Em 2020, algo profundo mudou no Brasil. Naquele ano, começou uma perseguição que forçou muitos brasileiros a abandonarem o país, não por opção. Mas para preservar a vida, a família e a liberdade.
Esses não são relatos de um exílio voluntário, mas de uma fuga forçada. Ser uma voz discordante se tornou um ato de coragem, que cobrou um preço altíssimo. Allan dos Santos, Ludmila Lins Grillo, Monark e Oswaldo Eustáquio são alguns dos nomes que viraram símbolos de uma luta contra a tirania.
O martírio de Oswaldo Eustáquio
Oswaldo Eustáquio, jornalista e uma das figuras mais emblemáticas do exílio político brasileiro, é alvo do novo regime desde junho de 2020. Sua primeira prisão ocorreu por ter denunciado o que acreditava ser uma trama para retirar Jair Bolsonaro da Presidência e devolver o controle ao establishment de esquerda.
A prisão e as subsequentes perseguições, como o espancamento que sofreu na penitenciária, não apenas marcaram seu corpo fisicamente, mas também moldaram sua personalidade. “Sabia que a minha voz era mais importante fora da cadeia do que dentro dela”, diz Eustáquio, referindo-se à decisão de deixar o Brasil depois de prever uma nova prisão. Ele se exilou no Paraguai e, mais tarde, na Espanha.
Adaptar-se à vida fora do Brasil não tem sido fácil. Ele vive com a incerteza de ser extraditado. “Não posso firmar raízes, sempre tenho de me mudar”, afirma, ao revelar que também já procurou asilo político no México.
Sua vida familiar sofreu grandes transformações. A mulher e a filha de Eustáquio permaneceram no Brasil, enquanto o jornalista cuida dos dois filhos menores e enfrenta dificuldades para adaptá-los ao novo ambiente. “Meu filho tem dislexia na fala, e aprender espanhol tem sido uma dificuldade adicional”, explica.
Para sustentar a família, Eustáquio segue trabalhando no setor de reforma e construção. “Vivo de subemprego, busco me manter independente”, diz. “A crise econômica me obriga a ajudar um amigo na construção de estúdios, mas vejo isso como uma oportunidade de criar um ecossistema de comunicação para os brasileiros aqui na Europa.”
A censura tem sido uma constante na vida de Eustáquio. Suas redes sociais foram bloqueadas, as publicações foram censuradas, e até hoje o jornalista vive sob vigilância. “A censura não é apenas no Brasil”, observa. “Mesmo aqui na Espanha tenho enfrentado tentativas de silenciamento por parte de autoridades brasileiras.”
Apesar disso, a vontade de se manter ativo politicamente nunca diminuiu. Hoje, ele se engaja com o partido espanhol Vox e compartilha sua visão sobre a ascensão da direita na Europa e a importância de se manter firme na defesa de suas ideias.
No exílio, Eustáquio também busca apoio internacional para a causa política que defende. Ele foi recebido em eventos importantes da direita europeia, como o “Viva 24”, promovido pelo Vox, e tem se aproximado de representantes do Parlamento Europeu. “Quero que o mundo saiba o que tem acontecido no Brasil”, afirma.
O jornalista planeja se candidatar como deputado para o Congresso da Espanha ou no Parlamento Europeu. “Com o apoio da comunidade latina de direita”, acrescentou.
A resistência de Ludmila Lins Grillo
A história de Eustáquio é apenas uma entre muitas que retratam a realidade dos exilados políticos brasileiros. Ludmila Lins Grillo, uma das vozes mais emblemáticas do Judiciário a se posicionar contra o STF, também vive uma jornada intensa desde que foi forçada ao exílio.
Natural do Rio de Janeiro, Ludmila, ex-juíza de Direito da ativa, teve a carreira interrompida e a vida virada de cabeça para baixo. Ela explica que a decisão de se exilar não foi uma escolha fácil, mas, sem dúvida, estratégica para salvar sua integridade física e proteger seu patrimônio.
Ludmila explica que a aposentadoria compulsória ocorreu pouco tempo depois do seu afastamento da Justiça de Minas Gerais. “Fui aposentada compulsoriamente depois do afastamento inicial e, ainda assim, não pude contar que estava no exílio”, revela. “Mantive tudo em segredo, todas as minhas redes sociais foram bloqueadas, vendi meus bens no Brasil e trouxe o patrimônio para os Estados Unidos. Depois, consegui revelar minha situação em uma live, no começo de 2024.”
Durante o período inicial de exílio, Ludmila trabalhou por videoconferência e utilizou os sistemas digitais do Judiciário para continuar sua atuação como juíza, mesmo fisicamente distante. “A principal preocupação era preservar minha sobrevivência financeira e minha segurança”, conta, referindo-se ao bloqueio judicial de suas contas e à retirada de sua capacidade de movimentar bens no Brasil. “O regime agiu de forma implacável, confiscou minha aposentadoria imediatamente. Mas ao menos consegui salvar meu patrimônio.”
Com a mudança para os Estados Unidos, Ludmila se reinventou. A ex-juíza agora é educadora e influenciadora, com duas frentes de trabalho ativas. Ela mantém um canal no YouTube, chamado TV Injustiça, em que analisa as decisões judiciais mais polêmicas e injustas do Brasil. Lá, oferece ao público uma explicação jurídica acessível.
Seu curso semanal, o Clube Super Acadêmicos, também têm ganhado destaque. Nele, Ludmila compartilha análises sobre temas jurídicos que dominam o noticiário, como decisões do Supremo Tribunal Federal.
Monark, o cancelado
Bruno Aiub, conhecido como Monark, famoso por ser um dos fundadores do Flow Podcast, também está no grupo de exilados brasileiros. Ele tem sido uma figura polêmica e, ao mesmo tempo, admirada por muitos no Brasil — especialmente entre aqueles que defendem a liberdade de expressão. No entanto, também enfrentou intensas perseguições, cancelamentos e ataques midiáticos.
“Sabia que estava sendo perseguido”, diz Monark, ao comentar os ataques que sofreu. “Quando estava no Flow, começaram a me cancelar. A campanha era orquestrada em sua maioria por grupos de esquerda nas redes sociais. No Twitter/X, por exemplo, a turma bombardeava as marcas para que me cancelassem. Inicialmente, não funcionou. Mas depois aumentaram a aposta.”
De acordo com Monark, a estratégia foi intensificada pela pressão da Globo e de outros influenciadores que estavam no mainstream da mídia. Ele lembra com frustração que a emissora, ao perceber o impacto crescente do Flow, passou a tratar o podcast como uma ameaça ao monopólio da mídia tradicional.
Monark explica que o ponto crítico se deu em fevereiro de 2022, quando ele fez um comentário no Flow sobre a liberdade de expressão. Na ocasião, defendeu a existência de todos os grupos políticos, até mesmo os nazistas.
“O que falei não foi de forma alguma para incitar a violência, era apenas uma defesa da liberdade de expressão”, argumenta. “Pegaram isso e começaram a me chamar de nazista.” Esse episódio não apenas gerou uma campanha maciça contra Monark nas redes sociais, mas também teve repercussões internacionais. “Foi uma operação de difamação mundial”, diz o influenciador. “Foi noticiado no New York Times, no ‘Jornal Nacional’ de Israel. Fui rotulado de nazista, sem ter nenhuma relação com isso.”
Ele também menciona as dificuldades em continuar a trabalhar desde que suas redes sociais foram bloqueadas no Brasil. “Meu YouTube, Instagram e Twitter estão bloqueados”, lamenta. “Isso é um grande desafio, porque, mesmo que eu queira produzir conteúdo, é impossível. As minhas contas bancárias também foram congeladas. Então, basicamente, estou meio que desempregado.”
Monark conta que ainda recebe uma mesada do Flow, referente a um acordo de venda de seu antigo canal, mas está num limbo profissional, sem poder gerar conteúdo de forma plena.
Em relação à vida no exterior, Monark conta que atualmente vive de forma tranquila na Flórida, onde está isolado em uma área rural. Ele admite que a saudade do Brasil é um peso constante. “Fico com saudades da minha família e dos meus amigos, mas a maioria deles me abandonou por conta da perseguição”, revela.
O drama de Allan dos Santos
Allan dos Santos, jornalista e criador do canal Terça Livre, tem sido uma das figuras mais perseguidas pelo sistema político brasileiro. A censura teve início quando o jornalista e sua equipe passaram a denunciar as práticas de figuras poderosas de Brasília.
“A perseguição começou quando fizemos a denúncia de uma reunião entre ministros e políticos”, conta Allan, ao citar nomes como Davi Alcolumbre, Luís Roberto Barroso e Rodrigo Maia. “Isso levou à primeira busca e apreensão em minha casa. A denúncia foi crucial para o começo das ações contra mim.”
Allan recorda que não foi apenas a perseguição política que o afetou, mas também as ameaças de morte, que se tornaram cada vez mais graves. Foi nessa época que ele decidiu se mudar de Monte Belo do Sul, no Rio Grande do Sul, para Brasília, na expectativa de que a situação pudesse melhorar. Mas as ameaças pioraram.
A virada no caso de Allan ocorreu no dia em que a Polícia Federal invadiu sua casa, em maio de 2020. “Foi um show de horror”, relembra. “Você imagina que, ao fugir de criminosos, quem vai te fazer mal é a polícia, que você sempre defendeu? O Estado se tornou o agente do terror que eu temia vir de criminosos.” Esse episódio fez com que Allan se visse forçado a deixar o Brasil.
Ao mesmo tempo o STF, por meio de Moraes, emitiu uma série de mandados de prisão e busca e apreensão contra o jornalista, com a justificativa de “incentivo ao golpe” e “incitação à violência” nas redes sociais.
Com o aumento da pressão sobre a família, Allan buscou refúgio nos Estados Unidos. O STF, por meio de Moraes, chegou a pedir a extradição de Allan para o Brasil e alegou que o jornalista deveria ser julgado no país por suas publicações e por seu papel na organização de movimentos políticos.
“Eles pediram minha extradição, o que reforçou o sentimento de que o Brasil tem se tornado um Estado autoritário”, disse, ao se referir à impressão que a Justiça brasileira tem deixado em outros países.
No exílio, ele vive uma realidade bem diferente. Recentemente, passou a trabalhar como motorista de aplicativo e entrega. “Hoje, minha rotina está bem corrida”, conta. “Preparo as matérias da Revista Timeline, ajudo no site da Academia Conservadora e também trabalho com aplicativos de entrega e transporte para complementar a renda.”
Quando interpelado sobre o impacto emocional de toda essa perseguição, Allan admite que ainda está em processo de recuperação. “Creio que ainda vou me recuperar de tudo, aos poucos”, afirma. “Ainda me encontro em um estado de transição, porque nada está estável.”
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Ehhhh Alexandre, vc sabe que o seu futuro é tenebroso. Vc há de pagar por todos os crimes que vc vem cometendo.
Infelizmente no Brasil a lei não é mais a Constituição da República. A lei passa a ser o que cada ministro interpreta do que tá escrito nela, apesar de estar escrito na língua oficial do Brasil, o português.
Virou “a lei sou eu” ..ou uma monarquia absolutista com onze reis cada um decidindo normalmente lendo a “capa” do processo.
É uma canalhice de Alexandre de Moraes e todos componentes de sua quadrilha.
Que Allan, Monark, Ludmila e Oswaldo sejam perseverantes na busca pela liberdade.
E a perseguição continua…
Ou o povo toma uma decisão junto com as autoridades e FFAA pra reverter esse processo político e jurídico que estão agindo pelo avesso, onde bandido é cidadão e cidadão é bandido ou vamos virar uma Venezuela continental. É urgente botar para a cadeia o STF TSE STJ MPF CNJ TRE OAB e fuzilamento aos generais e cúpula das FFAA, para o Brasil voltar a ser um país democrático