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Mulheres sudanesas que fugiram da guerra civil em El Geneina, em Darfur, fazem fila para receber porções de arroz de voluntários da Cruz Vermelha em Ourang, nos arredores de Adre, no Chade (2023) | Foto: Reuters/Zohra Bensemra
Edição 192

Imagem da Semana: crise de fome no Chade

A comida está escassa para refugiados de Darfur que chegam ao Chade, e organizações de ajuda humanitária vacilam por falta de financiamento

Daniela Giorno
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Depois da escalada de terror em El Geneina, principal cidade de Darfur Ocidental, no Sudão, o número de refugiados sudaneses que cruzaram a fronteira em direção ao Chade, no centro-norte da África, já chegou a meio milhão. O Chade, que já vivia em situação de emergência, agora enfrenta uma crise de fome e dificuldades sanitárias sem precedentes.

O êxodo tem sido considerável e se intensificou de junho para cá. Em apenas três dias, quase 7 milhões de habitantes fugiram do Sudão, em sua maioria mulheres e crianças. O Programa Alimentar Mundial (PAM), da ONU, passa por uma escassez de financiamento e adverte que deixará de oferecer ajuda alimentar para 1,4 milhão de pessoas. A “paralisação é iminente” e, a partir de janeiro, a suspensão será alargada no Chade e afetará os recém-chegados do Sudão, segundo comunicado oficial. Para continuar alimentando as pessoas no Chade por mais seis meses, o PAM precisa de um investimento no valor de US$ 185 milhões.

Proprietários de carroças no Chade transportam pertences de sudaneses que fugiram da guerra civil na região de Darfur, no Sudão (4/8/2023) | Foto: Reuters/Zohra Bensemra/Foto de Arquivo

A luta pelo poder entre dois homens é o ponto focal do confronto que começou na capital Cartum, em abril deste ano. De um lado está o líder das Forças Armadas Sudanesas, Abdel Fattah al-Burhan, e, do outro, o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdan Dagalo.

Os dois generais discordam sobre os rumos que o país está tomando e sobre uma proposta de transição para o regime civil. No meio dessa disputa estão os sudaneses, vítimas de um massacre — há relatos de corpos mutilados nas ruas, crianças mortas e sequestradas, estupros em massa, vilas inteiras no sul de Darfur incendiadas e destruídas.

No passado, esses mesmos líderes já foram aliados e, juntos, trabalharam pela derrubada do ditador — que estava no poder havia quase 30 anos — Omar al-Bashir, em 2019.


Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma fotografia relevante na semana. São imagens esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.

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