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Edição 30

A segunda onda de hipocrisia

Em que pesem as comprovações de ineficácia dos lockdowns, enganadores como Emmanuel Macron fingem ter um mapa de bloqueio de contágio

Guilherme Fiuza
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Emmanuel Macron decretou toque de recolher na França contra o coronavírus. Das 21 às 6 horas, ninguém circula. O presidente francês disse que isso é uma medida contra o aumento de casos de covid-19. Só não disse de que forma o seu lockdown noturno vai proteger a saúde da população. E aparentemente ninguém perguntou. Pelo menos ninguém com voz para questionar os critérios da medida. Esse negócio de critério saiu de moda.

Outras ações restritivas estão sendo adotadas por governos europeus, como o da Itália e o da Alemanha. Dizem que chegou a segunda onda. Como a Suécia não adotou restrição alguma, em momento algum, podemos imaginar que os suecos estejam sendo dizimados pela covid, certo? Errado. O país que ignorou por completo o lockdown nem sequer lidera o ranking de óbitos por milhão. Então, onde está a sustentação da medida extrema de trancamento da população?

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Não existe. Em lugar nenhum do planeta. O que existe, e aparece cada vez em maior número, são estudos que mostram que o lockdown não tem resultado no enfrentamento da pandemia. Harvard, Stanford, UCLA, Edimburgo e Toronto são algumas das universidades com levantamentos (não projeções) que cobrem dezenas de países e revelam que as regiões com lockdown mais severo não têm índices de óbitos por coronavírus mais baixos. A Europa está trancando todo mundo de novo por quê?

Ninguém sabe dizer. Onde está o seu lastro científico, Sr. Macron? A medida extrema do toque de recolher, que impõe uma situação de grave exceção à liberdade, está sustentada em quais princípios técnicos? Onde está o laudo que comprova a relação direta do confinamento indiscriminado da população entre 21 e 6 horas com a redução do potencial de contágio — e, sobretudo, com a preservação dos vulneráveis à covid-19? Em que ponto do seu plano está o distanciamento entre os que podem circular durante o dia e os grupos de risco?

Finja que o vírus respeita as fronteiras cenográficas criadas pela falsa empatia

Vamos parar de fazer perguntas retóricas e afirmar com todas as letras: hipócritas como Emmanuel Macron não salvam uma única vida. Fingem ter um mapa de bloqueio de contágio baseados em princípios vagabundos, pueris. Fique em casa. Se puder, fique em casa. Se puder, feche os olhos para a circulação dos transportes públicos, eventualmente aglomerados. Finja que o vírus respeita as fronteiras cenográficas criadas pela falsa empatia. Finja que a covid-19 para obedientemente na porta das quarentenas vips, de onde a burguesia remediada pode ficar chamando o povo de assassino, entre uma live e outra.

O economista Andrew Atkeson, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, liderou um levantamento que analisa 25 Estados dos EUA que adotaram políticas diversas para a pandemia. De novo: nenhum dos governadores que decretaram lockdowns mais severos pode hoje, com mais de sete meses de prática, ostentar níveis inferiores de vítimas da covid-19. Isso já estava prenunciado no famoso (e misteriosamente esquecido) levantamento do Estado de Nova York que mostrava, logo nos primeiros meses de isolamento horizontal, que a larga maioria dos internados na rede hospitalar provinha da quarentena.

Após a publicação da Declaração de Great Barrington, um manifesto com adesão de mais de 6 mil cientistas denunciando a ineficácia do lockdown indiscriminado e propondo formas de proteção focada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, disse que “permitir que um vírus perigoso e ainda não completamente conhecido circule livremente é simplesmente antiético”. A ética de Tedros Adhanom é simplesmente circense. Ele se recusa a permitir que o vírus circule livremente. Olhando-se para o que aconteceu no mundo em 2020, a única conclusão possível é de que o vírus usou a ética de Tedros como prancha de surfe.

Como disse seu colega na OMS David Nabarro, diretor especial para a covid-19, o lockdown é devastador e pode duplicar a pobreza no mundo em um ano. Então, as sociedades precisam decidir — agora — se continuarão hipnotizadas pelos pregadores da falsa ciência ou se irão à luta pela retomada do controle sobre a sua vida e a sua liberdade. Antes que seja tarde demais.

Leia também o artigo “Sociedade esperta, população estúpida”


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7 comentários
  1. Antonio Carlos Almeida Rocha
    Antonio Carlos Almeida Rocha

    são decisões politicas…dobrar a aposta no erro é não ter que admitir que se errou rotundamente nos lockdowns…aqui na Catalunha, onde moro, fecharam bares e restaurantes 2 semanas depois de tê-los abertos…com qual critério? como se comprovou que um só setor foi o causador dos últimos contágios? o que certamente está acontecendo é que não só esse setor sofre, mas leva a reboque o de turismo (quem virá para cá sabendo que não terá onde comer?), empresas aéreas incluídas…e o povo apoia, vítima da lavagem cerebral imposta pela mídia e os partidos/governos de esquerda…

    1. Gilson Waksman
      Gilson Waksman

      Exatamente isto!!!

  2. Érico Borowsky
    Érico Borowsky

    Esse Mácron é um hipócrita !

  3. Marcelo Gurgel
    Marcelo Gurgel

    É o exercício do autoritarismo.

  4. Alberto Santa Cruz Coimbra
    Alberto Santa Cruz Coimbra

    O mais perigoso de tudo é o exercício indiscriminado do poder, por aqueles a quem foi delegada essa possibilidade, sem que houvesse a contrapartida da competência. Assemelha-se à estória do segurança, a quem se diz: “Depois que eu sair, ninguém entra em casa”. Ao voltar da festa, você é impedido de entrar pelo segurança a quem você deu o exercício do poder sem a necessária competência para discernir. Será preciso esperar o turno do trabalho se encerrar, para que você consiga entrar novamente em seus domínios. Tal é o exercício do poder pelos governantes que, jamais se esqueçam, foram eleitos para tal.

  5. Henrique Ribeiro
    Henrique Ribeiro

    Infelizmente o viés politico quando colocado de forma dominante acaba promovendo distorçôes. Em um determinado momento o envolvido não tem mais condições de voltar atraz pois isso significaria admitir todo o passado de erros. Por isso não vejo nenhuma possibilidade de que haja uma mudança dos que optaram com medidas de Isolamento Horizontal ou “lockdown”. Seria necessário uma coregem, uma gradeza que entendo que esses senhores não as possuem.

  6. José Paulo Da Fonseca
    José Paulo Da Fonseca

    Os muçulmanos estão inclusos no lockdown?

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