“Você tem a sensação de que os agricultores não são desejados na Alemanha. Querem nos abolir”, comenta Katrin. Ela é uma jovem agricultora alemã que, junto com sua família, mais de 30 mil pessoas e 5 mil tratores, ocupou Berlim na segunda-feira, 15 de janeiro, encerrando uma semana de manifestações em todo o país. Os participantes bloquearam estradas, paralisaram a vida e lembraram à classe política alemã por que é melhor não comprar briga com quem opera máquinas pesadas.
A faísca para os protestos foram os planos do governo para abolir os incentivos fiscais ao diesel usado na agricultura e introduzir novos impostos sobre veículos agrícolas, o que custaria aos produtores rurais, em média, 4 mil euros por ano. Mas, ao andar entre as fileiras de tratores estacionados entre o Portão de Brandemburgo e a Coluna da Vitória no dia 15 — onde muitos agricultores acamparam por dias, bebendo cerveja, assando salsichas e se reunindo ao redor de fogueiras —, fica claro que é muito mais profundo que isso. Como Katrin coloca: “Cada vez mais está sendo tirado dos agricultores. Já chega”.
Hannah Timmermann, uma agricultora orgânica da região de Hamburgo, detalha o impacto catastrófico que anos de más políticas governamentais tiveram na agricultura alemã. “Não tenho certeza se é o número real de agora, mas mais ou menos dez fazendas desaparecem por dia por causa de muitas, muitas decisões ruins”, diz ela. As estatísticas confirmam. De acordo com dados do governo alemão, dez fazendas por dia foram à falência na última década. “Minha fazenda familiar por dez gerações corre o risco de deixar de existir, de extinção”, ela acrescenta.
A defesa de todos os alemães
Então, o que tem impulsionado esse aparente ato de autoflagelo nacional? De acordo com os agricultores, é uma combinação do quanto as elites de Berlim e dos burocratas da União Europeia em Bruxelas estão desconectadas das comunidades agrícolas — o que significa que não fazem nenhuma ideia de quão loucas e impraticáveis são suas políticas grandiosas — com a ideologia que alimenta tais políticas. A saber, o ambientalismo. As regulamentações sobre pesticidas e fertilizantes tornaram-se cada vez mais rígidas, reduzindo as colheitas no processo. Enquanto isso, grandes extensões de terras agrícolas foram reservadas para energia solar — uma fonte de energia pouco confiável na melhor das hipóteses, e especialmente sem sentido na Alemanha, que não é exatamente conhecida por ser ensolarada. “Os ecologistas são a pior coisa que poderia acontecer à agricultura”, afirma o pai de Katrin.
Ao desafiar o ambientalismo, a revolta dos agricultores está ressoando muito além dos próprios agricultores. A Alemanha tem mais fazendas de energia eólica e solar do que a maioria dos países da Europa, assim como preços de energia mais altos do que quase todos os outros países europeus. Os dois não estão desconectados. Os alemães comuns foram forçados a pagar o preço das sucessivas ilusões verdes dos governos, agravadas por uma estranha alergia à energia nuclear e pela retirada repentina do gás russo do qual a Alemanha passou a depender. Essa é parte da razão pela qual o apoio aos agricultores tem sido notavelmente alto. Uma pesquisa recente do jornal Berliner Zeitung constatou que 65% dos entrevistados apoiam os protestos. Berlinenses de bicicleta e óculos acenavam para as figuras sentadas em cima de seus tratores. Há uma sensação palpável de que os agricultores estão defendendo todos.
A ideologia verde
Hagen, um profissional de saúde com uma pequena trança pendurada na barba, viajou de Dresden para demonstrar seu apoio. Ele está segurando um cartaz que diz “Primeiro o fazendeiro morre e depois o país morre” e protestando contra “Leis e regras sem razão”. “Isso é o que estamos vivendo atualmente na Alemanha. Estamos inundados por leis e regras. Toda semana temos uma nova”, diz. “A ideologia verde não está inerentemente errada, mas perdemos o senso de proporção. Tudo agora é regulamentado de acordo com a ideologia verde, faça sentido ou não.”
Os transportadores, que estão se movimentando contra um aumento no imposto rodoviário, também apoiaram os agricultores. Milhares de caminhões entraram em Berlim ao lado dos tratores no dia 15. Um deles era conduzido por Dennis. “Não sou apenas um motorista de caminhão, também sou consumidor”, diz, apontando para a bagunça em que a economia se encontra. Dennis lamenta que “nem sequer exista a possibilidade de discutir” políticas verdes. “As coisas estão erradas aqui neste país. Quero uma mudança total neste sistema… Estou ansioso por uma sociedade mais aberta e com muita discussão.”
Naturalmente, as elites alemãs rejeitaram completamente essa discussão. Em vez disso, rotularam os agricultores como “extrema direita”. Claro. Antes dessas manifestações, o chanceler alemão Olaf Scholz — líder do impopular governo de coalizão social-democrata — fez um alerta sobre “extremistas” se aproveitando dos protestos para “incitar a raiva”. Há constantes discussões na mídia sobre populistas de direita do partido Alternative für Deutschland (“Alternativa para a Alemanha”) ou até mesmo neonazistas “sequestrando” o movimento.
Aqueles que por muito tempo foram ignorados e demonizados, e obrigados a se virar com menos pelo bem do planeta, estão estacionando seus tratores e caminhões no gramado das elites
O ‘covil de extremistas’
É uma tentativa evidente de demonizar os agricultores e evitar que as pessoas se juntem a eles. Dennis, por sua vez, não aceita nada disso. “É totalmente besteira”, afirma. “É só um rótulo do governo e da nossa mídia mainstream.” Hagen também não concorda. “Assim que os agricultores se tornaram ativos, foram colocados no canto da direita. Esse não é o lugar deles.” Tudo indica que ele está correto. Os agricultores tendem a ser democratas cristãos de centro-direita. Na manifestação, não há uma única bandeira do Alternative für Deutschland à vista. A Associação de Agricultores Alemães, principal organizadora dos protestos, também rejeitou duramente quaisquer tentativas de infiltração, me disseram. Embora o Alternative für Deutschland sem dúvida tenha tentado se juntar aos protestos, os agricultores rejeitaram suas investidas constrangedoras, o que é ainda mais improvável de dar certo, considerando a oposição anterior do partido aos subsídios agrícolas.
Embora os agricultores estejam longe de ser o covil de “extremistas”, como Scholz gostaria que fosse, certamente estão cheios de “raiva” — dele e de sua coalizão. O governo ofereceu concessões aos agricultores no início deste mês, mas isso não impediu os protestos. Quando o ministro das Finanças, Christian Lindner — líder do neoliberal Partido Democrático Livre, a ala mais antissubsídio do governo de coalizão de três partidos —, tentou conversar com os agricultores no dia 15, foi vaiado até descer do palco. Parece que insinuar que seus oponentes são fascistas enquanto simultaneamente tenta negociar com eles não é uma estratégia vencedora. Quem diria?
Cheiro de revolução
Mas essa revolta é também sobre muito mais do que subsídios. Enquanto a Associação de Agricultores Alemães tentou ser gentil — seu presidente, Joachim Rukwied, tentou acalmar a multidão para permitir que Lindner falasse —, os agricultores de base pediam a queda do governo. Como Sabine Beppler-Spahl, correspondente da Spiked na Alemanha, comentou comigo: “As pessoas estão dizendo que o governo não tem legitimidade alguma. E isso é algo bastante novo”.
Entre os manifestantes, há um cheiro de revolução — bem como de salsichões grelhados — no ar. Não uma revolução violenta e de extrema direita, é claro, mas uma revolução pacífica e populista — contra a antidemocracia e as ilusões da elite. Em todo o Ocidente, vemos pessoas que realmente servem à sociedade — os agricultores, os motoristas de caminhão, as pessoas que sabem de onde vêm a comida, o combustível e a eletricidade — começarem a se organizar contra as elites verdes, para lembrar gentilmente seus governantes de que a sociedade não consegue funcionar sem eles. Mesmo na Alemanha — por décadas considerada uma nação pacata, “consensual”, que “não faz populismo” — as pessoas estão fartas. Aqueles que por muito tempo foram ignorados e demonizados, e obrigados a se virar com menos pelo bem do planeta, estão estacionando seus tratores e caminhões no gramado das elites. Que fiquem lá por muito tempo.
Tom Slater é o editor da Spiked.
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E eu que pensava que jumentos só existia aqui, mas a Alemanha tá cheia
Os nossos agricultores precisam seguir o exemplo e sair da inércia, é preciso reagir sim, de qualquer forma senão esses canalhas comunistas irão assumir o poder de vez e matar a população de fome. Os invasores terão de ser rechaçados, recebidos como merecem e não aguardar a “injustiça” a espera de reintasgração de posse.
A nova ordem mundial capitaneada pela maligna e corrupta ONU e suas agências quer: 1-) destruição de toda e qualquer religião e sua substituição pelo Ambientalismo-ecologia. 2-) destruição da família e valores éticos e morais. 3-) criação e doutrinação das crianças pelo Estado – filhos sem pais. 4-) governo mundial. Uma mistura de “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley com “1984” de George Orwell. A solução para toda está gravíssima crise na Europa Ocidental é os eleitores rejeitarem para sempre esta maligna social-democracia e outras esquerdopatias e votarem na CENTRO DIREITA. Não votar na extrema direita jamais. É preciso parar de brigar com Putin e deixar a Rússia e a Ucrânia chegarem a um acordo de paz. E o gás russo voltará para a Europa. Se não fizerem isso vão se ferrar!
Espero que tudo isso leve essa ideologia ESG ao colapso!
Eh verdade, o governo de lá tem favorecido os imigrantes a despeito dos problemas com moradias, alimentação dos cidadãos alemães o Caio o alemão, tem postado diariamente esses problemas..
“*GUARATINGUETÁ SP BR*” #AcordaBrasil – Um DESgoverno. Como diz a Ana Paula *TRANCA A PAUTA*
Torcendo para que esse movimento se transforme em onda e chegue até o Brasil
#AcordaBrasil – *Brasil é AGRO*