“Não é possível você negar um fato. Eles fizeram uma manifestação grande em São Paulo. Mesmo quem não quiser acreditar, é só ver a imagem: é uma manifestação grande” — são palavras do presidente Lula. No entanto, o negacionismo pueril correu solto nas redes sociais. E até na universidade. Na USP, calcularam que a Avenida Paulista cheia, como Lula viu, tinha 185 mil pessoas. Também houve o exagero de jurar que havia 1 milhão de pessoas. Pelo que estudei nas propriedades gerais da matéria, impossível. Se a avenida tem 130 mil metros quadrados, não será possível encaixar quase oito pessoas em cada metro quadrado, pois dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. É a lei da impenetrabilidade, de Newton. Sobre multidões, eu sempre soube que o recorde mundial foi em Seul, na Coreia do Sul, na visita do papa João Paulo II, em 6 de outubro de 1989: 800 mil pessoas. A Avenida Paulista, com suas transversais, foi quase isso. Quem negar, nega seus próprios olhos.
Foi no domingo, dia 25, que um único homem, tal como o papa na Coreia, fez encher a Avenida Paulista como nunca se viu. Até onde os drones e suas câmeras alcançavam, a avenida estava lotada. Como na Coreia, vieram por um líder. E atenderam a seu pedido de paz: não trouxeram uma faixa sequer com insultos a pessoas e instituições. Muitos vieram de longe, a despeito de alguns bloqueios em estradas. Bloqueios pelo medo dos que temem o povo. Mas havia também o bloqueio invisível do medo imposto pelas prisões e condenações pelo 8 de janeiro. Bloquearam até quem não é brasileiro. O jornalista português Sérgio Tavares ficou detido por quatro horas ao chegar para cobrir a Avenida. O episódio serviu para repercutir no mundo a realidade do Brasil sobre liberdade de expressão. A Avenida foi muito eloquente. Ninguém precisaria emitir palavras ou calcular números porque a simples visão da Avenida lotada foi um vozeirão que chegou ao mundo no mesmo dia por via digital e nos jornais do dia seguinte. O potencial de cidadania nela contido foi tão marcante que não precisaria de falas pelos alto-falantes dos carros de som. O que os olhos viram é suficiente para compreender tudo. Ainda assim, oradores falaram. Nenhuma voz partidária. O partido de todos é o Brasil, como estava escrito na camisa do pastor Malafaia. Falou-se de moral e de religião, nas vozes de Michelle e Malafaia.
A Avenida disse que quer paz, justiça sem vingança nem perseguições. Na verdade, pelo seu gigantesco tamanho, ela não disse que apenas quer. Soou como uma exigência
No fim, veio a voz do líder, pregando a conciliação pela anistia, sem vencedores nem vencidos; pregando justiça com isenção, respeitando oportunidades eleitorais a todos da diversidade política. O pastor havia lembrado antes que um juiz havia dito “nós derrotamos o bolsonarismo”. Depois olhou a multidão e percebeu que não precisava retrucar o juiz. A multidão estava ali, nem um pouco derrotada, confirmando seus princípios de liberdades, direito à vida e à propriedade, não às drogas, ao aborto e à ideologia de gênero. A multidão foi à Avenida reafirmar esses princípios. E cantou um juramento: “Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”. Não precisaria mesmo haver fala de ninguém.
Ainda assim o líder pediu anistia, não para quem destruiu o patrimônio do povo, e sim para quem apenas se manifestou, como a Constituição garante. Jogou aos plenários do Congresso o desafio da paz e da conciliação. E, defendendo-se, lembrou que estado de defesa ou estado de sítio estão previstos na parte da Constituição que trata da defesa do Estado e das instituições. Como se sabe, se isso foi cogitado, não foi tentado. Ao mesmo tempo, caminhava pela Avenida um símbolo, aquela senhorinha de 82 anos, Ilda Ferreira de Jesus, com sua Bíblia no braço, aplaudida por todos. Uma Gandhi pelo Estado Democrático de Direito e pelas liberdades.
Foi uma demonstração de força. Pacífica. Reafirmou o que pensa uma parte na nação, a quem o Estado deve servir. A Avenida disse que quer paz, justiça sem vingança nem perseguições. Na verdade, pelo seu gigantesco tamanho, ela não disse que apenas quer. Soou como uma exigência. Não foi um artista popular, um general cheio de canhões, um banqueiro cheio de dinheiro, um demagogo cheio de mentiras, nem mesmo o papa quem combinou esse encontro. Foi um homem simples, sem armas, sem dinheiro, sem dotes artísticos que foi se apresentar, pedindo união por ideais. Pela pátria, pela família, pela moral, pelos direitos, pelas liberdades. Em dias enganosos de hoje, ser seguido nisso pelos voluntários da Paulista lotada parece milagre.
Leia também “A volta do anão”
Alexandre tente localizar FHC e mostre este teu artigo e procure saber se aceitaria ser entrevistado pela Revista Oeste, para nos dizer porque fez o “L”, porque criou a CARTA PELA DEMOCRACIA, porque levou ALCKIMIN a vice presidência do Lula, e o acha da “pequena” DIREITA BRASILEIRA. Com certeza, vaidoso como ninguém, não vai considerar a liderança de Bolsonaro na DIREITA, como ficou demonstrado na Paulista. Pergunte se esqueceu o que CONFESSOU nos seus “diários da presidência”, sobre a PF, IMPRENSA, PT, MST e agregados. Vaidade então, insuperável.
Aos 78 anos pensar que como tucano, admirei essas celebridades tucanas desde a fundação do PSDB até 2019 quando se revelaram maus-caracteres e tudo fizeram para destruir um honesto e competente governo Bolsonaro.
Excelente seu artigo, Alexandre. Chega a nos emocionar.
Alexandre, temos que guardar este seu artigo para as futuras gerações entenderem o que aconteceu neste 25 de fevereiro de 2.024.
Moro em Itajaí/SC, mas tenho parentes em São Paulo e grande SP e todos estavam na Paulista. Minha irmã que mora no Paraná também estava lá. Me senti representado.
Tenho uma neta de 7 anos e um neto de 5 e por eles também canto: “Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil.”
Abaixo a ditadura do STF e TSE e Abaixo a corrupção dos três poderes
Perfeita observação do evento.
Sua visão é emocionante. Foi isso mesmo o que se passou, grande Alexandre.
Parabéns pelo artigo. Digno de emoldurar em um quadro e colocar em todas as salas de aula pelo Brasil.
Muito bom. Pena que tem gente no governo e supremo que continua cega e surda.
Excelente edição, parabéns a vocês profissionais corajosos que, a cada dia, nos mostram que não podemos perder a esperança de que o Brasil vai retomar seu rumo, que a segurança jurídica vai voltar e que essas atrocidades contra a democracia vão ficar apenas nos livros de história, marcando uma triste fase que nós tivemos que enfrentar.
PESSOAL NÃO VAMOS SE ENGANAR !!!
EIS A RAZÃO DA QUEDA DA USP COMO UNIVERSIDADE, A NIVEL MUNDIAL.
DESCONHECEM MATEMATICA !!!
AGEM NA POLITICA !!!!
Mestre Garcia. Sempre preciso. A cada dia fica mais evidente que precisamos urgente do voto impresso.
Alexandre Garcia *FAROL* do jornalismo brasileiro. Parabéns
Não quero colocar água no chope de ninguém, achei muito bom isso, mas… e agora? O que mudou, ou vai mudar? Essa demonstração de apoio vai mudar os rumos do país? Vai mudar o humor do Alexandre de Moraes? O ódio do nove-dedos? Me desculpem os otimistas, mas na minha modesta opinião não é dessa forma que alguma coisa vai mudar no brasil.
não deve mudar muito, mas a medida da temperatura mostrou ao desacovardado stf que a vontade de prender Bolsonaro através das ‘narrativas corretas’ solicitadas pelo encantador de burros deverá demorar… afinal, a temperatura do início do universo demorou 13,8 bilhões de anos para baixar a ponto de existir vida, e a temperatura do povo mostrou que se tentarem prender Bolsonaro vão derreter mais fácil que ferro
Pois é… Tentem?
Acho que prendem sim. Com a Polícia Federal, Forças Armadas a seu lado, e com deputados e senadores bem comprados, prendem fácil.
Só não entendo o motivo da demora.
Entendo seu desanimo como também me sinto desanimado nesta terra tupiniquim mas ai vem um alento que mostra aos usurpadores do poder que a força do povo não deve ser subestimada…….quem sabe na hora H o copo vira…vide a Rússia por exemplo que não queria nem entregar o corpo do opositor do Putin mas devido a protestos o fizeram e ainda embora proibida manifestações essas aconteceram………são sempre fatos que merecem a atenção dos ditadores e aos estagiários de ditadores……..do mais aproveito para mais uma vez parabenizar os brilhantes artigos do Alexandre Garcia. Infelizmente boa parte da nossa imprensa é vendida, covarde, omissa e aproveitadora.