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Ilustração: Shutterstock
Edição 206

A grande fuga dos investimentos

E mais: o fracasso do Voa Brasil, o equívoco da Petrobras, o pessimismo no comércio e as ilusões de Lula

Carlo Cauti
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Os brasileiros estão enviando mais dinheiro para fora do país. Segundo os dados do balanço de pagamento do setor externo, consolidados pelo Banco Central, em 2023 os brasileiros investiram no exterior US$ 45 bilhões (cerca de R$ 250 bilhões). Uma alta de 12,5% em relação a 2022.

O saldo líquido — diferença entre o dinheiro aplicado e o resgatado de investimentos no exterior — foi de US$ 4,37 bilhões. Em 2022 esse valor tinha sido negativo (ou seja, mais resgates que aplicações) em US$ 142 milhões.

Os números das corretoras brasileiras com operações no exterior mostram que 2023 foi o ano em que o investidor pessoa física descobriu o investimento internacional.

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O Voa Brasil não decola

Conforme esta coluna de Oeste antecipou há mais de um mês, o programa Voa Brasil nunca sairá do papel. Ou melhor, da propaganda do governo federal.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), afirmou que o governo “não tem condições” de oferecer passagens aéreas a R$ 200 para todos.

Segundo Costa Filho, haveria uma “confusão de interpretação sobre o público que será atendido pelo programa Voa Brasil”.

A confusão, na verdade, foi criada por seus antecessores no comando da pasta, Márcio França, que anunciou o programa sem ter combinado com os outros membros do Executivo. Nem mesmo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, não por acaso, chamou a iniciativa de “genialidade”.

Silvio Costa Filho (Republicanos), ministro de Portos e Aeroportos | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Fala menos, Prates

O mercado não gostou nada das declarações do CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, que afirmou que a estatal petrolífera será “mais cautelosa” na distribuição de dividendos.

Os investidores entenderam o recado e começaram a vender ações da empresa, que caíram mais de 5% no dia da fala de Prates.

O presidente explicou que o objetivo é transformar a Petrobras em uma potência de energia renovável. Em dez anos, cerca de metade da receita da empresa viria de energia eólica, solar e combustíveis renováveis. “Os acionistas vão entender”, disse Prates à Bloomberg.

Não entenderam. E a Vale perdeu quase R$ 30 bilhões em valor de mercado em poucas horas.

O presidente Lula e o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, de cujas declarações o mercado não gostou nada ultimamente | Foto: Reprodução/Redes Sociais
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A Vale é do governo?

O presidente Lula não deve ter compreendido que a Vale foi privatizada em 1997. Deve continuar convencido de que a mineradora é obrigada a responder às ordens do governo.

Em entrevista à Rede TV!, Lula declarou que “a Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil. Ela não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então, o que nós queremos é o seguinte: as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É só isso que nós queremos”.

As declarações do presidente da República chegam no meio de uma investida do Executivo para tentar emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da Vale.

A resistência do Conselho de Administração da mineradora em relação ao nome de Mantega não deve ter agradado o petista.

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Light quer negociar…

A Light pediu, mais uma vez, recuperação judicial. A diretoria da empresa elétrica carioca apresentou uma nova proposta para reestruturar uma dívida de R$ 11 bilhões.

O plano prevê o pagamento integral em até 90 dias para os detentores de crédito com valor de até R$ 30 mil. Ou seja, cerca de 60% dos 28 mil credores da empresa. O objetivo é obter o apoio dessa massa de credores para conseguir a renovação da concessão.

A Light precisa manter investimentos e manutenções em seus ativos, para evitar penalizações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

…mas o mercado está desconfiado

Os credores, todavia, reagiram mal à proposta de recuperação judicial. Consideram a proposta impossível de ser aprovada pelos detentores dos maiores créditos.

Mesmo pagando os 28 mil pequenos credores, apenas R$ 300 milhões de dívida seriam pagos. Por isso, os outros credores não apoiaram o projeto.

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Voluntária da pátria

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), quer ajudar a equipe econômica a alcançar o objetivo de déficit primário zero em 2024. Ela apresentou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), um cronograma de revisão dos gastos públicos para este ano.

Entre as propostas está uma possível revisão de gastos de R$ 50,6 bilhões apenas no INSS e no Proagro (programa de auxílio a agricultores prejudicados por fenômenos climáticos), de 2024 a 2026.

Depois de ser atropelada pela nomeação, feita pelo presidente Lula, de Marcio Pochmann no comando do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tebet poderia mais uma vez ser superada pelos eventos. Afinal, Lula chegou a declarar no começo de fevereiro que, se não alcançar déficit zero, “está ótimo também”.

Simone Tebet (MDB) quer ajudar a equipe econômica a alcançar o objetivo de déficit primário zero em 2024 | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Comércio pessimista

Os comerciantes estão mais pessimistas como o futuro. O Índice de Confiança do Comércio (Icom), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1 ponto em fevereiro, para 89,5 pontos, após três altas mensais consecutivas.

A confiança caiu por causa de uma reavaliação nas perspectivas para os próximos meses, cujo índice apresentou resultado negativo em cinco dos seis principais segmentos.

Serviços também

Os empresários do setor de serviços também estão mais pessimistas. Em fevereiro, o Índice de Confiança de Serviços (ICS), também medido pela FGV, recuou 1,5 ponto, para 94,2 pontos.

Uma queda influenciada exclusivamente pela piora das perspectivas dos empresários do setor para os próximos meses.

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Foguete bitcoin

O bitcoin não para de se valorizar. Alcançou o patamar de US$ 57 mil (cerca de R$ 300 mil) pela primeira vez desde o final de 2021. Somente no último mês, a alta acumulada foi de 32%.

A alta foi impulsionada pela demanda dos investidores por ETFs (fundos de índice) e por novas compras de importantes operadores do setor de criptomoedas. Para abril está previsto o halving, evento que reduz pela metade a emissão de bitcoin no mercado, o que contribui para aumentar ainda mais o otimismo com o ativo digital.

O bitcoin não para de se valorizar | Foto: Shutterstock

Leia também “Camarada banqueiro”

5 comentários
  1. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Simone Tebet é uma mala sem alça. O povo sul matogrossense já percebeu e não dará chance a ela. Por isso ela precisa destes cargos sem passar pela eleição aqui ou acolá.

  2. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Não tem que ter empresa estatal nenhuma, só àquelas estratégicas, nem em países com gente correta administrando. E com essa corja de ladrão incompetentes é o caos para o país

  3. James
    James

    Bitcoin “valorizando” trinta e dois por cento significa, que sua própria popularização causará a aceleração dos programas de moeda digital dos países; os ladrões de banco digitais, estão atrás de quem não usa vpn para melhorar a segurança das conexões com a internet; Aumenta mais ainda a expectativa nos grupos de discussão de criptomoedas sobre a importância de preservar o valor econômico da moeda, frente a administradores e governos perdulários que condenam o mercado de futuros, com medidas desastradas e suspeitas para o aluguel de apoiio político, de mercenários que não representam ao povo.
    Halving ? É adrenalina no mercado bitcoin, segurem-se, menos recursoss, signficam alta !
    Uma reportagem sobre a cidade gaúcha de Rolante, seria super bem vinda, é uma cidade que aceita bitcoin em seu comércio local e está atraindo a atenção do mundo, trilegal tchê, a “indiada” está no primeiro mundo!

  4. MNJM
    MNJM

    Tem que seguir o que esse desgoverno quer.
    Rumo ao precipício.

  5. CARLOS ALBERTO DE MORAES
    CARLOS ALBERTO DE MORAES

    Esse é o governo do amor e é da democracia: Tem que pensar igual ao governo, não pode pensar nem ter opinião diferente.

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