Na agricultura brasileira a regra é produzir ao mesmo tempo que se preservam — e até se regeneram — biomas. Quem não segue a regra recebe multas e pode responder por crimes ambientais.
Do outro lado do Atlântico, os agricultores da União Europeia têm de plantar e colher seguindo regras bem mais brandas. Ainda assim, nas principais capitais do velho mundo não faltam críticas, infundadas, à agricultura brasileira.
Os burocratas europeus bolaram o “Green Deal”: um plano para tornar a economia local “mais verde”. A proposta inclui a criação de regras para o cultivo da terra. Os agricultores locais não gostaram e tomaram as ruas por acharem a coisa toda inviável. O agro do Brasil, apesar de toda a propaganda contra ele, construiu o caminho tão desejado em todo o mundo: plantar preservando.
Ao mesmo tempo, o presidente francês Emmanuel Macron tenta impedir o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e o bloco europeu. Ele teme a concorrência. Os resultados brasileiros dos cuidados com a preservação do meio ambiente deixam claros os motivos desse temor.
Rodrigo Justus, Consultor de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), explica: nas fazendas europeias não existe a reserva legal — ou seja, a área da propriedade que o produtor rural tem de manter intacta, com a vegetação nativa. Ao mesmo tempo, no Brasil, a lei determina a preservação de 20% a 80% da propriedade rural, dependendo do bioma.
Justus afirma, ainda, que o sistema aplicado à agricultura europeia é o mesmo desde 1962. “Eles decidiram que era preciso produzir na maior extensão de área possível e a baixo custo”, afirma.
O consultor ambiental informa que a principal restrição prevista nas regras europeias é deixar 4% da propriedade livre das culturas anuais, como soja, milho e cevada. “Não quer dizer que o agricultor não possa cultivar nada nesses lugares”, diz.
Na prática, essa parte da terra segue produzindo. O uso para pastagens e culturas perenes — como laranja, limão, uva e café — está liberado. Além disso, o dono pode plantar o que quiser nos 96% restantes.
Entre as outras diferenças gritantes, destaca-se a distância permitida das plantações para os rios. São dois metros na Europa. No Brasil, de 30 a 250 metros. “Os europeus podem usar defensivos agrícolas a dois metros do rio”, lembra Justus. “Não é por acaso que os cursos d’água deles são os mais poluídos do mundo.”
Deixando essa comparação ainda mais desigual, depois da invasão russa à Ucrânia, a União Europeia baixou atos que permitem o desrespeito às suas próprias normas ambientais. A justificativa é o aumento do custo dos alimentos em meio ao conflito.
“É uma ignorância achar que as regras europeias são mais rígidas que as brasileiras”, explica Justus. “Na verdade, lá existe uma guerra dos governos contra as modificações genéticas das plantas. Mas eles mesmos estão revendo e afrouxando essas restrições porque esse é o único jeito de reduzir a aplicação de defensivos sintéticos e aumentar a produtividade sem poluir o solo.”
Segundo o especialista da CNA, hoje a Europa corre o risco de um apagão no abastecimento de água para as populações das cidades. Causa: a quantidade excessiva de esterco usado na agricultura local.
R$ 2,4 trilhões em preservação
Por volta de 66% de todo o território brasileiro é coberto por áreas com mata nativa. Cerca de metade desses biomas — ou seja, 33% do total — está dentro de propriedades agrícolas. Os números são da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa):
Na França, por exemplo, as áreas protegidas não chegam a 30% do total, de acordo com os dados oficiais. Ou seja: o agronegócio brasileiro, sozinho, investe mais em preservação do que o governo francês.
Os finlandeses têm o pior resultado. Por lá, menos de 15% do território é coberto por matas nativas. O melhor número é de Luxemburgo: 55%. O território desse país, porém, é menor que o do município de Cuiabá.
O Brasil também é campeão em tecnologia agrícola. Isso faz com que as técnicas em uso na agricultura local se desenvolvam em alinhamento com a preservação ecológica
Em média, a União Europeia determina a proteção de 26% de seus biomas. Muito menos da metade do que o Brasil consegue e 7 pontos porcentuais abaixo do esforço realizado pelo agro brasileiro — o que custa trilhões de reais ao setor.
De acordo com Gustavo Spadotti, chefe da Embrapa Territorial, as terras que o agro brasileiro dedica à preservação valem R$ 2,4 trilhões. O cálculo foi realizado em 2019, e a cifra equivale a quase 33% do produto interno bruto (PIB) do país naquele ano. Mas o custo para os empresários não cessa aí.
“Caso haja um incêndio ou alguém derrube uma árvore nativa, é o dono da terra que responde por isso”, explica Spadotti. “O bônus fica para o planeta, enquanto todo o ônus vai para o produtor.”
Agricultura de vanguarda
O Brasil também é campeão em tecnologia agrícola. Isso faz com que as técnicas em uso na agricultura local se desenvolvam em alinhamento com a preservação ecológica. Uma delas é o plantio direto da soja. Ela consiste em semear o grão quando o solo está coberto com os restos orgânicos da safra anterior para os nutrientes serem reaproveitados.
O país também possui outros métodos para reduzir a necessidade de adubos. Um deles é a fixação biológica do nitrogênio. Por meio de bactérias, esse nutriente é extraído do ar e fixado no solo. Isso reduz a necessidade do uso do adubo mineral, que poderia ser levado, acidentalmente, para os cursos de água. Spadotti afirma que essa técnica está em aplicação em 99% das lavouras de soja do país — o carro-chefe do agro nacional.
Além disso, a Embrapa está trabalhando para desenvolver fixadores de nutrientes, como o fósforo. Um deles foi usado em 4 milhões de hectares de milho no ano passado — o equivalente a quase 20% da área nacional dedicada a essa cultura. Outra frente é a dos biodefensivos — produtos naturais que reduzem o uso de defensivos sintéticos.
Um exemplo é o combate à principal praga dos canaviais — a broca da cana-de-açúcar. O controle é realizado por meio de uma espécie de vespa (a cotésia). “As vespas botam os ovos nas lagartas da broca da cana-de-açúcar”, explica Spadotti. “Eles dão origem a novas lagartas, que canibalizam a praga.”
A tecnologia mais moderna de liberação estratégica desse inimigo natural é a utilização de drones. Tudo é feito com a mais alta precisão, apenas onde existe a praga.
Nos cultivos anuais — como os de grãos —, outro exemplo de aplicação dos biodefensivos é o controle biológico com Bacillus thuringiensis. Trata-se de uma bactéria usada no combate à lagarta do cartucho do milho e que também passou a ser aplicada em outras plantas. Atualmente, ela é incorporada geneticamente no vegetal.
“Com a transgenia [técnica de engenharia genética que envolve a transferência artificial de genes entre organismos de diferentes espécies], o gene dessa bactéria foi incorporado a alguns cultivos, como milho, soja e algodão”, explica o chefe da Embrapa Territorial. “Isso os torna mais resistentes às principais lagartas que causam severos danos às folhas, às estruturas reprodutivas e, consequentemente, à produção”.
Em torno de 55% dos agricultores brasileiros adotam técnicas de controle biológico, conforme mostra um levantamento da consultoria McKinsey. Na União Europeia, a proporção não chega à metade disso — atinge 23%.
A verdade é que a União Europeia ainda está na agricultura do século passado. Ela precisa fazer a transição para o novo milênio. Poderia aprender com o Brasil.
Leia também “A revolta dos agricultores”
O Agro brasileiro ganhou corpo e detém a mais avançada tecnologia mundial para seu desenvolvimento porque o setor foi poupado da pior praga que existe: a interferência política.
A EMBRAPA que nasceu em 1973 e até hoje, felizmente, não foi aparelhada.
Paralelamente desbravadores, principalmente do sul do país abriram fronteiras agrícolas e povoados que se transformaram em cidades.
Hoje o estado do Mato Grosso produz mais soja que toda a Argentina, classificando-se como terceiro produtor mundial.
Os agricultores e pecuaristas brasileiros com a Embrapa a empresa de pesquisa agropecuária maior do mundo, não precisa de bloco econômico nenhum, é manter as relações bilaterais e pegar o MST mandar pra Sibéria pra fazer reforma agrária lá já que eles gostam tanto de comunista e Putim também
Parabéns ao agronegócio! Porém o “sistema” lula-esquerda-STF quer arruina-lo. Que seja contido!
Ótimo conteúdo.
Orgulho do agro brasileiro.