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Moradia em Pari-Cachoeira (AM, 31/8/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste
Edição 181

Carta ao Leitor — Edição 181

A diligência realizada pela CPI das ONGs numa tribo indígena da Amazônia e o primeiro Sete de Setembro do terceiro mandato de Lula estão entre os destaques desta edição

Redação Oeste
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Convidado a registrar o que mais o impressionou na primeira viagem à Amazônia, o repórter Cristyan Costa descreveu em 30 linhas imagens que contrastam dramaticamente com o palavrório produzido por celebridades que nunca visitaram a região que abriga a maior floresta tropical do planeta. Vale a pena reproduzir nesta Carta ao Leitor trechos do relato do jornalista de 27 anos, que faz parte da equipe de Oeste desde o nascimento da revista, em março de 2020, e que recentemente mudou-se para Brasília para reforçar o time da revista na capital federal.

Uma densa névoa ainda cercava a Floresta Amazônica às 6h30, quando o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou da base militar de Manaus em direção a Pari-Cachoeira, a três horas de voo dali. Meia hora depois, já a mais de 2 mil pés de altura, a cortina de nuvens se dissipou, revelando o mar verde salpicado do amarelo de inúmeros ipês. A imensidão de árvores se prolongava pela paisagem até onde os olhos podiam alcançar.

Ao longo do trajeto em linha reta do bimotor EADS CASA C-295 — usado em expedições da FAB na região e considerado um dos mais rápidos que a Aeronáutica tem à disposição —, rios de águas acinzentadas serpenteavam a mata e reluziam ao sol. Quase não havia sinal de desmatamento no percurso de mil quilômetros entre a capital do Estado e o município de São Gabriel da Cachoeira.

Chega-se ao destino, abrem-se as portas da aeronave, e o bafo quente e úmido do mormaço de 40 graus Celsius invade o avião climatizado. Um grupo de cerca de 20 indígenas aguardava a diligência composta de 25 pessoas da CPI das ONGs do Senado. Trajados como pessoas da cidade e falando bem o português, abrem o sorriso quando recebem gente de fora e garantem que não são avessos a novidades. Sem rodeios, começam a contar suas queixas. “Que bom que estão aqui”, diz um homem rechonchudo de meia-idade e baixa estatura. “Queremos denunciar a pobreza na qual vivemos.”

O depoimento se confirmou logo na chegada à aldeia indígena. A estrada de terra que leva ao local vira um lamaçal em dias de chuva. Dezenas de moradias de taipa e madeira compõem o cenário. São quase 9 horas e há bastante gente, mas nenhum automóvel, exceto o veículo cedido pela base militar localizada a poucos metros do local. O posto serve como uma estação do governo a poucos metros da fronteira entre o Brasil e a Colômbia.

Homens capinando roças improvisadas, mulheres estendendo roupas em varais improvisados e crianças e adolescentes na rua são atividades que fazem parte da rotina diária dos moradores. A impressão que se tem em Pari-Cachoeira não é de que as horas passam mais devagar — mas de que o relógio parou. Sem ventiladores ou ares-condicionados, as pessoas tomam água frequentemente e carregam nos bolsos panos para enxugar o suor que escorre na pele acobreada do rosto com os traços marcantes da etnia tucanos.

Pari-Cachoeira está, de fato, atrasada no tempo do desenvolvimento. Os indígenas locais culpam as ONGs ambientalistas e querem a saída imediata delas daquelas terras.

O restante do material coletado por Cristyan está numa reportagem publicada na edição desta semana de Oeste, que trata na capa da lavagem cerebral cada vez mais comum dentro das salas de aula. Em vez de português, matemática ou ciências, as escolas passaram a concentrar-se em assuntos como ideologia de gênero, LGBT, reforma agrária e outras causas defendidas por professores de esquerda.

Também figura entre os destaques da edição a coluna de Augusto Nunes, que comenta o primeiro Sete de Setembro do terceiro mandato de Lula. “Até os napoleões de hospício entenderam o recado: o Brasil decente não comemora o Dia da Independência sob um governo infestado de liberticidas“, observa Nunes. “Não houve plateia nos festejos organizados por quem sonha com o assassinato das liberdades democráticas. Nem haverá, avisam os vídeos que eternizaram o mais constrangedor momento do Sete de Setembro em Brasília: de pé no carro presidencial, o primeiro casal acena para ninguém.”

Boa Leitura

Branca Nunes

Diretora de Redação

Capa da Revista Oeste, edição 181 | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
8 comentários
  1. Paulo Roberto Polidoro
    Paulo Roberto Polidoro

    Que Deus abençoe esta revista. Que esta revista seja nosso bastião. E tenham certeza, vocês que produzem esta revista: não estarão sozinhos; vocês na frente e milhões de cidadãos atrás. Venceremos estes vermes.

  2. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Cabe a nós, pais e mães, acompanhar de perto a educação de nossos filhos e sempre bater de frente quando enxergar algo errado.

  3. ALCINDO ALVES DOS REIS FILHO
    ALCINDO ALVES DOS REIS FILHO

    EU SO QUERIA ENTENDER UMA COISA: “PORQUE TODA A IMPRESSA BRASILEIRA OPTOU POR ACEITAR O RESULTADO DAS URNAS” MESMO SABENDO QUE O LULA NÃO VENCEU!

    1. Paulo Roberto Polidoro
      Paulo Roberto Polidoro

      Porque todos esperam seu quinhão.

  4. Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva
    Luzia Helena Lacerda Nunes Da Silva

    Parabéns, Branca, pela direção de Oeste, que se supera a cada edição, e pela reportagem de capa.

  5. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Só na expectativa de ler uma revista de verdade

  6. Luiz Antônio Alves
    Luiz Antônio Alves

    Hoje a tarde terei tempo para ler toda a revista. Fico mais aliviado em saber que existem jornalistas independentes (não sei até quando) e profissionais. Tive um tempo que travalhei em “veículos de comunicação” aqui na região. Era uma atividade paralela a minha de cunho profissional (judiciário) e com professor universitário. Então, tenho um sentimento de ver o que está aconeendo em volta (macro). Só aviso a Branca que aqui o assunto principal nesta semana foi a catástrofe das enchentes. Poucas pessoas percebram o tamanho do evento. Só 2 ou 3 dias depois é que perceberam que a coisa estava feia, graças a canais de tv sérios, internet, grupos de uatas, etc. Imaginem que em princípio o Lula deve ter achado bom que tenha havido esta enchente no RS para mostrar aos gaúchos o que é pagar o pato. Como a Glaisi que deu graças a deus pela pandemia no governo Bolsonaro… Agora a gente vê que os trabalhadores foram atingidos não só com a destruição de seus lares e também das empresas em que trabalhavam… Pequenos produtores rurais que perderam tudo incluindo suas galinhas, porcos, vacas, cavalos… E o Lula disse que é presidente do pobres, pequenos e trabalhadores. Só o imposto sindical novo corroi o valor do aumento do salário-mínimo. Como um covarde não quis ver de perto o que estava acontecendo. As hidroelétricas construídas na base da corrupção em vários pontos de rois importantes da serra gaúcha não em alarmes e programas de evacuação e planos emergenciais contra enchentes. A amane do Lula recebia dinheiro para liberar projetos dessas hidroelétricas em todo o interior do Brasil. Isto a imprensa não sabe porque cobre o que é visível em Brasília ou em capiais. O interior está cheio de obras superfaturadas com grande esquema de corrupção. Todo mundo sabe aqui no sertão profundo. Quando postei no meu face as fotos da cachoeira da Mulada (interior de Caxias do Sul) e da água passando por cima da Ponte do Korff (também na Mulada) todo mundo aqui sabia que aquela á desceria. Se a água chegava até o assoalho da ponte de 24 metros de altura imagina como chegaria nas cidades ribeirinhas serra abaixo… Mas a maioria dos políticos m]ap sabe p que [e morar no interior e principalmente numa região que é um berço natural das águas que correm 1000 metros de altitude para baixo chegando no Guaiba. Em outras oportuniades a água ficava a 5 metros do assoalho da ponte. E agora estaba passando por cima… Por que o STF não deu 24 horas para o goerno federal ajuar os gaúchos? Somente hoje o vice se reuniu para ver o que vão fazer… Diz para o Lula doar os presentes que ganhou em seus mandatos e fazer um leião e dorar o dinheiro para reconstruir cidades?

  7. Joel Luiz Oliveira Rios
    Joel Luiz Oliveira Rios

    Uma coisa temos que reconhecer, o MST, o PT e o partido comunista estavam bem representados através do vestuário da primeira dama. Com certeza, deve ter dado muito orgulho ao descondenado e ex presidiário presidente.

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