Carta ao Leitor — Edição 207

Quando Oeste nasceu, há quatro anos, todos os envolvidos no projeto sabiam que o caminho não seria fácil. Mas ninguém poderia imaginar que o país viveria tempos tão estranhos.

Naquele momento, o Brasil não fazia parte do vexatório grupo de países que têm presos políticos. Hoje, são mais de cem os brasileiros nessa situação, como mostra Cristyan Costa na reportagem de capa desta edição. Muitos dos supostos vândalos do 8 de janeiro foram condenados a 17 anos de cadeia. Outros tantos, mesmo considerados inocentes, continuam aprisionados a tornozeleiras eletrônicas. Quatro morreram antes da absolvição.

Também não havia interferências notáveis do TSE em duelos nas urnas. A Justiça Eleitoral, uma das jabuticabas brasileiras, costumava agir em casos pontuais. Lidava com uma e outra acusação de fraude, um punhado de denúncias relativas a campanhas antecipadas. Agora, como mostra a reportagem de Loriane Comeli e Thiago Vieira, o tribunal determinou que provedores de internet e plataformas de redes sociais devem tirar do ar qualquer conteúdo considerado “inverídico, gravemente descontextualizado” ou desinformação, sob pena de serem penalizados. Em português claro, é a institucionalização da censura.

Nos últimos dez anos, com as manifestações de rua de 2013, a Operação Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e o desmantelamento do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o gigante parecia enfim ter se erguido do berço esplêndido. Ilusão. Menos de uma década depois, toda a quadrilha voltou à cena do crime.

Frente a essa instabilidade política, jurídica e institucional que paira sobre o Brasil, Oeste precisou buscar uma forma de garantir a sua existência. Foi assim que nasceu a assinatura com dez anos de duração. Para que possamos continuar a levar informação de excelência até você, aconteça o que acontecer. Como não aceitamos um único centavo de dinheiro público, dependemos unicamente dos nossos assinantes.

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Boa leitura.

Branca Nunes

Diretora de Redação