Pular para o conteúdo
publicidade
Edição 47

A independência do BC e o dinheiro sólido

Para que a inflação não se torne um recurso populista de governos aventureiros, resta apenas a opção de bancos centrais independentes e relativamente blindados de politicagem

Rodrigo Constantino

-

Com a mudança de comando na Câmara, finalmente o projeto de autonomia legal do Banco Central foi votado e aprovado. A medida é desejável e se arrastava havia décadas, pois encontrava resistência nos suspeitos de sempre: os políticos que enxergam na política monetária uma extensão da política fiscal, ou seja, pretendem utilizar as prerrogativas da autoridade central monetária para custear seus projetos políticos, gastando recursos que nem sequer existem e que não querem retirar de forma direta da população por impostos, com receio da impopularidade desse caminho. O “imposto inflacionário”, por ser indireto, é também mais palatável para a classe política.

Foi George Bernard Shaw quem talvez melhor tenha definido o processo inflacionário: “Se os governos desvalorizam a moeda para trair todos os credores, você educadamente chama esse procedimento de inflação”. O risco de falsificar a moeda sempre existiu, e por isso mesmo surgiu a demanda por padrões e selos de governos ou bancos. A falsificação de moeda é uma fraude, que enriquece o fraudador em detrimento do restante dos usuários da moeda. Os primeiros a receber o dinheiro falsificado se beneficiam à custa dos últimos. O governo tem como função justamente evitar tal fraude, punindo com prisão os criminosos. O grande problema é quando o próprio governo adere à prática de “falsificação”, com o respaldo da lei. A invenção do papel-moeda foi um convite tentador para os governos embarcarem nessa nefasta prática inflacionária.

publicidade
publicidade

Newsletter

Seja o primeiro a saber sobre notícias, acontecimentos e eventos semanais no seu e-mail.