Em 2014, quando começou a operação Lava Jato, a Odebrecht tocava obras em 24 Estados brasileiros e mais de 70 países. Nos dez anos anteriores, movimentara cerca de R$ 35 bilhões em contratos diretos e em parcerias com a Petrobras. Nesse mesmo período, estima-se que a empreiteira tenha desembolsado R$ 1 bilhão em propinas.
Enquanto vigorou a maior operação anticorrupção do planeta, a Odebrecht teve quase todo o seu primeiro escalão transferido para a cadeia, e os investimentos públicos despencaram. “A empreiteira passou de mais de 150 mil funcionários e um faturamento superior a US$ 22 bilhões para cerca de 22 mil colaboradores e uma receita de US$ 1 bilhão”, conta Carlo Cauti, na reportagem de capa desta edição.
Durante uma reunião entre os diretores da empresa e consultores externos, um dos convidados foi direto ao ponto: “Odebrecht virou sinônimo de corrupção, é preciso mudar o nome”. Com o regresso de Lula ao Planalto, a estrela do elenco de empreiteiras que atuou no escândalo do Petrolão está voltando à cena do crime rebatizada de Novonor (o “nor” é uma duvidosa homenagem ao fundador, Norberto Odebrecht). De “novo”, contudo, até agora não se viu nada. Os métodos são os de sempre.
Assim como a parceria entre governos petistas e empreiteiras, também parece irremovível a situação de calamidade que atormenta o Maranhão. O Estado governado durante oito anos por Flávio Dino, agora ministro da Justiça e Segurança Pública, é o tema da reportagem de Anderson Scardoelli e Evellyn Lima. A edição mais recente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), por exemplo, mostra o Estado na 25ª posição entre as 27 unidades federativas, à frente apenas do Amapá e do Rio Grande do Norte.
Menos de 12% dos maranhenses têm acesso à rede de esgoto, e pouco mais da metade é alcançado pela distribuição de água potável. A renda mensal média de um paulista, por exemplo, é de cerca de R$ 2 mil. A de um maranhense não passa de R$ 409. É a menor do país.
Dino poderia ter pedido ao ChatGPT sugestões sobre o que fazer para melhorar esses índices indigentes. Foi o que fez a redação de Oeste. A inteligência artificial propôs, por exemplo, a ampliação dos investimentos em educação de qualidade e em desenvolvimento rural. “O Maranhão tem uma economia rural significativa”, explicou o ChatGPT. “Investir em agricultura sustentável, fornecer treinamento agrícola, acesso a mercados e apoio aos pequenos agricultores pode impulsionar a economia rural.”
Caso não saiba lidar com a ferramenta, o ministro pode ler a reportagem de Dagomir Marquezi, um manual com 18 usos práticos do Chat. Lá estão informações sobre como traduzir textos, montar um currículo, compor uma música ou preparar uma campanha publicitária.
Entre as boas notícias desta edição, a mais relevante é a volta de Guilherme Fiuza ao time de colunistas semanais de Oeste. Na reestreia, Fiuza publica um diálogo que escancara o estado de beligerância em que vivem incontáveis brasileiros neste 2023. A conversa imaginária começa com uma pergunta muito pertinente: “Você curte futebol feminino?”.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
Muito bom o Fiuza incorporado ao time.
Ótima edição! Fico muito feliz por termos a Revista Oeste para nos informarmos com qualidade e alto nível do time de jornalistas e colunistas. E não posso deixar de comentar o quanto estou feliz pela volta do Fiuza!
Valeu Branca Nunes e a todo o time da Oeste, por estarem sempre na busca de manter o verdadeiro jornalismo vivo, que fala a verdade, para o nosso Brasil!
Grande edição.!
Salve, Guilherme!
Maravilha o Manual do ChatGPT, do Dagomir Marquezi!
E a reportagem de capa está ótima e arrepiante como deve ser um filme de terror.
Parabéns ao Cristyan Costa pela sua atuação como repórter em Brasília.