O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), admitiu estar preocupado com a possível vitória do candidato liberal Javier Milei nas eleições argentinas. “É natural que eu esteja”, disse o ministro. “Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa”.
Hermanos, estoy con miedo
A Argentina é o quarto maior parceiro comercial do Brasil. Durante a campanha, Milei chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária”. Em relação ao Mercosul, o candidato do partido La Libertad Avanza disse que, caso seja eleito, a Argentina “seguiria seu próprio caminho”.
“É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul”, observou Haddad. “Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o que para merecer esse tipo de tratamento?”. O ministro esqueceu de citar o bilhão de dólares que o governo brasileiro mandou liberar para o atual governo peronista através do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Além da amizade pessoal entre Lula e o atual presidente argentino, Alberto Fernández, que chegou a visitá-lo na prisão em Curitiba depois de ser eleito. Por último, o PT despachou vários marqueteiros para tentar ajudar o candidato governista, Sergio Massa, a recuperar votos.
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Mais otimismo entre CEOs
A maioria dos CEOs que trabalham no Brasil se declarou confiante com as perspectivas de desempenho financeiro de suas empresas nos próximos 12 meses. Segundo o estudo CEO Outlook Pulse, produzido pela consultoria EY, 82% dos executivos estão otimistas com o futuro. Entre eles, 66% estão moderadamente otimistas, enquanto 16% dizem estar significativamente mais otimistas em relação à edição anterior da pesquisa, realizada no início de 2023.
A pesquisa faz parte de um estudo mundial que ouviu mais de 1,2 mil CEOs de empresas com receita superior a US$ 1 bilhão.
Entre os maiores riscos que podem impactar o desempenho dos negócios, os executivos indicaram a tecnologia ou a disrupção digital, incluindo ameaças cibernéticas (78% das respostas), a volatilidade do mercado (76%), os conflitos geopolíticos e as tensões comerciais entre os países (74%) e riscos regulatórios (72%). Interessante notar que pautas ESG (sigla em inglês para “sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa”) também são consideradas riscos consideráveis entre os entrevistados, com 68% das preferências.
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Novos recordes na balança comercial
A balança comercial brasileira alcançou um novo superávit em setembro: US$ 8,9 bilhões. O valor superou o do mesmo período de 2022, quando tinha sido de US$ 3,7 bilhões. Nos primeiros nove meses do ano, o saldo da balança comercial chegou ao valor recorde de US$ 71,3 bilhões, o maior na série histórica.
A melhora do superávit das contas do Brasil com o exterior ocorreu pelo aumento do volume exportado e pela redução no volume importado. O volume exportado cresceu 7,4% e o importado caiu 11,6 % na comparação interanual do mês de setembro de 2022 e 2023. Mas os preços das exportações caíram 7,6%; e o das importações, 11,6%.
As commodities continuam liderando o resultado da balança comercial brasileira, principalmente nos setores agropecuário e extrativo. Juntos, eles correspondem a 48% das exportações brasileiras em setembro. Somando produtos classificados como commodities, mas que fazem parte da indústria de transformação (suco de laranja, gasolina, entre outros), chega-se a 74% do total exportado.
Para a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2023 o superávit da balança comercial brasileira vai atingir o maior valor na sua série histórica. As previsões foram revisadas positivamente, passando de US$ 84,7 bilhões para US$ 93 bilhões.
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Novos recordes na Petrobras
A Petrobras atingiu um novo recorde de produção de petróleo no terceiro trimestre de 2023: 3,98 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia. O resultado representa uma alta de 7,8% em relação ao trimestre anterior, e foi possível graças à entrada em operação de novas plataformas em importantes campos petrolíferos do pré-sal.
Em setembro o recorde foi ainda maior: 4,1 milhões de boe por dia, resultado 6,8% superior ao registrado em agosto.
Os recordes também contaram com a contribuição de um menor número de paradas para manutenção das plataformas no período.
A Petrobras registrou também um novo recorde na extração e no processamento de gás natural no pré-sal. O processamento de gás natural em Caraguatatuba (UTGCA) e Cabiúnas (UTGCAB) foi de 28,96 milhões de metros cúbicos por dia de gás em setembro deste ano. A marca anterior mais alta havia sido de 27,27 milhões de metros cúbicos por dia, em março de 2022.
O mercado está de olho na petroleira, que desde o começo do ano já registrou uma valorização de quase 60% de suas ações listadas na B3. A alta também foi possível graças ao aumento da cotação do petróleo internacional, que está beirando os US$ 100 por barril.
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Voa, Embraer
A Embraer está ganhando cada vez mais espaço no segmento de defesa aérea. O cargueiro C-390 Millennium está gerando interesse em vários países. A força aérea da República Tcheca anunciou as negociações para aquisição do modelo.
A Embraer já tinha vendido cinco C-390 para Portugal e outras duas aeronaves para a Hungria. No ano passado, o cargueiro tinha sido escolhido pela força aérea da Holanda, ganhando a disputa com o C-130J, da americana Lockheed Martin. Todos os países fazem parte da aliança militar ocidental Otan.
No mês passado, o Ministério da Defesa da Áustria anunciou testes com os aviões da Embraer para substituir seus cargueiros Lockheed Hercules C-130. A Suécia também está negociando a compra do C-390, e as negociações poderiam envolver a entrega ao Brasil de mais exemplares do caça Gripen.
Na Ásia, a Coreia do Sul poderia ser a próxima compradora, assim como a força aérea da Índia, país que está comprando um grande número de equipamentos militares.
A Embraer prevê vender 490 unidades do C-390 nos próximos 20 anos. O Brasil é o principal mercado, com 22 aeronaves desse modelo já adquiridas.
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Nubank vale mesmo US$ 100 bilhões?
O Nubank poderia se tornar mais uma surpresa para o mercado financeiro brasileiro. Um relatório do Morgan Stanley indicou que o valor de mercado do banco digital brasileiro pode crescer quase três vezes até 2026, chegando a US$ 100 bilhões.
Isso significaria que o Nubank valeria o dobro do Itaú, atualmente o maior banco brasileiro, que vale cerca de US$ 50 bilhões.
Para alcançar esse patamar, o Nubank deveria triplicar seu valor, que hoje é avaliado em cerca de US$ 36 bilhões. Todavia, para o Morgan Stanley — que deu indicação de compra das ações do banco para seus clientes — isso é mais que possível, pois o Nubank está no caminho para construir uma operação relevante e rentável no Brasil, negócio que pode se tornar ainda maior graças à cross-selling (“venda cruzada”) de produtos para a base de clientes “grande e fiel”.
Além disso, os analistas acreditam que o Nubank pode replicar com êxito seu modelo de negócios no México e na Colômbia, atingindo 45 milhões de clientes nos próximos cinco anos nos países.
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Diga ao Rio que fico
A RIOgaleão informou que quer continuar administrando o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
A concessionária, controlada pelo Grupo Changi, de Singapura, notificou seu interesse ao Ministério de Portos e Aeroportos, à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e à Coordenação da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos.
No começo de 2022, a RIOgaleão tinha ameaçado devolver a gestão do aeroporto por causa da redução do fluxo de passageiros nos últimos anos, o que tinha provocado um desequilíbrio financeiro para a empresa.
A solução foi encontrada com uma resolução do governo, que forçou a transferência de voos do Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio, para o aeroporto localizado na Ilha do Governador.
Agora a palavra final está com o governo federal e com o Tribunal de Contas da União (TCU), que devem autorizar a permanência.
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Petz além do varejo
A Petz está se preparando para mudanças importantes em 2024, com novas sinergias e aquisições. O CEO do gigante do mercado pet, Sérgio Zimerman, já anunciou que o próximo ano terá novidades. Mas a empresa está se antecipando para revolucionar parte do seu negócio.
A Petz já começou a melhorar sua estrutura digital, integrando seu aplicativo com outros serviços. Agora, além da venda de produtos para animais domésticos, já se pode agendar vacina ou consulta veterinária na Seres, rede de clínicas veterinárias da Petz, sem ter que baixar outros apps.
O programa de fidelidade mudou de nome, virou Clubz, e foi potenciado para melhorar a jornada do cliente.
Nos últimos meses, a Petz protagonizou a aquisição de várias empresas do setor, como a Zee.Dog e a Petix. Em um setor com margens tão apertadas, vence quem deixa o negócio mais eficiente.
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Shein é (mais ou menos) do Brasil
A Shein quer ser menos chinesa e mais brasileira. O site ganhou popularidade vendendo roupas importadas da China por preços menores que os das varejistas nacionais. Mas agora quer começar a produzir no Brasil.
A empresa divulgou um ambicioso plano de investimentos: R$ 750 milhões utilizados para montar uma rede com centenas de fornecedores e uma produção 100% brasileira.
O problema é que a Shein não divulgou números sobre as vendas desses itens fabricados em território brasileiro. E o mercado já está demonstrando uma boa dose de desconfiança sobre o plano.
Em abril, a Shein anunciou que iria nacionalizar mais de 80% de sua produção e gerar mais de 100 mil empregos. O anúncio antecipou a adesão da plataforma ao regime de Remessa Conforme, da Receita Federal. O novo regime quase dobrou o preço dos produtos importados por causa da eliminação da isenção tributária na maioria dos envios e da aplicação de impostos federais e estaduais.
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As dores da indústria, segundo a CNI
Os industriais brasileiros estão preocupados com a baixa demanda interna, a alta carga tributária e os juros elevados. Esse é o resultado da Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada entre os empresários do setor no terceiro trimestre.
A novidade da pesquisa é que o humor dos industriais está se deteriorando. A sondagem mostrou um recuo de até seis pontos percentuais em relação ao segundo trimestre.
A sondagem foi realizada entre os dias 2 e 13 de outubro, sendo entrevistadas cerca de 1,7 mil empresas de pequeno, médio e grande porte.
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Além do lítio: o futuro da mobilidade elétrica são as baterias de sal
Uma das questões mais controversas para o setor de carros elétricos são as baterias de lítio. O mineral é caro e tem preço crescente. Suas reservas estão localizadas principalmente em países pouco estáveis, como a Bolívia ou a Argentina. E o transporte da matéria-prima até a fábrica de baterias é uma complicação a mais.
Entretanto, o lítio não é o único mineral capaz de estocar energia. Existe a possibilidade de produzir baterias usando materiais muito mais econômicos e disponíveis na natureza — como o sal.
A empresa italiana FIAMM, presente no Brasil com uma planta em São Bernardo do Campo (SP), está desenvolvendo uma bateria de sal para veículos elétricos e também para plantas industriais. Entre seus clientes estão Petrobras, Saudi Aramco e Exxon, além do metrô de São Paulo.
Confira a entrevista com o CEO global da empresa, Giovanni Zoli:
Como surgiu a ideia de criar baterias de sal?
Há cerca de 15 anos, percebemos que as baterias à base de chumbo se transformariam em algo pesado e não adequado para responder às exigências da transição energética. Começamos a desenvolver uma tecnologia baseada no sódio e no níquel, e conseguimos produzir uma bateria à base de cloreto de sódio, o sal de cozinha. O mesmo que usamos para a água do macarrão.
Qual é a principal vantagem dessa bateria, além da economia?
Menor risco de explosão em relação às baterias de lítio. Melhor desempenho em situações de calor ou de frio extremo. Por isso essa bateria é utilizada em plataformas petrolíferas ou em plantas de extração de petróleo no deserto, por exemplo. E é completamente reciclável. Tudo isso com grande desempenho de acúmulo de energia.
As baterias já estão sendo utilizadas em veículos elétricos?
Sim, já são usadas em ônibus elétricos de várias cidades europeias e dos Estados Unidos, entre outros países. No momento, a tecnologia é mais adequada para o transporte coletivo e para veículos comerciais. Mas estamos trabalhando para adaptar a tecnologia para os carros individuais.
O que acontece quando a bateria de sal reduz seu desempenho no veículo, após anos de uso?
Ela pode ser reciclada em uma central de produção de energia de fontes fotovoltaicas. Com as baterias de sal, a energia pode ser armazenada em grandes acumuladores e transferida para a rede elétrica quando necessário. Ao aplicar acumuladores de sal em sistemas fotovoltaicos ou eólicos, criam-se ilhas energéticas autônomas, energeticamente eficientes.
Qual é o maior problema das baterias de lítio?
O mercado dos carros elétricos está crescendo muito, mas poderá enfrentar uma dificuldade de extração do lítio, além do seu custo elevado. E a commodity é controlada em grande parte por empresas chinesas, o que pode criar problemas para produtores de baterias ocidentais. O sódio é o sexto material mais presente na natureza. Podemos obter enormes quantidades basicamente de graça direto do mar, sem grandes dificuldades.
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Uns diz que tá tudo economicamente, vem essa agora e diz que tá bem???????????????????
Da até para ficar discretamente otimista depois de ler as atualizações do professor Carlo