhos a elevar o pensamento a Deus e Louvar, Agradecer e Pedir (se necessário). Se colocarmos Deus em tudo que fizermos, faremos bem feito o que estiver sob nossa responsabilidade e nossas ações serão construtivas e benfazejas, não prejudicando nosso semelhante na obtenção de aplausos, troféus, palanques, cargos, mandatos…
Onde há integridade, ordem e amor, políticos e politicagens não entram.
Brilhante texto Ana.
Vi no Instagram do Saia Justa (GNT) a Gabriela Priole (acho q esse é o nome), falando da falta de estrutura e de sabermos valorizar o futebol feminino (e eu pensando que essa técnica já estava a mais de 1 ano – ainda com Bolsonaro), que os governos não valorizam, que as mulheres ganham menos, todo esse discurso.
Fiz um comentário simples: que era questão de gosto, não gostava do futebol feminino, achava chato e parecia jogo de várzea.
Nossa, como fui xingada (o amor vendeu) até que a culpa de não gostar do futebol era do patriarcado.
Ana Paula com mais um artigo cirúrgico apresentando os malefícios do ativismo político.
O planeta terra tornou-se um lugar muito chato para convivência entre os humanos.
Na minha infância e adolescência a 50… 60 anos nossa turma tinha o Gordo, o Fininho, a Girafa, a Olivia Palito, a Dentuça, o Negão, o Vesgo, etc.
Ninguém se sentia ofendido ou tenha entrado em depressão, tentado suicido ou outra atitude agressiva.
Quando nos reuníamos para jogar futebol entre os meninos (nesta época meninas não jogavam futebol) ou voleibol com times mistos entre meninas e meninos às vezes havia brigas, mas concluídas as intermináveis partidas do 5 muda… 10 ganha, todos saiam abraçados como se nada tivesse acontecido.
A seleção de futebol tri campeã no México em 1970 tenho a escalação do time até hoje na memória. Do time atual não sei nem quem é o goleiro.
Nas décadas de 80, 90 e até início dos anos 2000 levantava de madrugada para assistir às memoráveis partidas da seleção das meninas – Ana Paula – Ana Moser (hoje dedicando-se em tempo integral à militância) – Jaqueline, Fernanda Venturini, Fofão, Leila (que também aderiu à militância) e dos meninos Bernard, Carlão, Marcelo Negrão, etc.
Nos anos 80 e início de 90 não perdia uma corrida de F1 nas madrugadas com os shows de Ayrton Senna, principalmente com pista molhada.
O placar construído pelo mesmo título deste artigo na Copa do Mundo dos estádios da primeira era petista em 2014 fiquei sabendo no dia seguinte pois não assisti a nenhum dos jogos.
Não sou alienado, mas hoje não acompanho nenhum esporte porque a disputa dentro dos campos, quadras, mesas, alvos, remos, pistas, etc cedeu lugar a discussões que não refletem os anseios de torcedores que querem vibrar e “jogar junto” com seus ídolos hoje em número cada vez menores.
Simples e precisa a Colunista.
Eles morrem pela ignorância, o esporte é uma singularidade da arte que é universal não tem nada a ver com a política. Desde criança que aprendi, a vitória no futebol vem quando você coloca a humildade na mente e o coração no bico da chuteira. É uma coisa que o menino Vinícius Jr não aprendeu ainda. Você faz parte de 1% dos privilegiados da humanidade neste planeta, você é abençoado faça como Daniel Alves que apanhou a banana jogada pra ele e a comeu, o Barcelona foi pro alge
Aperto os textos da Ana Paula! Ela é demais! Parabéns!
Conseguiram estragar a empatia que existia com a seleção americana. Muita gente falou mal delas por conta de gente doente como Megan Rapinoe nas redes sociais. É difícil se livrar dessa agenda em qualquer lugar, inclusive no esporte. Resultado : Não torci para EUA e Brasil pela primeira vez. Quem não honra sua bandeira, hino e camisa, não merece vencer no esporte.
Imagine alguém que ama copas do Mundo e assiste todos os jogos e coleciona todos os álbuns criando um temor em quem tenta discutir ou debater isso em alto nível. Essa pessoa sou eu, só que o problema é que conheço também muito de política e sei o que essa agenda nefasta pode fazer com o esporte. Resultado. Torci pela primeira vez na vida contra os EUA e Brasil no feminino. Quem não respeita sua bandeira, hino e País não merece vencer. Lamento pela Alex Morgan que caiu na conversa doentia e irracional da colega ativista Megan Rapinoe.
Muita gente nos EUA torceu para a Suécia porque viu nessas jogadoras, pessoas que odeiam a bandeira americana. Burras como uma porta, acabaram misturando esporte com ideologia política irracional. A seleção feminina do Brasil também fez bobagens. Não fiquei triste pela eliminação do Brasil por essa mesma causa. Nunca aconteceu isso. Sei todas as copas do Mundo tanto masculina como feminina. Tenho todos os álbuns completos de todas as copas, inclusive das que não tiveram álbum e ninguém se atreve a me questionar nesse assunto que tanto amo, mas misturou ideologia de esquerda, automaticamente cria antipatia de quem sabe o que significa isso. Resultado : Torci contra EUA e Brasil. Não merecem representar a camisa e bandeira de seu País, se não existe respeito e honra.
O que ocorre hoje com a seleção feminina, é o mesmo já definido na seleção masculina. Na copa passada o treinador Tite , com sua objeção direta ao Presidente Bolsonaro, provocou na população brasileira um certo afastamento de seu torcedor. Esporte e política não são conciliáveis.
A justiça poética é demorada, mas quando chega, resolve todos os problemas.
Essa Rapinoe é insuportável. Uma verdadeira ave de rapina com penacho colorido. Eu achei foi bem feito para elas nos dois casos. Um pouco de humildade para essas senhoras.
Parabéns pelo escrito, Ana Paula.
Gosto de como você aborda e escreve
Justiça poética e patética à seleção americana