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Lula veste camisa em homenagem a Ronaldo | Foto: Montagem Revista Oeste/Rodrigo Coca/Agência Corinthians/Sport Club Corinthians Paulista
Edição 196

Lula quer salvar o ‘seu’ Corinthians

Com ajuda do presidente da República, a Caixa Econômica Federal estuda fórmulas para perdoar a dívida de R$ 600 milhões do estádio corintiano

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Anderson Scardoelli
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A Caixa Econômica Federal é líder absoluta no segmento de crédito imobiliário no Brasil. Somente de janeiro a setembro deste ano, o banco público foi responsável por abocanhar 68,3% do mercado de financiamento de imóveis. Esse aporte simboliza o sonho da casa própria, um formato que pode ser traiçoeiro e se transformar em pesadelo para os brasileiros comuns. Àqueles que não mantêm as parcelas do financiamento em dia, há o temor de a instituição tomar o bem e colocá-lo à venda. O que ocorre com frequência.

Um único site especializado nesse tipo de comercialização informa que colocou à venda 94 mil imóveis da Caixa nos últimos 12 meses. Só em dezembro, a própria instituição financeira anunciou a realização de leilões para negociar mais de 4 mil imóveis “retomados depois da execução de contratos de financiamento em que houve inadimplência”. Em outras palavras, o banco, que é controlado pelo governo federal, quer vender propriedades que foram tomadas diante do acúmulo de dívidas.

Mas existe um empreendimento com dívida milionária contraída com a Caixa que não consta em listas de itens a serem tomados e, posteriormente, leiloados. Trata-se da Arena Corinthians, estádio do Sport Club Corinthians Paulista localizado em Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo. Rebatizado de Neo Química Arena, por meio de acordo de naming rights com a farmacêutica, o projeto começou a sair do papel em 2010, depois da assinatura de contrato com a Odebrecht — empreiteira que foi uma das protagonistas dos escândalos desvendados pela Operação Lava Jato e que recentemente adotou Novonor como nome fantasia

Em agosto de 2013, a Caixa entrou na jogada. Com aval do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o empréstimo de R$ 400 milhões foi acertado para ajudar na finalização da construção do estádio corintiano, que serviu para o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. Dez anos depois, o valor não foi integralmente quitado pelo time — para o qual torce o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Mais do que isso: apesar da ausência de dados oficiais, estima-se que a dívida esteja em cerca de R$ 611 milhões.

Jogada para renegociar a dívida

A menção ao fato de Lula ser corintiano não se dá por acaso. O presidente estaria ajudando nas negociações entre o clube e o banco para que a dívida seja perdoada. Atuação que nem fica restrita aos bastidores. Na tarde de 16 de novembro, o petista recebeu no Palácio do Planalto o presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves.

O tema da conversa entre Lula e Monteiro Alves não foi divulgado por nenhum dos lados. No dia seguinte ao encontro, coincidência ou não, a Caixa anunciou estar em processo de negociação com o time do coração do petista.

“O clube esportivo apresentou proposta formal para a quitação do saldo devedor da dívida do contrato de financiamento firmado para a construção da Arena Corinthians”

“A Caixa Econômica Federal comunica à sociedade brasileira, aos seus clientes e empregados, e ao mercado em geral que representantes da Caixa e do Corinthians se reuniram, tendo o clube esportivo apresentado proposta formal para a quitação do saldo devedor da dívida do contrato de financiamento firmado para a construção da Arena Corinthians”, informou Luiz Felipe Figueiredo de Andrade, diretor de finanças e relações com investidores do banco estatal. “A proposta será encaminhada internamente para avaliações técnicas.”

Sem detalhar de que forma isso vai ocorrer, o banco torna pública a possibilidade de a dívida de mais de R$ 600 milhões ser quitada. Também sem dar detalhes de como isso se dará, o Corinthians ressaltou, por meio das redes sociais, que a proposta para quitação da quantia milionária está em curso. O clube abordou o tema em 19 de novembro, dia em que o presidente da Caixa, Carlos Vieira, visitou o estádio.

“Com a proposta para a quitação da dívida com a Caixa equacionada e em trâmites nos devidos órgãos de controle, a visita institucional serviu para o presidente conhecer in loco nossa casa, reforçando a parceria entre as partes”, informou o time paulista, em nota assinada por Monteiro Alves e divulgada por meio do Twitter/X. “O Corinthians agradece a visita e a confiança.”

O comunicado de renegociação da dívida e a ida de Vieira a São Paulo para visitar a Arena Corinthians mostram a prioridade da Caixa — e, consequentemente, do governo Lula — no momento. Servidor de carreira, Vieira tomou posse como presidente do banco público em 9 de novembro. Nomeado pelo petista, chegou ao cargo por indicação do centrão, sobretudo de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.

Um ‘presente’ de Lula

A ajuda do presidente da República em relação ao estádio do Corinthians não é de agora. Em processo de delação premiada, o presidente do conselho de administração da Odebrecht/Novonor, Emílio Odebrecht, afirmou, segundo o jornal Folha de S.Paulo, que o acerto para a empreiteira construir a arena “foi uma espécie de presente de Lula”. Em 2010, quando o contrato para a obra foi assinado, o petista, como agora, era o chefe do Executivo federal.

Filho de Emílio, Marcelo Odebrecht foi outro a reforçar a versão de que Lula foi personagem ativo em favor do acerto para a construção do estádio corintiano. O executivo acusou o petista, em depoimento concedido à Justiça em maio de 2017, de ter pedido a ajuda da empreiteira de forma insistente. De acordo com Marcelo, a solicitação foi feita em 2011. Segundo o empresário, a Odebrecht estudava abandonar o projeto, mas Lula teria sinalizado que a companhia seria beneficiada se permanecesse com a missão de erguer a arena.

“Lula pediu uma reunião comigo e com meu pai. Aí vem aquela: ‘Vocês têm que fazer o estádio’”

“Teve um evento de empresários em Comandatuba, a gente tinha pedido para Lula fazer uma palestra”, disse Marcelo durante depoimento, informou o jornal O Estado de S. Paulo. “Nesse evento, antes da palestra, Lula pediu uma reunião comigo e com meu pai. Aí vem aquela: ‘Vocês têm que fazer o estádio, olha quantas coisas vocês ganham aqui, pô, faz a p… do estádio’.”

Alvo da Lava Jato, Marcelo Odebrecht foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Apesar da pena inicial de 31 anos de reclusão, ele ficou preso dois anos e meio, de junho de 2015 a dezembro de 2017. Depois de um acordo de colaboração premiada, o executivo pagou multa de R$ 73 milhões. Em 2022, o Supremo Tribunal Federal reduziu a pena para sete anos e meio e determinou o desbloqueio de R$ 50 milhões de uma conta dele na Suíça.

Na reunião mencionada por Marcelo, o então presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, esteve presente. Sobre a possibilidade de o estádio corintiano ter sido presente de Lula, o dirigente futebolístico desconversa. Em maio do ano passado, em entrevista a um podcast, Sanchez ironizou. De acordo com ele, o petista lhe deu um único conselho: de que era para construir a arena em Itaquera, não no Pacaembu, bairro nobre da região central da cidade de São Paulo e onde está o estádio municipal a que o time costumava mandar seus jogos.

“A única coisa que Lula fez foi ter falado comigo: ‘Vai ter um estádio? Não faz no Pacaembu’”, disse Sanchez ao podcast De Lavada. “Ele falou para fazer o estádio lá em Itaquera. Alguns falam que ele deu o estádio de presente, mas agora temos que pagar a tal da dívida. Ué, como assim? Ele só me ajudou falando para não fazer o estádio no Pacaembu. Só. Aliás, o único estádio sem corrupção do país é o do Corinthians.”

Na mesma entrevista, o ex-presidente corintiano afirmou não considerar Lula um bandido (ele foi perguntado sobre isso). O que, de acordo com o dirigente, não seria lá um problema. Ao participar, em março deste ano, de uma edição do podcast Casal Coringão, ele fez questão de defender ladrões. “O cara quer roubar um relógio? É um direito”, disse ele, que insistiu na tese: “O cara tem o direito de te roubar o relógio”.

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O elo entre o Corinthians e o PT

Defensor de que roubar é um direito e amigo pessoal de Lula, Andrés Sanchez faz parte da trupe petista. Em 2009, em evento que contou com a então ministra Dilma Rousseff, ele se filiou ao PT. Nas eleições de 2014, foi candidato a deputado federal por São Paulo. Eleito, além das excessivas ausências às sessões da Câmara, conseguiu deixar como marca de seu mandato a tentativa de instituir 23 de abril como Dia do Corinthians. O projeto de lei não prosperou.

Em janeiro de 2018, ainda como deputado federal, Sanchez reassumiu o cargo de presidente do Corinthians. E não cumpriu a promessa feita durante a campanha para voltar a comandar o clube, de que se licenciaria do mandato no Congresso Nacional. Seguiu como parlamentar até o fim da legislatura, em 1º de fevereiro de 2019.

Sem tentar um segundo mandato como deputado, Sanchez seguiu como presidente do Corinthians, deixando o cargo somente em janeiro de 2021. Permaneceu no decorrer dos últimos anos como um dos líderes do grupo autodenominado Renovação e Transparência, que controla a gestão do clube de forma ininterrupta desde 2007, mas que se prepara para deixar o poder.

Em 25 de novembro, dias depois de a atual gestão corintiana divulgar fotos com o presidente Lula e o presidente da Caixa Econômica Federal, o candidato do grupo de Sanchez, André Negão, perdeu a eleição para o empresário Augusto Melo. Melo vai assumir o comando do Corinthians em janeiro. Caso o resultado da disputa pela presidência corintiana fosse diferente, a relação da diretoria corintiana com os partidos de esquerda seguiria em evidência.

Derrotado por Melo, André Luiz de Oliveira, o André Negão, já foi filiado ao PPS (hoje Cidadania), ao PDT e ao PSB. Sem sucesso, tentou se tornar vereador da capital paulista em três oportunidades. Na última, em 2020, o aliado de Sanchez surgiu ao lado de Márcio França, à época candidato a prefeito de São Paulo e hoje ministro escanteado por Lula. Foi um “momento vergonha alheia”. O mote da campanha era “não vote em branco, vote André Negão”.

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Futuro presidente corintiano ‘torce’ por acordo

Mesmo com a mudança na política interna do time alvinegro, com a derrota do grupo sob liderança do petista Andrés Sanchez, a renegociação da dívida milionária com o banco segue em pauta. E com o aval da futura presidência.

Prestes a assumir o comando do clube, Melo parece entusiasmado com a possibilidade de se ver livre da dívida, mas sem necessariamente pagar mais de R$ 600 milhões. “Estou torcendo para que seja bom para o Corinthians”, disse o presidente eleito do clube paulista, em entrevista ao canal ESPN, sobre a possibilidade de quitar o empréstimo realizado pelo banco público.

Em outras entrevistas, Melo já falou até em ampliar a capacidade da Arena Corinthians, de 48 mil para 60 mil pessoas. Não será surpresa se, logo mais, ele aparecer posando para fotos ao lado de Lula ou do presidente da Caixa Econômica Federal.

A ampliação do estádio só terá a possibilidade de se concretizar caso a renegociação da dívida prospere, acredita Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo e sócio da consultoria Sports Value. De acordo com ele, no formato atual, o time não consegue avançar na quitação nem fica com recursos disponíveis para investir em contratações para, assim, voltar a disputar títulos contra rivais como Palmeiras e Flamengo.

“Hoje, o clube usa o dinheiro da bilheteria para pagar a dívida”, diz Somoggi, ao salientar que a arrecadação do Corinthians com a venda de ingressos para seus jogos vai integralmente para o fundo criado para pagar o empréstimo. “Mas não se consegue quitar essa dívida, que só vai aumentando por causa dos juros, uma dívida impagável. Em 2022, o Corinthians fez quase R$ 100 milhões em bilheteria e não pôde usar esse dinheiro. Aí, acaba ficando defasado em relação a Palmeiras, a Flamengo e a outros times.”

Renegociação pode ser contestada

Mesmo com Lula no poder, o próximo presidente do Corinthians pode lidar com impedimentos legais na tentativa de mudar o contrato em relação à dívida. Pelo fato de o empréstimo ser proveniente de dinheiro público, contestações podem ocorrer, tanto por parte de outros clubes quanto de torcedores que, eventualmente, sintam-se prejudicados por uma decisão do governo em favor do time do coração de Lula.

“Os demais clubes e torcedores podem denunciar ao Ministério Público Federal para ajuizar as ações cabíveis, caso haja provas de que a renegociação desfalca o patrimônio da União, já que a Caixa Econômica Federal é uma empresa pública”, afirma Rafael Teixeira Ramos, doutorando em Direito Patrocinado e membro da Academia Nacional de Direito Desportivo. “Para isso, as provas devem ser contundentes, no sentido de haver crime contra a ordem econômica — seria o caso de agentes da Caixa dispensarem pagamentos de juros ou montantes legais do empréstimo ou liberarem outras grandes quantias de empréstimos sem reposição.”

“O corpo jurídico da Caixa tem ciência das consequências nefastas que teria qualquer liberação de dinheiro fora dos limites legais”

Teixeira Ramos, no entanto, avalia que é pequena a chance de um possível acerto entre Caixa e Corinthians ser futuramente desfeito pelo Poder Judiciário. Ele acredita que o banco público tende a se resguardar nesse sentido — mesmo se vier a deixar de cobrar a dívida por causa do estádio corintiano. “O corpo jurídico da Caixa tem ciência das consequências nefastas que teria qualquer liberação de dinheiro fora dos limites legais”, afirma o especialista.

Advogado especializado em Direito Desportivo e vice-presidente da Comissão Especial de Direito dos Jogos Esportivos, Lotéricos e Entretenimento, da Ordem dos Advogados do Brasil, Milton Jordão sinaliza que a contestação a um eventual acordo do Corinthians com a Caixa pode partir de dentro do próprio clube. Conforme explica, um associado ao time pode apontar alguma irregularidade.

“É preciso observar se o clube, quando celebrou esse negócio jurídico, teve autorização em assembleia geral ou algum poder que foi dado à direção da época”, diz Jordão. “Precisa ter certeza e ver se o estatuto foi cumprido. Mas, se ele tiver sido cumprido, não há possibilidade de se propor ação, não há possibilidade de o torcedor ou associado buscar reverter essa nova proposta de negócio jurídico feita pelo clube.”

Logotipo do time de futebol Corinthians na Neo Química Arena | Foto: Vinicius Bacarin/Shutterstock
Negociação ‘encaminhada’

Apesar da possibilidade de a celebração de novo acordo em relação à dívida da Arena Corinthians acabar como alvo de denúncias, o presidente da Caixa avisa que a negociação com o time de futebol está “encaminhada”. Nesse sentido, Carlos Vieira explica até o que ele define como “solução” para o caso.

“A solução para o Corinthians está encaminhada”, afirmou o presidente da Caixa Econômica Federal, em recente entrevista ao Jornal de Brasília. “Em resumo, o Corinthians quer pagar a dívida com títulos e eles teriam que captar esses títulos para fazer o pagamento da dívida. Eu falei com eles que era uma coisa muito difícil.”

Mesmo falando em dificuldade, Vieira já fez até a conta. Se menos da metade dos 32 milhões de torcedores do Corinthians, conforme levantamento de junho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, comprasse os tais títulos, a dívida do time com o banco sumiria do dia para a noite. “Se você pegar 15 milhões de corintianos, cada um comprando uma cota de R$ 80 ou R$ 100, será mais do que suficiente”, afirma o presidente da Caixa.

Enquanto o presidente da Caixa apresenta possibilidades para a renegociação da dívida corintiana de R$ 611 milhões, o cidadão comum teme atrasar parcelas de seu financiamento e acabar com o imóvel sendo leiloado. Com o retorno de Lula à Presidência da República, parece cada vez mais verdadeira a acusação feita por Emílio e Marcelo Odebrecht anos atrás: a Arena Corinthians foi um presente do petista.

Leia também “Lula joga no incêndio”

7 comentários
  1. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    A marginalidade no Brasil mistura o público com o privado e quem sempre paga a conta é o contribuinte.

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Esses marginais devem saber que clube de futebol tem de ser privado. Eles querem roubar a jumentaiada de torcedores

  3. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Estádio fruto de roubo. E ainda querem roubar mais ainda no ”fechamento das contas”. Excelente matéria.

    1. João Luiz Marassi
      João Luiz Marassi

      Um amigo corinthiano me disse em tom de brincadeira: – “o Lula, no mandato anterior construiu um estádio para o Corinthians, agora se elegeu novamente para pagar a conta, com dinheiro público, obviamente.”

  4. Gabriel Almeida
    Gabriel Almeida

    Dá preguiça de ser corinthiano… De qualquer forma, excelente texto. Muito completo.

  5. Josemir Dias Pereira
    Josemir Dias Pereira

    Faltou dizer o quanto já foi pago somente de juros e mesmo assim a dívida só aumenta. O presente tem saído caro para o clube! O negócio reuniu desonestos do clube, prefeito, governador e presidente da República, sem esquecer da construtora é claro, mas a bomba ficou para clube e seus torcedores…

  6. Mauro C F Balbino
    Mauro C F Balbino

    É…todo cidadão contribuinte sustentando o Corínthians Paulista, corintianos ou não. Nós metemos as mãos no próprio bolso e construímos um estádio para a Seleção Brasileira ter uma casa para sediar competições internacionais pela primeira vez, e agora vem esses caras meterem a mão nos nossos bolsos num assalto a mão desarmada. É muita pilantragem, Nelson Rodrigues tinha mesmo razão.

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