“Acredito na diminuição do tamanho do Estado e na austeridade e responsabilidade fiscais”, resumiu o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ao comentar o desempenho do governo Lula 3 desde a posse. “Quando se aplicam essas duas coisas, pode-se fazer muito mais pelo social do que o que estamos vendo neste momento no país.” Segundo Zema, a economia compõe um tripé de fracassos de Lula, que se somam à saúde e à segurança pública. “É uma gestão que não pune bandidos com o rigor da lei e trata o criminoso como vítima”, observou.
Sobre 2026, o governador de Minas Gerais não descartou concorrer à Presidência da República, mas disse que está aberto a apoiar outro nome na disputa pelo Planalto daqui a dois anos. Além disso, Zema revelou que trabalha pela eleição de seu vice como sucessor no governo do Estado. “Oito anos não são suficientes para fazer o que queremos”, disse. “Quero expandir os nossos feitos. Minas era um paciente entubado. Hoje, já caminha pelo hospital, mas precisa sair da unidade de saúde para voltar a viver.”
Na entrevista, realizada no começo de agosto, Zema comentou ainda o que pensa sobre o Poder Judiciário, a política externa e o 8 de janeiro. Para ele, a manifestação está mais para vandalismo do que para tentativa de golpe de Estado, e defendeu ainda a volta da normalidade entre os Poderes. “O Judiciário precisa ter coerência, porque, a depender da situação, as leis têm sido interpretadas de forma distinta, o que faz com que o Poder acabe perdendo credibilidade”, constatou. Confira os principais trechos.
Quando o senhor assumiu o governo do Estado, em que situação Minas Gerais se encontrava?
Como um paciente entubado, cujo quadro clínico é severo. Em 2018, pegamos um Estado em situação caótica, com postos de saúde fechados, sobretudo em cidades pequenas, e muitos estabelecimentos com placas de “aluga-se” na porta. De lá para cá, fizemos o que as boas práticas recomendam: reduzimos despesas e, dentro do possível, não aumentamos impostos. Minas deixou a UTI para ser um paciente que consegue andar no hospital. Contudo, precisa agora sair da unidade de saúde e voltar à vida normal. Para ter ideia, só para as prefeituras, devolvemos cerca de R$ 10 bilhões que o governo anterior havia retirado indevidamente. Além disso, estamos quitando aos poucos um saldo em aberto que se arrasta há 15 anos. Hoje, devemos cerca de R$ 160 bilhões à União. Se o governo federal não facilitar o pagamento, Minas e outros Estados vão se tornar inviáveis.
Saindo do âmbito estadual e indo para o federal. Como é que o senhor tem avaliado o desempenho do governo Lula, desde o início até este momento?
Acredito na diminuição do tamanho do Estado e na austeridade e responsabilidade fiscais. Quando se aplicam essas duas coisas, pode-se fazer muito mais pelo social. Penso também que as reformas que tivemos até agora, como a trabalhista e a da Previdência, têm ajudado o país a se manter relativamente estável em um mar revolto. Não podemos esquecer também da autonomia do Banco Central, a qual ajudou a manter as coisas no lugar. O que tenho visto neste governo, contudo, é ruim. Entre as medidas propostas pelo Planalto estão o aumento da arrecadação, a tentativa de controlar a taxa básica de juros na marra e um completo desrespeito pela coisa pública. O país está seguindo o caminho do desastre que vimos em 2014 e que levou o Brasil à maior recessão de sua história, por causa do intervencionismo do Estado em uma seara que não é a dele. Temos um governo com a cabeça estacionada na década de 1960, refém de um discurso socialista e adepto de receitas econômicas que estão condenadas ao fracasso.
Além da economia, quais outras áreas o senhor considera ruins?
O governo vive dando tiro no próprio pé, principalmente quando o assunto é segurança pública e saúde. É uma gestão que não pune bandidos com o rigor da lei e trata o criminoso como vítima. Dessa forma, o cidadão fica ao deus-dará e à mercê do crime. O discurso segundo o qual criminoso é coitado não funciona. E, aqui em Minas, a minha orientação é exatamente o contrário. É criminoso? Responda pelos seus atos. Além disso, recentemente fui informado de que o Ministério da Saúde não vai direcionar recursos a comunidades terapêuticas em todo o país. Ora, isso significa que vamos ter nas ruas mais dependentes químicos sujeitos a quadros de desequilíbrio mental. No fim das contas, o brasileiro é quem realmente perde com isso.
“O que eu entendo ser importante agora é uma direita unida na próxima eleição. Quero somar, e não desunir”
E a política externa? Como fica a imagem do Brasil lá fora quando o assunto é Venezuela?
Para mim, política externa se resume à frase “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. O Brasil tem se distanciado das democracias ocidentais e se aproximado de gente que não é do bem, como no caso da Venezuela. Não é possível ficar em cima do muro quando o resultado de uma eleição foi desrespeitado pelo ditador do país. Esse problema se soma a diversos outros, como a dívida que o país tem conosco. Emprestamos muito dinheiro para a ditadura chavista e, até hoje, não vimos um centavo de retorno. O governo Lula se elegeu na esteira de um discurso “pró-democracia”. Onde está a coerência neste momento? Aos poucos, a verdadeira face do PT vai ficando bem mais clara.
Em 2026, o seu mandato como governador acaba e não há mais chance de reeleição. O senhor pretende disputar a Presidência, o Senado ou outro cargo público?
Daqui para 2026, ainda tem muita água para rolar embaixo da ponte. Há, inclusive, outros bons nomes para a disputa pelo Palácio do Planalto, como os governadores Tarcísio de Freitas [SP], Ronaldo Caiado [GO], Ratinho [PR] e Eduardo Leite [RS], além, é claro, de mim mesmo. Já me pus à disposição deles para essa missão. No entanto, não terei problema nenhum em apoiar outra pessoa que, no futuro, seja mais viável. O que eu entendo ser importante agora é uma direita unida na próxima eleição. Quero somar, e não desunir. Ao mesmo tempo, tenho trabalhado bastante para viabilizar o meu vice, o professor Mateus Simões, como o próximo governador do Estado. O nosso trabalho aqui precisa de mais de oito anos.
O senhor tem recebido críticas nas redes sociais em razão de estar apoiando o mesmo candidato que seu adversário Alexandre Kalil para a Prefeitura de Belo Horizonte. O que aconteceu?
Há 60 dias, o Novo lançou uma candidata, a secretária estadual do Planejamento Luísa Barreto, uma pessoa extremamente competente. Todavia, o partido entendeu que seria melhor se aliar a outro candidato: Mauro Tramonte, que é um comunicador da TV Record e um bom deputado estadual, que pertence ao Republicanos, do ministro Tarcísio e do senador Cleitinho, ambos políticos de direita. Durante a convenção que consagrou Tramonte, o ex-prefeito Kalil, que mudou de partido para o Republicanos, apareceu e foi recebido pelas pessoas no local. Apesar disso, a minha postura a respeito de Kalil continua a mesma. O que tenho visto é gente querendo aproveitar um fato isolado para criar uma imagem negativa ao meu respeito.
O que o senhor acha que a direita precisa aprender com 2022 para não repetir em 2026?
Não se restringir a determinadas pautas. Cito a questão do aborto, por exemplo. Sou contra a interrupção da gravidez. Agora, esse tema, que é da direita, ocupou 80% da atenção da mídia. Muitas vezes, há ainda pessoas que entram nessas questões apenas para ganhar visibilidade. Sou um homem prático, que vem da iniciativa privada e apresenta resultados. Acredito em ações que geram benefícios para as pessoas. Como governador, me preocupo com a geração de empregos, garantir a renda do mineiro e tirar as pessoas que estão abaixo da linha da pobreza. Há alguns assuntos, como o das armas, que têm de ser discutidos no campo correto, que é o Poder Legislativo. Precisamos fazer o brasileiro ganhar mais, ter uma vida melhor. É exatamente nisso que eu acredito para o Brasil.
Faltou união da direita em 2022 contra Lula?
Não tenho uma resposta exata para isso. O que sei é que o esforço não foi suficiente para garantir a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno. De todo modo, tivemos um empate técnico. Temos um Poder Executivo eleito sem maioria e representatividade do país, algo que realmente legitima um governo.
Como o senhor tem visto o papel do Poder Judiciário no Brasil hoje?
É um Poder que, nos últimos anos, tem invadido outras searas e legislado muitas vezes, algo também por causa da omissão do Congresso Nacional. Penso ainda que nosso Judiciário precisa ter coerência porque, a depender da situação, as leis têm sido interpretadas de forma distinta, o que faz com que o Poder acabe perdendo credibilidade. Observo ainda que um crime, quando praticado por alguém, tem de valer para todos igualmente. E não é isso que tenho notado.
O que o senhor pensa sobre o 8 de janeiro?
Antes de mais nada, quero registrar que condeno qualquer ato de depredação e vandalismo. Agora, há uma diferença gritante entre isso e afirmar que aquelas pessoas que estavam lá queriam dar um golpe de Estado. Lembro também que houve uma deficiência muito grande por parte das forças de segurança, que deveriam estar policiando aquele público na Praça dos Três Poderes. Cheguei a responder a um processo na Polícia Federal por dizer que não houve um condicionamento adequado das pessoas. Além disso, até hoje não tivemos acesso aos vídeos do Ministério da Justiça. Ainda há muitas perguntas sem resposta.
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Romeu Zema de família de prósperos empresários em Araxá é a antítese de Rodrigo Pacheco que nem mineiro é.
Ao Brasil é necessário que políticos que ainda sonham com um país mais justo se unam em prol de um projeto único, sob risco da esquerda nunca mais deixar o poder mantidas as atuais circunstâncias.
O maior problema para a nação, ainda é mantido pelo Congresso, e foi eleito por Minas, seu nome é Rodrigo Pacheco.
Concordo com Romeu Zema, a prioridade é fazer o brasileiro ganhar mais.
PSDB é esquerda, governou o país direcionando-o para tal, ludibriou os brasileiros por longos anos, por isso e por tantos fatos ocorridos, que não deve estar na lista de elogios da direita.
Não entendo como a mídia avalia Eduardo Leite como bom gov e sempre falado como candidato a Presidencia da republica. Pegou o gov do RS com dívida de 3 bi sem nada fazer em gestão e trabalho de investimentos.
O objetivo é subir na política. Refém do PT na tragédia das enchentes por aceitar apoio para reeleição do governo, que sempre disse rejeitar. Nada fez para impedir Pimenta de gov extraordinário, agora de pires na mão para Lula .
Dentre os possíveis presidenciaveis que o Zema disse creio que Eduardo Leite é um erro grotesco.
Concordo plenamente
Com toda certeza, tem razão Zema!Umnerro grotesco! Leite nao tem projetos, tem ambição de ascensão política.. o RS sabe a verdadeira intenção.. péssimo
O gaúcho votou mal. Reelegeu o Leite e elegeu o Mourão como senador.
Mourão o ” omisso” . Ficou sempre em cima do muro como vice presidente e agora calado como senador diante dos escândalos do STF. Sumiu, evaporou. Tá difícil para nós gaúchos. Olivios, Genros e Paims sempre estão ” rodeando o osso” . Renovar é a solução. Zema e um bom nome assim como o Tarciso. Tem uns guris na câmara federal também mostrando serviço. É uma esperança…
Sábias palavras do governador Romeu Zema; nele eu acredito
“O mal triunfa sempre…Que os bons não fazem nada” Edmund Burke. Vamos refletir !!!!
Eis uma ótima opção para 2026.