Depois da escalada de terror em El Geneina, principal cidade de Darfur Ocidental, no Sudão, o número de refugiados sudaneses que cruzaram a fronteira em direção ao Chade, no centro-norte da África, já chegou a meio milhão. O Chade, que já vivia em situação de emergência, agora enfrenta uma crise de fome e dificuldades sanitárias sem precedentes.
O êxodo tem sido considerável e se intensificou de junho para cá. Em apenas três dias, quase 7 milhões de habitantes fugiram do Sudão, em sua maioria mulheres e crianças. O Programa Alimentar Mundial (PAM), da ONU, passa por uma escassez de financiamento e adverte que deixará de oferecer ajuda alimentar para 1,4 milhão de pessoas. A “paralisação é iminente” e, a partir de janeiro, a suspensão será alargada no Chade e afetará os recém-chegados do Sudão, segundo comunicado oficial. Para continuar alimentando as pessoas no Chade por mais seis meses, o PAM precisa de um investimento no valor de US$ 185 milhões.
A luta pelo poder entre dois homens é o ponto focal do confronto que começou na capital Cartum, em abril deste ano. De um lado está o líder das Forças Armadas Sudanesas, Abdel Fattah al-Burhan, e, do outro, o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo.
Os dois generais discordam sobre os rumos que o país está tomando e sobre uma proposta de transição para o regime civil. No meio dessa disputa estão os sudaneses, vítimas de um massacre — há relatos de corpos mutilados nas ruas, crianças mortas e sequestradas, estupros em massa, vilas inteiras no sul de Darfur incendiadas e destruídas.
No passado, esses mesmos líderes já foram aliados e, juntos, trabalharam pela derrubada do ditador — que estava no poder havia quase 30 anos — Omar al-Bashir, em 2019.
Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma fotografia relevante na semana. São imagens esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.
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