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Cela do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal | Foto: Gláucio Dettmar/Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Edição 207

Esquecidos no cárcere

Uma centena de presos pelo 8 de janeiro continua atrás das grades, sem perspectivas de um julgamento justo. Só a decretação de anistia é capaz de pacificar o país

Cristyan Costa
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Em um ano, muitas coisas acontecem na vida de uma pessoa. Ela pode começar e terminar um curso, ser contratada para trabalhar em alguma empresa, iniciar um relacionamento, quitar dívidas, viajar com a família e sair com amigos, além de idealizar e concretizar inúmeros planos. Doze meses superam inclusive a gestação de um bebê. A rotina no mundo moderno encurtou os dias e acelerou os ponteiros do relógio.

O tempo, contudo, parou para os cerca de cem presos detidos pelo 8 de janeiro em penitenciárias espalhadas pelo Brasil. São pais, mães, avôs e avós enjaulados em celas claustrofóbicas e insalubres, onde os dias parecem intermináveis. A sensação aumenta com a falta de perspectiva de soltura. Nenhum deles sabe direito do que é acusado, qual crime cometeu para permanecer tanto tempo na cadeia num país que solta até bandidos de alto risco, nem quanto tempo permanecerá naquele lugar. 

Pelos sinais que o Supremo Tribunal Federal vem emitindo, o martírio dos inocentes está longe de acabar. Isso porque, nesta semana, o tribunal informou que espera concluir, até abril deste ano, o julgamento dos “executores do golpe de Estado”. Esse é o nome que o STF deu para um dos “quatro núcleos” nos quais dividiu os envolvidos no que seria a trama de ruptura institucional — os outros três são o dos “financiadores”, o dos “autores intelectuais” e o das “autoridades públicas”. Nem o STF sabe ao certo quantas pessoas se enquadram nessa categoria. Da mesma forma, desconhece o número de homens e mulheres, além do local exato onde eles aguardam julgamento.

As condições de vida na Papuda e na Colmeia, penitenciárias masculina e feminina, respectivamente, permanecem tão terríveis quanto eram na chegada dos presos. Há mais de um ano, gente honesta e sem antecedentes criminais tem de lidar com alimentação ruim, banhos gelados em toaletes comunitários, colchões velhos e visitas restritas de familiares, tudo somado à humilhação imposta por carcereiros de esquerda que insistem em atormentá-la. Há também os doentes impedidos de receber tratamento médico adequado ou remédios capazes de amenizar as dores que sentem à medida que as doenças se agravam. O purgatório dos presos ainda não julgados não é diferente daquele em que estão os condenados a penas que chegam a 17 anos. Até o momento, 116 receberam o veredito do STF e cumprirão pena em seu Estado de origem. Caso fossem julgados pelo crime de vandalismo — único crime cometido na capital federal naquele 8 de janeiro —, as penas variariam de seis meses a três anos de detenção. 

Corredor do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal | Foto: Gláucio Dettmar/Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

A vida tem sido um pouco menos dramática para aqueles que desfrutam da “meia liberdade” inaugurada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos no tribunal. Esse tipo de pena inclui o uso de tornozeleira eletrônica e uma série de restrições. Mais de mil pessoas deixaram a penitenciária nessas condições. A maioria perdeu o emprego, o que a sentenciou a viver de “bicos” e da doação de parentes. Para se livrar do martírio, restam três caminhos: 1) assinar um “acordo de não persecução penal” com a Procuradoria-Geral da República (PGR), exclusivo aos detidos no Quartel-General do Exército em Brasília, que prevê a confissão de crimes, o pagamento de multa de quase R$ 10 mil e a participação em um “curso pela democracia”; 2) apostar no resultado dos julgamentos em “lotes” do STF, que até agora não absolveu ninguém; e 3) a morte — destino de quatro manifestantes até agora.

A vítima mais recente foi Eder Jacinto, de 58 anos. Paraense da cidade de Redenção, morreu depois de um acidente em casa. Assim como ele, outros três faleceram sem direito a um julgamento justo. Em 29 de outubro de 2023, Antônio Marques da Silva, que também estava em prisão domiciliar e usava tornozeleira eletrônica, morreu ao sofrer um acidente de trabalho que provocou um traumatismo cranioencefálico grave. No dia 24 de janeiro de 2024, Giovanni Carlos dos Santos, de 46 anos, caiu de uma árvore, em São José dos Campos (SP). Outro caso que ficou marcado foi a morte na Papuda de Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, em 20 de novembro de 2023. O empresário tomava banho de sol na cadeia quando sofreu um mal súbito. Ele estava preso preventivamente havia dez meses.

Eder Jacinto morreu sem direito a um julgamento justo | Foto: Reprodução
Os primeiros presos políticos

Os detidos pelo 8 de janeiro não são os únicos que estão privados da liberdade, por crime de opinião. O primeiro que Moraes mandou para trás das grades foi o então deputado federal Daniel Silveira, em razão de críticas aos ministros do STF, em fevereiro de 2021. Embora tenha conseguido sair provisoriamente por algum tempo, Silveira voltou a ser preso, em virtude de uma condenação de oito anos e nove meses, pelo próprio STF. Os ministros ignoraram inclusive um indulto concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o advogado Paulo Faria, que atua na defesa de Silveira, seu cliente já deveria ter ido para o semiaberto, mas continua isolado porque Moraes não apreciou os pedidos. Pelos cálculos de Faria, Silveira está cumprindo exatos 179 dias a mais do que deveria para conseguir mudar de regime.

Segundo Paola, mulher de Silveira, a rotina do marido em Bangu 8, no Rio de Janeiro, inclui exercícios físicos diários, leitura e cursos na área de Direito oferecidos aos detentos. Além da comida da cadeia, ele come os bolos caseiros feitos por ela. Quando sair, Silveira pretende voltar a trabalhar para reconstruir o patrimônio dilapidado pela Justiça. Só de multas vindas de Moraes em parceria com a PGR, ele precisa pagar mais de R$ 4 milhões. Sem dinheiro nem bens, não tem como quitá-las.

Deputado Daniel Silveira
Deputado Daniel Silveira, preso por ter feito críticas aos ministros do STF | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A situação é semelhante à de Roberto Jefferson, ex-presidente nacional do PTB, preso em regime fechado desde outubro de 2022, quando resistiu a uma operação da PF. Moraes determinou a prisão sob acusação de que Jefferson estaria disseminando discursos de ódio nas redes sociais e “ataques” contra os ministros do STF. Por isso, Jefferson foi enquadrado no inquérito do STF que apura as chamadas “milícias digitais”. Atualmente, ele se encontra no Hospital Samaritano Botafogo, na zona sul do Rio. As visitas têm de ser previamente agendadas e autorizadas por Moraes. Filha de Jefferson, a ex-deputada Cristiane Brasil disse que o pai está com a “saúde estável”, conseguindo se alimentar bem.

Na visita mais recente que fizeram, em novembro do ano passado, Cristiane e seu irmão conversaram com o pai sobre vários assuntos, entre eles a família. Embora estivesse um pouco “esquecido”, Jefferson pareceu interessado em questões de geopolítica e fez perguntas sobre Israel, Portugal e outros países. Em razão das doenças, ele faz fisioterapia e é constantemente monitorado por uma equipe médica num quarto comum, com cama, colchão, travesseiro, lençóis, cobertores, ar-condicionado e água quente no banheiro. A alimentação não é muito diferente daquela servida em unidades de saúde. O ex-presidente nacional do PTB luta contra tumores no pâncreas, nos testículos e no intestino, além de sofrer de diabetes, hipertensão, depressão, insônia e ansiedade.

Apesar de não ter as mesmas doenças de Jefferson, o cacique Serere, outro preso político, tem diabetes tipo 2 e conseguiu exames gratuitos em um consultório que se compadeceu da situação. Os rins dele, contudo, têm apresentado problemas, segundo o advogado Geovane Pessoa. A personalidade de Serere também mudou bastante. Sueli, sua mulher, diz que mal reconheceu o marido nos primeiros dias depois da soltura dele, em 9 de setembro, submetido ao uso de tornozeleira eletrônica. O indígena fica ainda mais ansioso quando se vê impedido de trabalhar como motoboy em Aragarças (GO), pelo limite que o equipamento impõe. Serere tem um pedido da PGR para a retirada da tornozeleira. No entanto, sem apreciação de Moraes. O cacique, sua mulher e os seis filhos vivem da ajuda que recebem na internet. Recentemente, parte da casa da família desabou, em razão das fortes chuvas na região.

Perdão aos inocentes

Uma das bandeiras levantadas pela oposição ao governo Lula neste ano é a anistia aos presos do 8 de janeiro. Desde 2023, o perdão aos inocentes vem sendo discutido a portas fechadas entre deputados e senadores de direita. Para o jurista Adilson Dallari, trata-se de uma forma de resolver pacificamente uma questão social de difícil solução. “Todos saem ganhando”, constatou o especialista, ao incluir nesse rol também as autoridades do Poder Judiciário que condenaram essas pessoas ilegalmente, pois entregariam nas mãos do Legislativo a tarefa que provavelmente não fariam. “O perdão é o único instrumento capaz de devolver a essas pessoas a justiça e a integridade dos direitos individuais”, acrescentou o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), autor de um projeto de lei (PL) para dar liberdade aos presos enjaulados pelo 8 de janeiro.

Em 25 de fevereiro de 2024, o país ouviu o som do grito preso na garganta dos 750 mil brasileiros que participaram do ato pela democracia na Avenida Paulista, em São Paulo. Entre outras coisas, eles pediam a anistia para os presos políticos brasileiros

Concessões de anistia para solucionar problemas políticos marcaram a história do Brasil. As mais simbólicas ocorreram no pós-Era Vargas e na década de 1970, no período em que o regime militar caminhava para o fim e buscava-se resolver a questão dos presos políticos e exilados. No artigo “O rancor dos velhos pecadores” (edição 201 de Oeste), o jornalista Augusto Nunes rememorou esse momento histórico. “Em 1979, o regime militar liquidara a oposição armada, mas o Estado de Direito era ainda um brilho nos olhos dos democratas”, observou Nunes.

“O AI-5 fora revogado no fim do ano anterior, mas os governadores haviam sido indicados pelo governo federal, e só dez anos mais tarde o presidente da República voltaria a ser eleito pelo voto direto. Ainda assim, a anistia foi um avanço e tanto. Centenas de exilados foram festivamente recebidos no Aeroporto do Galeão, a libertação dos 53 condenados pela Justiça Militar esvaziou as celas antes atulhadas de sobreviventes da luta armada, as tensões se abrandaram imediatamente. Só continuaram zangados os militantes que em 1980 se reagrupariam no PT — e zangados continuariam.”

Atualmente, tramitam no Congresso Nacional cinco PLs que tratam desse benefício. Entre eles o do deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), além de uma Proposta de Emenda à Constituição do senador Márcio Bittar (União Brasil-AC). Uma das propostas mais conhecidas é a de Mourão. O PL do general obteve o apoio de mais de 500 mil pessoas em uma consulta pública do Senado, ainda aberta para qualquer pessoa votar a favor ou contra o texto.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Ibsen Pinheiro (MDB-RS), que comandou a sessão que encurtou a temporada de Fernando Collor no Palácio do Planalto, dizia que o Parlamento faz o que o povo quer, basta que a população deixe claro nas ruas a sua reivindicação. Em 25 de fevereiro de 2024, o país ouviu o som do grito preso na garganta dos 750 mil brasileiros que participaram do ato pela democracia na Avenida Paulista, em São Paulo. Entre outras coisas, eles pediam a anistia para os presos políticos brasileiros. Cabe aos congressistas ouvir a voz de quem os colocou no poder.

manifestação de bolsonaro
Ato pela democracia, na Avenida Paulista, convocado por Jair Bolsonaro (25/2/2024) | Foto: Revista Oeste

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35 comentários
  1. Paulo César da Conceição
    Paulo César da Conceição

    Enquanto o jornalista faz um belo texto como este, bem claro, pra que todos entendam o que está ocorrendo no país. Aparece figuras nefastas dando um deslike no texto. Só pode ser um canhota, que está aqui pra aprender algo de bom.

  2. CARLOS GUEDES
    CARLOS GUEDES

    Enquanto essa figura sórdida – Alexandre o Amoral – permanecer à frente desse caso inventado por ele, esqueçamos JUSTIÇA. É apenas um crápula que usa de seu espírito vingativo para auto promoção e retenção de um poder que nunca lhe foi outorgado. Em qualquer pais democrata do mundo uma figura como ele jamais teria chegado ao cargo que lhe foi presenteado, mas se tivesse chegado, já teria sido banido pelo constante desrespeito aos Direitos Básicos dos cIdadãos, à Constituição, e a todo ordenamento jurídico vigente.Um pulha fantasiado de juiz.

  3. Conceicao Santiago
    Conceicao Santiago

    Permanecer preso por qualquer tempo de forma injusta, ilegal e inconstitucional sem dúvida levará a manifestação de doenças crônicas, mesmo que não se manifeste clinicamente, estarão dizimando o emocional desses injustiçados, o Estado Brasileiro deverá pagar por isso, pois é o tesponsável, uma vez que os agrntrs do judiciário são fincionários publicos

  4. FERNANDO ROBERTO MEDINA INFORSATO
    FERNANDO ROBERTO MEDINA INFORSATO

    Excelente matéria…..parabéns!!!

  5. Paulo Kubota
    Paulo Kubota

    O que mais esses senadores e deputados precisam para dar celeridade ao projeto de amistia aos que estão penando por 8/1? Na Paulista foram “750.000” (na real foi muito mais)?

  6. Tamar
    Tamar

    Tenho muita vergonha do meu País

  7. José Luís Carini Marques de almeida
    José Luís Carini Marques de almeida

    Brasil virou um bordel

  8. KATIA CHRISTINA LIMA SOARES
    KATIA CHRISTINA LIMA SOARES

    O POVO É A FORÇA QUE PODE MUDAR TUDO…..MAIS UMA VEZ A BOMBA SOBRA PARA OS PATRIOTAS RESOLVEREM…..A DIREITA TEM MUITO A APRENDER AINDA…

  9. Daniele Mendes Neves Gonzaga
    Daniele Mendes Neves Gonzaga

    Engraçado que anistia para quem sequestrou, roubou banco, aterrorizou o país em nome da “democracia”, aí pode né? E ainda por cima viviam exilados na Europa! Agora, para as pessoas, presas sem o devido processo legal, muitos nada fizeram, nem lá estavam, aí não pode. Eu aposto que se essa situação tivesse acontecido com a esquerda, já estariam todos soltos.

  10. James
    James

    Querem ver essa “anistia” sair rapidinho ?
    Milhões de brasileiros vestidos de PALHAÇO, nas portas de todas as assembléias legislativas ESTADUAIS!
    Em claro protesto contra o CONGRESSO NACIONAL, que foi COVARDE em defender o que está preconizado na CONSTITUIÇÃO FEDERAL, voto secreto e apuração pública ! Se curvaram para um único homem qye disse :
    “ELEIÇÃO NÃO SE VENCE, SE TOMA!
    TÁ GRAVANDO ?”
    COVARDES !
    O povo deve protestar !
    O mundo então rirá da classe parlamentar brasileira , que causa problemas, para vender soluções caríssimas ao povo !
    Autoridades eleitas devem ser vistas como PALHAÇOS se não atenderem às prerrogativas do povo !
    ORGANIZEM-SE !
    ELIMINEM OS INFILTRADOS !
    PROTESTEM !
    Ano de eleição ?
    Povo na rua ?
    Façam a classe política trabalhar !
    NÃO OS REELEJAM !

  11. Sandro Camilo
    Sandro Camilo

    Não adianta mais nada se o povo não parar de uma maneira GERAL(mexer com a economia, que logo irromperá por si só), não consigo enxergar outro meio, só de manifestações nada resolverá com estes parlamentares.

  12. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Parabéns Cristyan pelo belo trabalho, vide na CPI das Ongs.
    Espero que os presos injustamente do 8 de janeiro tenham suas vidas reparadas, e que Alexandre de Moraes pague todos os crimes que vem cometendo.

  13. José Luís da Silva Bastos
    José Luís da Silva Bastos

    Quem vai parar os absurdos do STF?

  14. Marco Aurélio Oliveira De Farias
    Marco Aurélio Oliveira De Farias

    A pergunta é: se fosse alguém do PT, eles votariam dessa forma?
    A sensação é de injustiça e falta de bom senso.
    “O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, na sessão desta quinta-feira (4/03/2023), para anular o decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro que concedeu indulto ao ex-deputado Daniel Silveira, condenado pela Corte a oito anos e nove meses pelos crimes de ameaça ao Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo. Até o momento, há seis votos pela nulidade e dois pela validade do indulto.

    A validade do indulto está sendo analisada em quatro Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs 964, 965, 966 e 967) apresentadas pela Rede Sustentabilidade, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), pelo Cidadania e pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), respectivamente.

    Os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli e a ministra Cármen Lúcia acompanharam a ministra Rosa Weber (relatora) no sentido de que o indulto foi concedido com desvio de finalidade, o que motiva sua nulidade. Para os ministros André Mendonça e Nunes Marques, o ato cumpriu as regras constitucionais e deve ter sua validade mantida. O julgamento prosseguirá na próxima quarta-feira, com os votos dos ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes.

    Política eleitoreira
    Para o ministro Alexandre de Moraes, o indulto a Silveira afrontou a separação de Poderes, pois teve como objetivo exclusivo atacar uma decisão do Judiciário. Ele destacou que a justificativa de que a condenação pelo STF teria causado comoção não corresponde à realidade. Segundo o ministro, ao conceder um indulto, o presidente da República deve levar em consideração, entre as hipóteses legais e moralmente admissíveis, a mais adequada para o interesse público no âmbito da Justiça criminal, e não o que classificou como “política eleitoreira”.

    Interesse público
    O ministro Barroso salientou que, “de forma inusitada”, o decreto foi editado no dia seguinte à condenação, antes mesmo da publicação da sentença. Observou, ainda, que indultos são concedidos por razões humanitárias ou por política de desencarceramento por crimes menos graves. Mas, no caso de Silveira, as justificativas apresentadas para o decreto, contestando o mérito da condenação, demonstram que não havia interesse público. “O presidente julgou o mérito da decisão do Supremo, dele discordou e se arvorou na condição de juiz dos juízes”, afirmou. “Num estado democrático de direito, constitucional, quem diz o sentido e o alcance da Constituição e das leis é o Supremo”.

    Ataques à democracia
    Para o ministro Dias Toffoli, atos atentatórios à democracia e ao estado democrático de direito não podem ser objeto de indulto. Em sua opinião, os crimes cometidos por Silveira, com ataques diretos ao Supremo, foram um embrião dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

    Filtros de controle
    O ministro Edson Fachin ressaltou a existência de filtros de controle abrangendo a finalidade e a moralidade dos atos, inclusive os discricionários do chefe do Executivo. Segundo ele, o indulto deve ser coerente com finalidades humanitárias ou de interesse público, o que não ocorreu nesse caso.

    Arbitrariedade
    Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia argumentou que o indulto não pode ser instrumento de impunidade nem uma mensagem a eventuais detratores da democracia de que podem continuar a praticar crimes, porque o presidente da República poderia editar o perdão. “A discricionariedade foi arrombada por uma arbitrariedade que se demonstra, nesse caso, com finalidades muito espúrias e absolutamente desviantes do que é esse instrumento na Constituição”, concluiu.

    Ato político
    Ao abrir divergência, o ministro André Mendonça considerou que a concessão de indulto é um ato político e, por esse motivo, não é passível de controle pelo Judiciário. Segundo ele, o poder do presidente da República para concedê-lo é limitado unicamente pela proibição constitucional expressa de que o benefício atinja pessoas condenadas por crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e os crimes definidos como hediondos.

    O ministro Nunes Marques também julgou válido o indulto a Silveira. Ele entende que, por ser ato discricionário do presidente da República, sua revisão pelo Judiciário se limita apenas aos casos expressamente previstos na Constituição Federal.”

    Fonte: Site do STF

  15. RICARDO TEIXEIRA DA CRUZ RIOS
    RICARDO TEIXEIRA DA CRUZ RIOS

    O julgamento dos presos do dia 08/01/2023 foi um ato político de perseguição à Direita. Não houve sequer tentativa de golpe. Não havia plano para isso e tudo foi mal investigado. O Ministro da Justiça, naquela época, Flávio Dino, viu tudo da janela do Ministério e se negou a entregar para a Polícia Federal as imagens que poderiam ter elucidado o caso. Calou-se. Escudo fiel do PT, não haverá anistia alguma para ninguém. Vivemos sob censura e temerosos por nossas vidas. Os 02 (dois) únicos Ministros do Supremo Tribunal Federal que julgaram corretamente as pessoas envolvidas naquele dia foram Nunes Marques e André Mendonça.

  16. OTNIP M. IAVI
    OTNIP M. IAVI

    A reportagem descreve a essencia da justiça no Brasil, um corrupto e ladrao condenado em 4 instancias com uma pena de 12 anos esta governando o nosso Brasil, simplesmente por causa de um CEP. Incrivel como em um pais pragado de gente formada em direito, milhares de juizes, desembargadores …….. o silencio é ensurdecedor. “” ENTENDI UMA COISA, QUALQUER ELEMENTO QUE ESTA NO STF PODERA DESTRUIR AS NOSSAS VIDAS, COM MULTA, PENITENCIARIA, DEPOIMENTOS NA PF DO LULA ……””” Vamos aceitar que doi menos ESTAMOS EM UM DITADURA SOCIALISTA COMUNISTA E PONTO FINAL, NAO IRA DEMORAR MUITO E VAO COMEÇAR A DESAPARECER AS PESSOAS, E TODAS AS OUTRAS MISERIAS QUE ESTAO RELATADAS NO LIVRO NEGRO DO COMUNISMO.

  17. Edgar Ferreira
    Edgar Ferreira

    Aonde estão Ana Priscila e o cidadão que quebrou o relógio histórico. Esses, sim, devem ser responsabilizados.

  18. Teresa Guzzo
    Teresa Guzzo

    Hoje meu primeiro comentário na Revista Oeste vai para Cristyan Costa, medalha de ouro pelo excelente artigo e trabalho brilhante prestado a todos que fazem a leitura semanal da Oeste. Não há o que acrescentar, apenas enfatizo que a tortura e o tempo perdido nessas prisões injustas deixam marcas e sequelas irreparáveis na vida desses cidadãos e suas famílias. Não existe perdão que amenize o sofrimento vivido. Parabéns Cristyan.

    1. Cristyan Costa

      Cara Teresa, obrigado pelo elogio e por me brindar com seus comentários. Abração

  19. Maria do Rosario de Castro Solla
    Maria do Rosario de Castro Solla

    O artigo eh otimo, pra variar muito bem escrito. porem eu chorei do começo ao fim. Estou com 72 anos, sou medica, na minha vida vi muitas tristezas mas vi tambem muita alegria, bondade e amor. Mas ate o dia 8 de janeiro de 2023 nunca tinha visto tanta maldade pura vindo de um homem. Que Deus tenha piedade da alma de AM.

  20. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    O correto não é anistia, se as prisões são ilegais, se tudo fora feito pelo próprio governo que não passa de uma infâmia junto com essa justiça. Não tem que engendrar burocracia, sabemos que são ladrões bandidos fora da lei e estão no poder pela fraude, estão cometendo os piores crimes que uma nação pode sofrer. Prisão perpétua, exílio e fuzilamento

  21. Antonio Carlos Neves
    Antonio Carlos Neves

    Sr. Alckimin, será mesmo cristão o atual ministro do STF Flavio Dino que mesmo podendo não impediu aquela farsa do 8 de janeiro e sumiu com gravações de câmeras do Palácio da Justiça? O ministro André Mendonça disse no julgamento do primeiro réu dessa armação, que como ex Ministro da Justiça de Bolsonaro, não teria permitido que aquilo acontecesse.
    Pergunto ao Alckimin, sujeito que admirei como ex tucano, de extrema religiosidade católica, conservador e que lamentavelmente se uniu aquele que voltou a “cena do crime”, conforme profetizou no passado, como pode diante de tanto sofrimento de patriotas, democratas e sem antecedentes criminais, humilhados e condenados severamente até 17 anos em última instância, tão ardoroso cristão Alckimin dizer do altar da missa em homenagem a nomeação de Flavio Dino ao STF: “QUIS O DESTINO QUE FLAVIO DINO FOSSE O MINISTRO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA NA HORA CERTA E NO MOMENTO CERTO PARA AJUDAR A SALVAR A DEMOCRACIA E EVITAR O GOLPISMO”????
    Aos 78 anos e como ex tucano sinto vergonha ter admirado essa cambada de enganadores do PSDB, que tanto lutaram pelo VOTO IMPRESSO quando perderam as eleições para Dilma.

  22. Célio Antônio Carvalho
    Célio Antônio Carvalho

    Parabéns garoto, jovem e muito bom repórter CRISTYAN COSTA! Deve ser sim muito honrado fazer essa Revista Oeste com esses Jornalistas capitaneados por J. R. GUZZO e AUGUSTO NUNES!
    Essa CAPA faz a gente chorar! Sim. Eu tenho 62.5 anos de idade, jamais imaginei que voltaria a ver uma Capa tão contundente, triste para a “democracia” brasileira.
    Quem diria que em pleno século XXI estaríamos aqui aflitos, consternados com um momento sombrio assim, tendo de pedir ANISTIA a quem não cometeu crime algum!
    É sim muito lamentável sob todos os aspectos: moral, familiar, político, justiça, enfim, o momento é único, singular e surreal.
    Obrigado OESTE! A sexta-feira é o melhor dia da semana, felizmente!

    1. Cristyan Costa

      Obrigado, caro Célio Carvalho. Continue conosco. Abração

  23. MARCO ANTONIO CARDOSO VILARINHO
    MARCO ANTONIO CARDOSO VILARINHO

    O grande culpado disto tudo é o Congresso Nacional. Apequenou-se, vendeu-se e permitiu que o Judiciário tomasse conta. Pode-se até dar nomes aos bois, mas é a maioria dos políticos. Pensam em si. Meia dúzia tem espírito público.

  24. Maki K
    Maki K

    Parabéns pelo texto. Artigos assim que não são cometados no dia-dia no Oeste Sem Filtro deveriam prevalecer na Revista.

    1. Cristyan Costa

      Gratíssimo, Maki K. Abração

  25. MNJM
    MNJM

    Parabéns pelo texto. Pior é saber que o governo foi omisso e nada fez p evitar a , deixou acontecer p ter capital político. Quem tem os neurônios em perfeita atividade , sabe muito bem da armação, porém temos um ditador no STF que muito mal faz ao povo brasileiro. Seu autoritarismo, não cumpre as leis um verme q prende, tortura? até deixa morrer na cadeia. Para quem não tem laços com esses presos já é revoltante imagino a família o ódio q deve ter do tirano. A justiça divina tarda, porém não falha, o castigo será do tamanho da sua canalhice.

  26. Joao Pita Canettieri
    Joao Pita Canettieri

    *GUARATINGUETÁ SP Terra de Frei Galvão, Presidente Rodrigues Alves, Dr. Zerbini, Dilermando Reis, Visconde de Guaratinguetá e outros. Agora temos o JOÃO de Guaratinguetá preso em Brasília* *08.01.23*

  27. Joao Pita Canettieri
    Joao Pita Canettieri

    *GUARATINGUETÁ SP Terra de Frei Galvão, Presidente Rodrigues Alves, Dr. Zerbini, Dilermando Reis, Visconde de Guaratinguetá e outros. Agora temos o JOÃO de Guaratinguetá preso em Brasília* *08.01.23*

  28. Joao Pita Canettieri
    Joao Pita Canettieri

    *GUARATINGUETÁ SP Terra de Frei Galvão, Presidente Rodrigues Alves, Dr. Zerbini, Dilermando Reis, Visconde de Guaratinguetá e outros. Agora temos o JOÃO de Guaratinguetá preso em Brasília* *08.01.23*

  29. Ricardo Leite de Sousa
    Ricardo Leite de Sousa

    Quando terminará o autoritarismo, o excesso de poder, o abuso de autoridade, o ataque e o enfraquecimento da Democracia e os crimes do STF?

  30. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    As instituições nacionais foram transformadas em um gigantesco manicômio e seu diretor clínico é o STF.
    Qualquer brasileiro com um mínimo de lucidez que tenha lido as duas primeiras páginas da Constituição Federal chegará à conclusão que está tudo de ponta cabeça.
    Decisões monocráticas, arbitrárias, à margem da lei, sem acusação formal, sem processo legal, sem direito a ampla defesa, onde o principal ator é vítima, delegado, investigador, promotor e juiz da causa.
    Nem o regime militar 1964-1985 ousou ir tão longe em suas decisões.

    1. Raceldon Valentim
      Raceldon Valentim

      E a OAB, a maior parte dessa imprensa VENAL brasileira se cala diante de tanta ILEGALIDADE, o cidadão brasileiro tem que fazer um esforço hercúleo para se manter honesto.

    2. Célio Antônio Carvalho
      Célio Antônio Carvalho

      É isso mesmo meu caro Donizete Lourenço.
      Eu me lembro bem do P. C. Farias, o tesoureiro do F. Collor. Ele dizia assim: “justiça? O seu preço está no canhoto do meu talão de cheques”!
      E pelo jeito nada mudou, como diria o Léo Jaime, tampouco mudará pelos próximos 500 anos! Sim, precisaremos de mais cinco, seis, talvez mais gerações para expurgar tudo isso aí! E olhe lá! Pelo andar da carruagem……….

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