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O Cemitério Rakowicki é iluminado por velas durante o Dia de Todos os Santos, na Cracóvia, na Polônia (1º/11/2023) | Foto: Jakub Porzycki/Agencja Wyborcza, via Reuters
Edição 189

Imagem da Semana: o Dia de Todos os Santos na Polônia

Poloneses têm a tradição de acender velas e oferecer comida para os mortos, num dos principais feriados religiosos do país

Daniela Giorno
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À medida que chega a noite, o aroma e o brilho quente das velas pairam sobre os cemitérios poloneses, trazendo uma atmosfera de serenidade e um estado onírico. Nos dias 1º e 2 de novembro, cidadãos da Cracóvia celebram um dos feriados religiosos mais significativos e solenes, o Dia de Todos os Santos. É um evento em que famílias católicas costumam fazer uma peregrinação aos cemitérios, a fim de relembrar os mortos. Tradicionalmente, os familiares limpam os túmulos, depositam flores, acendem velas e oferecem uma oração silenciosa em memória dos entes queridos.

Vista aérea do Cemitério Rakowicki, iluminado por velas durante o Dia de Todos os Santos, na Cracóvia, na Polônia (1º/11/2023) | Foto: Jakub Porzycki/Agencja Wyborcza, via Reuters

Outro costume interessante que acontece em algumas regiões da Polônia, Bielorrússia e Ucrânia é a venda de doces caseiros na entrada dos cemitérios, como o mel turco, ou miodek turecki, que pode ser coberto com caramelo, cacau ou nozes trituradas. Esses doces são levados aos túmulos como símbolo de fartura. Em muitas culturas, o mel é considerado um alimento dos deuses ou uma substância derivada do além-mundo.

João Paulo II ajoelhado no túmulo de seus pais (Karol e Emilia Wojtyła), na Cracóvia, na Polônia, em junho de 1979 | Foto: Chuck Fishman/Reprodução

Assim como tantos costumes incorporados ao catolicismo, essa cerimônia tem raízes pagãs e foi estabelecida como um dia sagrado de obrigação no ano 998, para substituir a antiga tradição eslava Dziady, um ritual folclórico que homenageava os antepassados. Acreditava-se que os mortos se juntavam aos vivos — as almas que deixaram a vida retornariam para suas famílias nesses dias. Então, as velas eram deixadas ali para mostrar aos desencarnados o caminho para o nosso mundo. Pela mesma razão, os vivos costumavam acender o máximo de velas possível. Além disso, tinham que preparar um elaborado banquete para acolher as almas dos que já haviam falecido. À mesa eram postos lugares para os antepassados, ​​e muitas vezes acendiam-se fogueiras nas estradas, mostrando-lhes o caminho para casa. Um espírito esquecido em Dziady traria azar. Melhor não brincar com a sorte.


Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma fotografia relevante na semana. São imagens esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.

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1 comentário
  1. Jenielson Sousa Lopes
    Jenielson Sousa Lopes

    Cultura. Vamos levar cultura pra esse povo heheheh.
    Aqui na minha cidade, Vila Nova dos Martírios Maranhão, o cemitério ficou tomado pelas chamas das velas.

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