— E aí? Como foi de Carnaval?
— Tranquilo.
— Como assim?
— Foi tranquilo. Relax.
— Acho que você não entendeu a minha pergunta.
— Você não me perguntou como foi meu Carnaval?
— Exatamente.
— Então? Foi isso que te respondi.
— Resposta estranha.
— Por quê?
— Porque você disse que foi tranquilo.
— Ué? Qual é o problema? Cada um passa o Carnaval como preferir, certo? Como foi o seu?
— Não foge do assunto.
— Hein?
— Não estamos falando do meu Carnaval. Estamos falando do seu Carnaval.
— Só perguntei sobre o seu pra exemplificar as diferenças de opções.
— As minhas opções não estão em discussão e não podem servir para encobrir a sua desinformação.
— Que desinformação, meu caro?
— Fica calmo. Vamos manter o nível da conversa. Por que esse tema te deixa nervoso? Tem algo a esconder?
— Não estou nervoso. Estou tranquilo.
— Vai insistir nessa versão?
— E eu lá preciso de versão? Que versão, querido?
— A versão da tranquilidade. É a segunda vez que você usa.
— Não é versão. É fato.
— Não teme ser acusado de fake news?
— Por quê?
— Você disse que o seu Carnaval foi tranquilo. Carnaval não é, por definição, uma coisa tranquila.
— Por que eu não posso ter optado por um Carnaval tranquilo?
— Porque aí você não terá optado pelo Carnaval. Terá optado por fugir do Carnaval.
— Interpreta como você quiser.
— Não adianta jogar a responsabilidade pra mim. Seja responsável pelo que diz.
— O que eu tinha a dizer eu já disse.
— Não tem mais nada a declarar? É curioso que você alegue seu direito de ficar em silêncio justamente ao cair em contradição.
— Que contradição, maluco? Vai procurar o que fazer.
— O ódio sempre aparece, mais cedo ou mais tarde, no discurso fascista. Ódio e desinformação andam sempre juntos.
— Qual foi a minha “desinformação”?
— Você sabe muito bem.
— Não sei, não. E, se você não fundamentar a sua acusação, a desinformação será sua.
— Ok. Você disse que o seu Carnaval foi tranquilo. E, de acordo com as normas do idioma, inseridas no arcabouço constitucional à luz do Estado Democrático de Direito, Carnaval é uma manifestação popular associada à alegria, à efusividade, ao extravasamento e até ao alvoroço, jamais à tranquilidade, como você insinua. No cancioneiro popular o Carnaval chega a ser descrito como uma “ofegante epidemia”. Entendeu a gravidade do seu falso testemunho?
— Entendi.
— Que bom. Mas não vamos negar-lhe o direito à defesa. Tem algo mais a declarar?
— Sim.
— Pois não.
— Meu Carnaval foi febril. Uma completa loucura.
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Maravilhoso como sempre
Fiúza, como sempre, pródigo em termos de Sabedoria
Exatamente isso. A maioria a minha volta me abordaria desse jeito. Mas como sou previdente passei o carnaval escondido. Loucura!
Show, Fiuza.
sensacional Fiuza !!
São os jacobinos. Como bem fala Ana Paula Henkel.
Esse é o bate papo de doido
me lembrei do pasquim,,,só que hoje é muito pior, escrever está perigosíssimo, e os que o fazem estando no Brasil merecem nosso respeito pela coragem, e necessitamos MUITO também dos que já estão fora e por isso podem escrever sem se preocupar, principalmente nos EUA, pois nem em outros países dá pra confiar mais, obrigado a todos, ém muit importante ter Oeste e Gazeta para a posteridade, e espero que este período dure pouco, me junto ao xuxu nas rezas, apesar de que se a natureza demorar pode nos colocar num período longo, com direito até a janjita ao invés de xuxu
CARNAVAL festinha do CAPETA e dos LALAUS rsss
Muito bom. Este texto lembra o livro 1984.
Conversas de um deus do Esseteef com um reles mortal.
kkkkkkkkk Sem comentários.
*Revista Oeste – Edição 204* *Parabéns e não abandonem o Brasil* Guilherme Fiúza você é DEZ.
Fiuza voce é demais. Mas acredito que não chegou no ponto final que eu gostaria de chegar. . Eu terminaria com uma bela risada