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Fatima Elhousari participa de manifestação pró-Palestina em Guernica, na Espanha (8/12/2023) | Foto: Reuters/Vincent West
Edição 195

Por que os jovens se solidarizam com o Hamas?

A geração Z foi criada para desprezar o Ocidente e tudo o que ele representa

Joanna Williams, da Spiked
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Compare os recentes protestos pró-Israel com os atos pró-Palestina nos Estados Unidos e no Reino Unido, e as diferenças são gritantes. As manifestações em defesa de Israel foram menos numerosas, reuniram menos pessoas e atraíram uma multidão visivelmente mais velha. Ao que parece, os jovens estão mais propensos a se manifestar contra Israel, mesmo que isso signifique marchar ao lado de antissemitas e apoiadores do Hamas.

Essa divisão geracional não é nova. Uma pesquisa de 2022 realizada pelo Pew Research Center nos Estados Unidos mostrou que apenas 41% dos jovens de 18 a 29 anos tinham uma opinião favorável de Israel, em comparação a 69% das pessoas de 65 anos ou mais. O ataque de 7 de outubro fez pouco para mudar comportamentos. Uma pesquisa recente observa que menos da metade da geração Z e da geração millennial acredita que os Estados Unidos devem expressar publicamente seu apoio a Israel, em comparação a 63% da geração X e 83% dos baby boomers, nascidos nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial.

Acontece a mesma coisa no Reino Unido. Uma pesquisa realizada no início deste mês mostra que os britânicos de 18 a 24 anos são mais propensos a se solidarizar com os palestinos do que com os israelenses (46% e 9%, respectivamente), enquanto esses resultados se invertem para pessoas com mais de 65 anos.

Manifestantes se reúnem em Nova York contra a reação de Israel aos ataques do Hamas | Foto: Lev Radin/Shutterstock

A preocupação com a situação dos moradores de Gaza é uma coisa. Mas, depois do pogrom de 7 de outubro, alguns jovens justificaram abertamente o Hamas ou abraçaram opiniões explicitamente antissemitas. O antissemitismo explodiu no Ocidente nas últimas semanas, especialmente nas universidades. Ainda que as universidades do Reino Unido tenham sido incentivadas a agir “com firmeza” em resposta a isso, relatos de agressões antissemitas contra estudantes judeus continuam acontecendo.

Até mesmo crianças foram alvo nas últimas semanas. Uma escola para meninas em Londres relatou ter encontrado pichações antissemitas em seus banheiros. Em Manchester, fogos de artifício acesos foram jogados em jovens judias. Nas escolas, assim como nas universidades, crianças judias estão sendo atacadas por seus colegas. Precisamos nos perguntar por que o antissemitismo se instalou entre crianças e jovens adultos.

A mídia social apenas reflete e amplifica os preconceitos que existem entre os usuários. Em vez de simplesmente pedir sua censura, precisamos nos perguntar por que tantos jovens não parecem se incomodar com permanecer ignorantes sobre o Holocausto

O Holocausto esquecido

Uma explicação comum é a passagem do tempo desde o Holocausto. De acordo com esse argumento, enquanto o Holocausto foi um momento político definidor para os baby boomers, os jovens estão menos familiarizados com o que aconteceu nos campos de concentração. De novo, pesquisas corroboram essa narrativa de ignorância histórica. Em 2007, uma pesquisa mostrou que mais de um quarto dos jovens britânicos não sabia que o Holocausto tinha acontecido. Infelizmente, esses resultados foram replicados em uma pesquisa semelhante realizada neste ano na Holanda. Ela mostrou que um em cada quatro jovens holandeses acredita que o Holocausto foi um mito. De volta ao Reino Unido, uma pesquisa de 2019 revelou que 45% dos entrevistados não sabiam quantas pessoas tinham sido mortas no Holocausto, e um em cada cinco participantes estimou o número em menos de 2 milhões de judeus.

Isso não se deve apenas aos problemas no ensino de história. Quando os jovens são confrontados com fatos sobre o Holocausto, muitos parecem desconfiados e questionam se o que estão ouvindo é verdade. Foi revelado na semana passada que um sobrevivente do Holocausto de 88 anos, que usava o TikTok para informar jovens sobre os horrores que ele viveu, abandonou a plataforma depois de ser bombardeado com antissemitismo e negação do Holocausto.

Foto: Shutterstock

Alguns responsabilizam as redes sociais pelo aumento do antissemitismo, o TikTok sendo especialmente culpado nos últimos tempos. Na semana passada, o comediante Sacha Baron Cohen acusou o TikTok de “criar o maior movimento antissemita desde o nazismo”. Agora há cada vez mais pedidos para que a plataforma seja banida. Mas a mídia social apenas reflete e amplifica os preconceitos que existem entre os usuários. Em vez de simplesmente pedir sua censura, precisamos nos perguntar por que tantos jovens não parecem se incomodar com permanecer ignorantes sobre o Holocausto ou se tornam agressivos quando confrontados com os fatos do que aconteceu. Por que o TikTok se tornou uma força para promover o antissemitismo, em vez de se opor ao Hamas?

Um passado sem heróis

A influência perniciosa da política identitária, com sua racialização simplista (e frequentemente falsa) do povo judeu como “branco” e, portanto, privilegiado, é agora amplamente reconhecida como um problema sério. Isso costuma ser combinado com uma leitura equivocada da história que trata os palestinos como vítimas “colonizadas” e o Hamas como um movimento de resistência anti-imperialista cujas ações nunca devem ser criticadas.

Por que tantos jovens abraçaram essa perigosa visão de mundo identitária? Por que, em vez de demonstrar lealdade à sua nação ou à tradição judaico-cristã de modo mais amplo, atualmente os jovens parecem mais propensos a expressar um profundo desprezo pela história e pela sociedade ocidental? O ressurgimento do interesse pela “Carta aos Estados Unidos” ​​de Osama bin Laden oferece evidências horríveis da alienação da geração Z quanto aos valores ocidentais.

Osama bin Laden, terrorista saudita líder da Al-Qaeda | Foto: Reprodução

Ao longo das últimas décadas, as gerações mais velhas não conseguiram inspirar nas crianças uma visão positiva do Ocidente. Pior ainda, a educação muitas vezes cultivou ativamente sentimentos de vergonha em relação a nações como o Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália. Vamos considerar o ensino de história. Longe de promover um relato positivo do passado — ou até mesmo um relato objetivo ou equilibrado do passado —, hoje em dia as crianças com frequência aprendem que tudo o que aconteceu no passado foi pecaminoso. Tanto o currículo escolar quanto os programas de televisão infantis populares condenam a história britânica como uma história ininterrupta de escravidão, colonialismo e inúmeros outros atos de barbárie. Essa é uma história sem heróis nem atos de redenção.

As sociedades ocidentais criaram uma geração de jovens que antagonizam sua própria história nacional e são profundamente alienados da cultura judaico-cristã. Muitos são deliberadamente ignorantes sobre o Holocausto, e alguns até preferem ficar do lado de terroristas a empatizar com os civis israelenses mortos. Precisamos nos preocupar muito mais com o número de jovens que se contentam em usar um keffiyeh e fechar os olhos para o antissemitismo.

Pessoas participam de protesto, em Dublin, na Irlanda, durante votação do governo para expulsar a embaixadora de Israel na Irlanda, Dana Erlich, em solidariedade aos palestinos em Gaza (15/11/2023) | Foto: Reuters/Clodagh Kilcoyne

Joanna Williams é colunista da Spiked e autora de How Woke Won.

Leia também “A absolvição do Hamas”

6 comentários
  1. Paulo César da Conceição
    Paulo César da Conceição

    Tem gente que lê o que a colunista escreveu e nada entendeu. Será que essa pessoa sabe realmente interpretar um texto? Será que conhece algo sobre o holocausto dos judeus? Com certeza faz parte desta geração bestialidade pela esquerda.

  2. Luiz Fraga
    Luiz Fraga

    Típica da reportagem que fala, fala e não acaba dizendo /explicando nada! O leitor Carlos Alberto, uma só frase conseguiu dar mais explicações do que todo o texto da colunista.

  3. CARLOS ALBERTO DE MORAES
    CARLOS ALBERTO DE MORAES

    Tudo o que vemos nessa geração Z desinformada, na minha opinião, é o resultado de uma estratégia muito bem implementada pela esquerda: domínio do ensino público.

  4. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O ocidente masoquista

  5. José Pedro Scatena
    José Pedro Scatena

    Incoerentes e inconsequentes, as gerações X e Millennials são antes de tudo ignorantes. Grudados em celulares e desesperados por “likes” de seus pares, deixaram de ler, de se informar e de se formar como indivíduos únicos, com opiniões próprias, tornando-se um grande bando de “maria vai com as outras”, aterrorizados pela possibilidade de serem deixados fora da “galera” Todos bebem na mesma fonte, e o dono da fonte conduz sua manada para onde quiser. O globalismo faz de tudo para deletar sua antítese, o individualismo e Israel é a maior expressão de individualismo vencedor no Oriente Médio. Como e por que essa imensa massa de jovens ignorantes no Ocidente judaico-cristão foi direcionada para nada menos que um anti-semitismo ativo? Gramsci deve ter descoberto como e as redes sociais reduziram o prazo para sua vitória final em algumas décadas.

  6. Reinaldo Terribelli
    Reinaldo Terribelli

    Porque se solidarizam com o Hamas ?
    É uma geração de cabeças ocas , facilmente manobráveis .
    Não tem ideia do que são e muito menos do que pretendem ser.
    Geração canguru, não conseguem sobreviver fora da bolsa ventral dos pais.
    São contra tudo mesmo sem saber nada desse tudo e apoiam qualquer coisa que preencha o vácuo das suas cabeças achando que estão sendo uteis para qualquer coisa que seja,
    não sabem nada do passado da nossa civilização e não tem senso critico algum.
    Imaginam que o mundo começou alguns dias depois que nasceram.
    some-se a isso a falta do que fazer e a receita do desastre está completa.

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