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John F. Kennedy, em 22 de novembro de 1963, pouco antes de seu assassinato | Foto: Administração Nacional de Arquivos e Registros
Edição 244

Imagem da Semana: o assassinato de JFK

Há 61 anos o mundo presenciou o assassinato do presidente americano John F. Kennedy, ainda envolto por um manto de mistério

Daniela Giorno
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Aviso: este artigo contém detalhes gráficos de assassinato. Alguns leitores podem achar perturbadores.

O controverso assassinato do 35º presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, em uma carreata em Dallas, Texas, ainda assombra a memória de todos aqueles que estavam no local e, também, de todos que viram as fortes imagens divulgadas pelos principais veículos de comunicação do mundo. Muitos conseguem lembrar exatamente onde estavam no fatídico 22 de novembro de 1963, tamanho seu impacto.

JFK, que derrotou Richard Nixon na eleição presidencial de 1960 por uma margem muito pequena, foi a Dallas para dar início à sua campanha de reeleição em 1964. O presidente e a Sra. Kennedy tomaram seus assentos em uma limusine aberta — sentados atrás do governador do Texas, John Connally, e sua mulher, Nellie —, e a comitiva partiu lentamente em procissão pelas ruas de Dallas.

O presidente John F. Kennedy e a primeira-dama, Jacqueline Kennedy, chegam a Love Field, em Dallas, no Texas | Foto: Domínio Público
John Kennedy foi oficialmente declarado morto no Parkland Memorial Hospital, em Dallas, no Texas, em 22 de novembro de 1963 | Foto: Reprodução

Uma multidão aguardava ansiosamente para ver o presidente durante o percurso. Entre eles estava um imigrante russo, Abraham Zapruder, costureiro em Dallas que amava fazer filmes caseiros. Ele começou a registrar o evento com sua câmera de 8 milímetros, quando viu as limusines virando a esquina para a Elm Street, na Dealey Plaza. Sua filmagem silenciosa colorida durou apenas 26,6 segundos e 486 quadros. Para choque e angústia de Zapruder, aquele meio minuto testemunhou o assassinato do presidente, e o costureiro nunca mais se recuperou do que havia gravado.

O imigrante russo Abraham Zapruder filmou o assassinato do presidente americano John Kennedy, em novembro de 1963 | Foto: Arquivo Pessoal
Testemunhas deitam-se no gramado imediatamente após o assassinato do presidente John F. Kennedy. Fotógrafos, incluindo o tenente Thomas M. Atkins (à direita), fotógrafo de cinema da Casa Branca, registram a cena, em Dealey Plaza, em Dallas, no Texas | Foto: Domínio Público

Segundo a investigação instaurada na época, três tiros foram disparados às 12h30. Acredita-se que o primeiro não atingiu a comitiva. O segundo rasgou a garganta do presidente e feriu o governador Connally. O terceiro tiro foi fatal.

A parte do filme de Zapruder que registra o assassinado passou anos sem ter sido lançada. Na época, a revista Life comprou a gravação original por US$ 150 mil. Muitos anos depois, a família voltou a ser dona da gravação. Em 1999, o governo pagou à família Zapruder US$ 16 milhões para preservar o filme no Arquivo Nacional.

O filme se tornou uma das evidências mais importantes do assassinato e é considerado um dos registros mais completos. Mostra claramente a terceira bala explodindo a cabeça do presidente. Jackie Kennedy tenta estancar o sangue de seu marido ferido e, na sequência, sobe na tampa do porta-malas traseiro do carro, em uma atitude desesperada.

Frames do filme de Abraham Zapruder | Foto: The Sixth Floor Museum at Dealey Plaza

Tentativas frenéticas, mas inúteis, de salvar o presidente foram realizadas no Parkland Memorial Hospital. Um padre foi chamado quando os médicos finalmente admitiram o que a maioria dos espectadores relutantemente acreditava desde o início: que JFK já estava morto ao chegar.

Kennedy era um político jovem, com altos índices de aprovação e carismático. Sua morte foi lamentada como uma tragédia por muitas pessoas na América e além. No Brasil, o presidente João Goulart decretou três dias de luto.

Muitas teorias da conspiração pipocaram. Ainda existe gente que não acredita na versão divulgada pela polícia na época, de que o fuzileiro naval Lee Harvey Oswald foi o único assassino do presidente e tinha problemas psiquiátricos. O tiro foi dado acima da rota da procissão, a partir do School Book Depository. Porém, muitos acreditam que Oswald não agiu sozinho, que agências governamentais e nações estrangeiras estavam envolvidas, ou que também havia um segundo atirador nas redondezas.

Lee foi executado saindo da delegacia, na frente da imprensa. Não teve a chance de provar sua inocência, muito menos de pagar pelo crime mais marcante do século.

Como o homem mais poderoso da Terra, supostamente protegido por agentes de primeira linha do Serviço Secreto, poderia ser morto por um solitário, insignificante e descontente indivíduo, de uma janela do sexto andar de um prédio, em direção a um alvo em movimento? Era um fato quase impossível de compreender, e que deu origem a dezenas de teorias da conspiração, muitas das quais persistem até hoje.

A verdade, no entanto, nunca foi revelada. Vários documentos que poderiam esclarecer os fatos ainda são mantidos sob sigilo, e muitos outros foram destruídos.

Cinco meses antes de seu assassinato, quando as relações com a União Soviética ainda estavam tensas, JFK fez um discurso na Universidade Americana, Washington D.C., sobre o assunto da paz mundial. Em retrospecto, suas palavras finais acabariam sendo simbólicas:

“(…) nosso elo comum mais básico é que todos nós habitamos este pequeno planeta. Todos nós respiramos o mesmo ar. Todos nós prezamos o futuro de nossos filhos. E todos nós somos mortais.”

O presidente Lyndon B. Johnson faz o juramento de posse no Air Force One, no Aeroporto de Love Field, em Dallas, no Texas, após o assassinato do presidente John F. Kennedy. Da esquerda para a direita: assessor de imprensa Jack Valenti (na borda do quadro); juíza Sarah T. Hughes (administrando o juramento); representante Albert Thomas (Texas); primeira-dama, Lady Bird Johnson; chefe de Polícia de Dallas, Jesse Curry (rosto parcialmente escondido pela mão levantada do presidente Johnson); presidente Johnson; representante Homer Thornberry (Texas); ex-primeira-dama, Jacqueline Kennedy; representante Jack Brooks (Texas); vice-diretor de Relações Públicas do Peace Corps, Bill Moyers (atrás); médico do presidente Kennedy, almirante Dr. George G. Burkley; assistente especial do presidente Kennedy, Kenneth P. O’Donnell | Foto: Domínio Público

Daniela Giorno é diretora de arte de Oeste e, a cada edição, seleciona uma imagem relevante na semana. São fotografias esteticamente interessantes, clássicas ou que simplesmente merecem ser vistas, revistas ou conhecidas.

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2 comentários
  1. José Antonio Braz Sola
    José Antonio Braz Sola

    Li muito sobre o caso e me lembro onde estava naquele momento:cortando o cabelo,no barbeiro, então com 8 anos de idade.Esse assassinato me mercou muito, razão pela qual já li muitos livros sobre JFK e sua morte.
    Estou convencido de que o Lee Oswald não agiu sozinho, mesmo porque usou uma arma pouco precisa e ele era um atirador mediano, nada mais do que isso.Seria impossível, com aquela arma e sendo um mau atirador, acertar tão rapidamente três tiros como acertou.
    Não tenho dúvida de que havia mais de um atirador.
    Os sucessivos governos dos EUA parece que têm medo de mostrar a verdade, que está bem clara para todos, como comprova o filme mencionado na excelente reportagem.

  2. Marcelo Martins
    Marcelo Martins

    Realmente é algo incrível mesmo um único atirador acertar 3 tiros daquela distância, e com o carro em movimento. Oswald devia ser um exímio atirador. Ou se acredita nisso ou se acredita que houve mais gente que disparou aqueles tiros, numa conspiração para matar o Presidente dos Estados Unidos. Talvez nunca saibamos realmente o que é verdade e o que é mentira, ainda mais com todos esses documentos que foram destruídos, sabe-se lá o porque! A única certeza que temos é que Kennedy repousa no cemitério de Arlington desde então. Tenho desejo, se um dia for possível visitar os Estados Unidos mais uma vez, de conhecer seu túmulo, pois acho que Kennedy foi um dos mais importantes Presidentes que os Estados Unidos já teve. Uma pena ele não ter presenciado o cumprimento de seu desafio, que foi o pouso na Lua em 1969!

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