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Edição 194

Black Friday positiva para as pequenas e médias empresas

E Lula continua a demonizar o agronegócio brasileiro para os outros países

Carlo Cauti
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As pequenas e médias empresas do varejo online comemoraram os números da Black Friday. Alta de 34% nas vendas na comparação com 2022, com um faturamento de R$ 411,5 milhões. 

Na verdade, segundo os dados da Nuvemshop, o mês passado foi Black November, com os descontos distribuídos ao longo de todo o mês, que garantiram uma alta expressiva das vendas. 

De 1º a 30 de novembro, foram vendidos 6,5 milhões de produtos, volume 22% superior ao do ano passado, com um ticket médio de R$ 246 por pedido.

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Braskem insustentável

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) decidiu excluir a Braskem do seu índice de sustentabilidade (ISE) após o desastre ambiental em Maceió (AL). 

O índice é a principal referência para os investidores que querem investir em ações com foco em critérios ESG (sigla em inglês para práticas “ambientais, sociais e de governança corporativa”).

A Braskem tinha sido incluída na prévia do índice que começará a valer em janeiro, divulgado pela B3 na sexta-feira 1º. 

No mesmo dia, o alerta sobre o colapso iminente em uma das minas de extração de sal-gema em Maceió levou as ações da Braskem a cair 6%. 

Vista da área onde casas foram removidas, depois de a Defesa Civil da cidade de Maceió (AL) alertar que a mina de sal da Braskem corre risco iminente de desabamento (6/12/2023) | Foto: Reuters/Jonathan Lins
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Embraer voando no sucesso 

A Embraer venceu uma disputa internacional e vai fornecer aeronaves de transporte militar modelo C-390 Millenium para a Força Aérea da Coreia do Sul (Rokaf). 

A Administração de Programas de Aquisição de Defesa da Coreia do Sul preferiu o avião brasileiro às propostas da gigante europeia Airbus e da norte-americana Lockheed Martin, que também estavam na disputa. 

A Coreia do Sul é a primeira nação da Ásia a adquirir os jatos C-390 da Embraer. E o sexto país a usar o C-390, juntando-se a Portugal, Hungria, Holanda, Áustria e República Checa.

O mercado está premiando a Embraer, com uma alta de 63% do valor das suas ações desde o começo do ano. 

Embraer C-390 Millenium, no Paris Air Show, em 2019 | Foto: Wikimedia Commons
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Nestlé e Senai investem R$ 6,25 milhões em inovação de alimentos

A Nestlé Brasil e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vão investir R$ 6,25 milhões para impulsionar projetos inovadores no setor de alimentos. 

A iniciativa chamada Inovação em Alimentos: Transformando o Futuro do Sistema Alimentar tem o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

O objetivo é impulsionar projetos inovadores para resolver desafios nas frentes de agricultura regenerativa, circularidade e energias renováveis. 

A Nestlé e o Senai querem impulsionar alianças formadas por startups, universidades, grandes empresas e agências de fomento governamentais, de modo a criar novas aplicações para as cadeias produtivas estratégicas para a fabricante suíça. 

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Menos jovens sem fazer nada

O Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) informou que, em 2022, o número de jovens entre 15 e 29 anos que não estudavam e não trabalhavam chegou a 10,9 milhões, 22,3% do total. Em valores absolutos, o dado é o melhor da série histórica, iniciada em 2012. 

No primeiro ano de pesquisa, o número de jovens que não estudavam nem trabalhavam era 11,3 milhões. Desde então, a queda foi de 3,6%. 

Além disso, o IBGE demonstrou que o total de jovens vem se reduzindo na população brasileira. Em 2012, eram 51,9 milhões, que representavam 33,6% da população em idade de trabalhar. 

Entre 2012 e 2022, o número de jovens diminuiu 5,9%, somando 48,9 milhões de pessoas. Isso mostra a rapidez do processo de envelhecimento populacional no país. 

Em 2016 e em 2020, os porcentuais de jovens que não estudam e não estão ocupados aumentaram, e os de jovens ocupados diminuíram, em decorrência da crise econômica deixada pelo governo Dilma Rousseff e pela pandemia de covid-19.

Foto: Shutterstock
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Contas públicas em apuros

As contas públicas fecharam o mês de outubro no azul, mas em queda de 45,4% em relação ao mesmo mês de 2022. 

O setor público consolidado — formado pela União, Estados, municípios e empresas estatais — registrou um superávit primário de cerca de R$ 14,7 bilhões no mês de outubro deste ano. No mesmo mês de 2022, o superávit tinha sido de R$ 27 bilhões.

A razão desse resultado foi o aumento de gastos do governo central em ritmo maior que o crescimento das receitas. A arrecadação líquida subiu 0,6%, enquanto as despesas totais cresceram 10,1%, principalmente por causa do Bolsa Família e dos gastos com a Previdência Social.

Nos 12 meses encerrados em outubro, as contas acumulam déficit primário de R$ 114,1 bilhões, o que corresponde a 1,08% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2022, as contas públicas fecharam o ano com superávit primário de R$ 125,9 bilhões, ou 1,27% do PIB. 

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Gol enfrenta turbulências

A Gol está enfrentando um período turbulento, depois de ter contratado a Seabury Capital para uma “ampla revisão” de sua estrutura de capital. 

O anúncio não passou batido pela Fitch Ratings, que decidiu rebaixar a nota de crédito da aérea em dois níveis, passando de CCC+ para CCC-. Agora, a classificação de risco da dívida da Gol ficou mais perto do nível considerado “calote”. 

Segundo a Fitch, a preocupação é que a Gol realize uma reestruturação mais ampla da dívida. A notícia derrubou as ações da aérea, que chegaram a perder mais de 8% em um só pregão. 

Além da gestão de passivos, transações financeiras e “outras medidas para melhorar a liquidez”, a Seabury vai realizar um ajuste de frota de curto e médio prazo, bem como outras obrigações financeiras. Para o Goldman Sachs, esse é o primeiro passo da companhia para um “rearranjo” das suas dívidas.

Boeing 737-800, da Gol | Foto: Wikimedia Commons
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Bitcoin de volta?

O bitcoin voltou a ultrapassar a marca de US$ 40 mil, atingindo o maior valor desde abril de 2022. Do começo do ano para cá, a criptomoeda acumula uma alta de mais de 150%. 

Aparentemente, o mercado está se livrando do desânimo instalado após o colapso da FTX e outras falências de empresas vinculadas a criptomoedas no ano passado. Além disso, o bitcoin é impulsionado pela esperança de um possível corte na taxa de juros nos Estados Unidos. 

Bitcoin bandido

Mesmo com essa alta, para o presidente do J.P. Morgan, maior banco dos Estados Unidos, o bitcoin e as demais criptomoedas deveriam ser banidas do mercado. 

Em audiência no Senado norte-americano, Jamie Dimon afirmou que “o único caso de uso verdadeiro de criptomoedas são criminosos, traficantes de drogas, lavagem de dinheiro e evasão fiscal”. “Se eu fosse o governo, fecharia tudo”, completou. 

Nos Estados Unidos, existe um debate muito forte sobre se as empresas criptoativas deveriam operar sob as mesmas regulamentações do setor financeiro tradicional, especialmente para contrastar a lavagem de dinheiro.

Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan | Foto: Wikimedia Commons
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B3 no topo das Américas

A B3 foi reconhecida como a melhor bolsa de valores das Américas pelo FOW International Awards.

O prêmio é organizado pela revista Futures and Options World (FOW), editada pelo Global Investor Group, grupo de comunicação especializado na cobertura do mercado de capitais e derivativos do Reino Unido. 

A B3 também ganhou prêmio com o IDiversa B3, primeiro índice de diversidade da América Latina a combinar, num único indicador, critérios de gênero e raça. 

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Celso Amorim faz a cabeça de Lula sobre o agro com ideias atrasadas, diz presidente da Abag

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na COP28, em Dubai, tentando demonizar mais uma vez o agronegócio, desagradou muita gente. 

Entre os que não gostaram do que viram está o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho. Para ele, esses discursos não ajudam em nada a posição do Brasil nas negociações internacionais. E aumentam a tensão entre o governo e o agronegócio. 

Segundo Carvalho, a eminência parda atrás dos ataques de Lula ao agro brasileiro é o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, que com suas “ideias atrasadas sobre o agronegócio” acaba atrapalhando mais do que ajudando a ação do governo brasileiro. 

Celso Amorim, assessor especial da Presidência, e Lula, no Palácio do Itamaraty, em Brasília (1º/6/2023) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Após a oposição explícita do presidente francês Emmanuel Macron, o senhor acha que o acordo com a União Europeia vai acabar sendo assinado?

Estamos negociando um acordo há mais de 20 anos. A oposição francesa era notória, mesmo antes das declarações de Macron. A França é o país mais agrícola da Europa, com cerca de 25% de toda a produção agrícola do continente. E a frase do presidente francês é evidentemente para seu eleitorado. Mas os europeus, hoje, são o queijo dentro do sanduíche, espremido entre os pães: os Estados Unidos e a China. Eles têm problemas sérios de abastecimento de alimentos e de energia. Terão que assinar esse acordo.

Mas o temor dos agricultores europeus não vai ser mais forte do que a necessidade de alimentos e energia?

Os agricultores europeus têm uma idade média muito avançada. Os jovens não querem ir para o campo na Europa. Diferente daqui, onde a juventude vai para o campo levando inovações e tecnologia. Além disso, a União Europeia paga subsídios pesados para os agricultores. Não é uma situação sustentável. Eles sabem disso. Sou razoavelmente otimista sobre a acordo. Ainda acho que chegaremos a um ponto de convergência, mesmo que imperfeito, e depois haverá naturalmente um amadurecimento nos dois lados. 

Qual é a posição do agronegócio dos outros países do Mercosul?

Todos querem o acordo. Conversando com meus homólogos dos outros países, essa vontade é clara. Entretanto, a carta entregue para o governo brasileiro em fevereiro, trazendo exigências adicionais, é sem dúvida um entrave. Mas nada que não possa ser superado negociando, fechando o acordo e depois ajustando alguns aspectos.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) | Foto: Divulgação
Como o senhor avalia a atuação do governo Lula nesse âmbito?

Precisamos dividir a atuação do governo e a atuação do presidente. O Itamaraty está fazendo um trabalho excelente, muito técnico e orientado para resultados. Temos um diálogo muito bom com os diplomatas, que buscam representar os interesses do agronegócio brasileiro no exterior. No caso do presidente Lula, admito que a sua fala foi, no mínimo, estranha e esquisita. 

Por que o senhor acha que o presidente Lula continua atacando dessa forma o agronegócio?

É evidente que o presidente está enfrentando dificuldades em seu governo. Dividido entre as pressões internas de uma parte retrógrada da esquerda brasileira, a importância cada vez maior do agronegócio, que hoje representa quase 50% do Produto Interno Bruto, e a situação internacional. Mas esse tipo de discurso, orientado para agradar apenas uma pequena fração de seu eleitorado, produz danos enormes para a imagem do agro. E em nada ajuda as negociações com os europeus. Além disso, é no mínimo curioso que o presidente ataque o agronegócio sobre questões ambientais e, ao mesmo tempo, anuncie que o Brasil vai entrar na Opep+, cartel de produtores de petróleo e outros combustíveis fósseis. 

Há alguém que inspire esses ataques de Lula?

Sem dúvida é o ex-chanceler Celso Amorim, que hoje está desempenhando um papel que ninguém entende muito bem na Presidência da República. Se todo mundo sabe onde Mauro Vieira está e o que fala, ninguém sabe por onde ele está e o que está falando. Amorim está fazendo a cabeça de Lula com uma visão antiga da realidade do agro. Algo muito deletério para o setor, o governo e a imagem do Brasil no exterior.

Leia também “Negócio das Arábias”

2 comentários
  1. Antonio Americo Carneiro Pereira Junior
    Antonio Americo Carneiro Pereira Junior

    Excelente coluna!

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Eu não sei porquê todos institutos de pesquisas e imprensa não tinham nenhuma credibilidade e agora tem?

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